11 de maio, de 2025 | 07:00

Olha a fumacinha! A nossa, de raiva

Marli Gonçalves *

Foi a semana que ficamos todos bem atentos à fumacinha saindo da chaminé no Vaticano e que anunciaria o novo Papa, se branca ou preta. Mas nós, brasileiros, temos um recorde maior, o da fumacinha que faz é tempo sai de nossas cabeças fulas da vida com tantos acontecimentos a serem questionados.

Nessas de ficarmos olhando a chaminé por aqui vamos ter de esperar são muitas bençãos para o desejo que sejam devolvidos sem delongas os calculados mais de R$ 6 bilhões referentes a descontos associativos não autorizados, entre 2029 e 2024, lascados em aposentados e pensionistas do INSS, em um dos maiores escândalos dos últimos tempos. Os atingidos foram gente simples em sua imensa maioria; portanto, nada de ficar falando em apps especiais, consultas à internet, que foi justamente por essas pessoas não terem acesso à tecnologia e conhecimento que foram tungadas. É para o governo resolver o problema que já lhe custa também uma crise de confiança pela demora em providências no afastamento dos responsáveis. Paguem. Depois que se virem para que os tungadores, que esperamos ver na cadeia, façam algum ressarcimento - se é que sobrou algum dessa farra.

O escândalo provocou mais trocas de comandos nos ministérios, mas teve uma, além do Carlos Lupi, da Previdência, que passou batida, encolhida em cantos de página, pincelada de morna normalidade. A saída de Cida Gonçalves do Ministério das Mulheres, trocada por Márcia Lopes em gestos rápidos com fotografia amigável. Não se ouviu as críticas que já deveriam estar sendo feitas pela apatia e postura invisível do Ministério em um momento tão e cada vez mais crítico para as mulheres em razão de sucessivas perdas de conquistas sociais duramente obtidas, a violência e alarmante aumento de casos de feminicídios, as constantes derrotas na política e no Legislativo onde parece a Casa da Mãe Joana dando bailes livres diariamente para os “aliados” em troca de apoio, e no qual as nossas questões são ofertadas nas manobras. Temos algum plano, nova Ministra?
“Nessas de ficarmos olhando a chaminé por aqui vamos ter de esperar são muitas bênçãos”


Fumacinha! Eles todos - nos níveis estaduais, municipais e federal - querendo fazer tudo digital, como se todos soubessem – ou mesmo tivessem – celulares, computadores, redes livres, boas, disponíveis, em todos os quintais. Recebemos alertas claros sobre o alto e preocupante nível de analfabetismo funcional, como se normal e esperado, e que pode ajudar a explicar porque não progredimos em muitas áreas. Quem é mesmo o Ministro da Educação? Ah, e o da Comunicação, que andou tomando posse outro dia? Escolhidos pelos partidos que representam, não por conhecimento e capacidade. (Tá bem: chama Camilo Santana, o da Educação; e Frederico de Siqueira Filho, o que assumiu agora a Comunicação). Tem de pesquisar para lembrar.

Fumacinha! Enquanto isso, com uma comitiva de dar gosto, o presidente Lula dá um pulinho lá no outro lado do mundo, na Rússia, para prestigiar o horror, Putin. Lá se encontra, senta-se ao lado, aperta as mãos, janta, sorri e tira foto com a súcia de ditadores, como se tudo bem. Quem sabe se com a sua lábia não consegue acabar com a guerra na Ucrânia? Quem sabe esse bloco “duro” não acaba com a empáfia do Trump e suas taxações? Quem sabe não fechamos negócios com essas caras fechadas à liberdade e à democracia real? Bem, dizem que a Rússia é linda, cheia de locais a visitar em turismo com a esposa.

Fumacinha! Claro que tem mais para, além da fumacinha, espumarmos. Pensa só na área da Saúde. Por aqui, vou contar, fiquei quatro horas na fila do posto de saúde central para tomar a dose da vacina contra covid que só chegou agora. Ora, ora, apenas duas coitadas enfermeiras desnorteadas atendendo uma multidão, na qual, inclusive, olha só, a maioria era de prioritários, idosos e mulheres com bebês de colo, e todos bastante agoniados. Vi pessoas até trocando a senha para ver se conseguiam serem atendidas antes. Olha só onde chegamos.


* Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo. Vive em São Paulo. [email protected] / [email protected]

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