07 de maio, de 2025 | 08:00
Rede colaborativa nasce em Marliéria
Antonio Nahas Júnior *
Marliéria fica logo ali, depois de Timóteo. É um município grande: quase 548 quilômetros quadrados, mais de três vezes a área de Ipatinga. Mas sua população é bem pequena: menos de cinco mil pessoas. Deve seu nome a Guido Marlièri, capitão francês, amigo dos índios, protetor dos botocudos, que construiu sua vida aqui no Vale do Rio Doce, entre os anos 1813 e 1836, deixando uma herança de paz e desenvolvimento econômico.É considerada a entrada do Parque Florestal do Rio Doce, essa maravilha natural que foi idealizada por dom Helvécio, ainda em 1936, que ocupa a maior parte da área do município, que ainda abriga duas APAS (Áreas de Proteção Ambiental): Belém e Jacroá.
Mais ainda: chamou-se inicialmente Nossa Senhora das Dores de Babilônia, pois o primeiro mestre escola da localidade, José Belizário, achava a serra próxima à capela, que era coberta de musgos e bromélias, semelhante aos Jardins suspensos da Babilônia, relíquia que é considerada uma das sete maravilhas do mundo antigo.
E foi ali no mês passado, na Pousada Canto da Dadê, que muita gente importante da região se reuniu para estruturar a Rede Colaborativa do Rio Doce. Doce. Segundo seus organizadores,
"O Encontro de Marliéria teve como objetivo reunir pesquisadores, historiadores, ambientalistas e interessados em geral para refletir sobre a história, realidade atual e perspectivas futuras para a região do Vale do Rio Doce e da Região Metropolitana do Vale do Aço."
O encontro foi organizado por Cesar Luz, mestre em Saúde Pública e morador de Timóteo; Denise Castro Pereira, doutora em Sociologia, proprietária do Canto da Dadê, onde se realizou o evento, e João Costa Aguiar Filho, também doutor em Planejamento Urbano e Regional pela UFRJ e Diretor Jurídico, de Planejamento e Governança da Santa Casa de BH.
O mais importante é a iniciativa, ao vermos figuras tão importantes e cultas da nossa região se mobilizando, de forma espontânea”
Lá, muita coisa ocorreu. No primeiro dia, uma atividade maravilhosa: Cesar Luz, Elizeu Assis e Marcelo Sputnik desceram o Rio Piracicaba, fazendo o resgate histórico da expedição fluvial comandada por Guido Thomas Marlière, ocorrida nos anos 1827-1828, levando equipamentos para instalação de uma usina siderúrgica em João Monlevade. À noite foi exibido o curta metragem premiado de Elizeu Mól "Myself".
E no segundo dia houve palestras importantes e apresentação de vídeos e documentários extraordinários. João Costa nos apresentou dados biográficos de Guido Marlière, destacando seu papel como Diretor Geral dos Índios do Brasil. Mário de Carvalho, diretor da Revista Gerais, apresentou o fruto da sua pesquisa, exibindo mapas interessantíssimos sobre a região do Vale do Rio Doce, cujo povoamento pelos portugueses se deu a partir da expansão da exploração do Ouro ocorrida na região de Ouro Preto e Mariana, ainda no século XVIII.
Os documentários "A Colônia Luxemburguesa"; "Guido Marlière" e tantos outros trouxeram arte e conhecimento a quem por lá esteve. A Rede Colaborativa de Desenvolvimento Ambiental, Econômico e Sociocultural do Rio Doce agora vai se estruturar em busca da sua personalidade jurídica; recursos e na proposição de ações para seus associados. Trata-se de uma fraternidade que conecta amigos, pesquisadores, cientistas, profissionais liberais interessados em contribuir para o Vale do Rio Doce.
E as tarefas já começaram: foram organizados diversos grupos de trabalho, abrangendo os temas Crédito de Carbono; Implantação do Museu; Produção Digital e Publicações Impressas; Material Didático e Ações de Educação, além de um grupo para produção de eventos.
A Rede está iniciando ainda seus trabalhos. Falta dota-la de estrutura organizacional; personalidade jurídica; recursos financeiros e definir mais claramente seu propósito. O Vale do Rio Doce é imenso e muito diversificado. Certamente, após os primeiros passos, seus organizadores deverão definir um programa de ação que busque resultados de médio prazo. Seria importante também buscar parcerias com órgãos governamentais, empresas e entidades de classe. Suas ações terão interfaces e interações com diversos interlocutores e irão interagir com outras semelhantes já em andamento.
Mas o mais importante é a iniciativa, ao vermos figuras tão importantes e cultas da nossa região se mobilizando, de forma espontânea na defesa do Vale do Rio Doce, em busca do bem comum. Isto é o que se chama de "Capital social" - a riqueza da confiança e da reciprocidade que é criada dentro de grupo sociais pela rede de suas relações, como dizem os economistas. Estas conexões constroem a coesão social e ajudam a satisfazer nossas necessidades humanas essenciais em matéria de proteção, participação, lazer e pertencimento. Já me inscrevi em um grupo.
* Economista, empresário. Morador de Ipatinga.
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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Tião Aranha
07 de maio, 2025 | 21:33Esse projeto deveria abarcar uma maior participação dos administradores das escolas públicas da região. Tem muita cultura aí envolvida.”
Iara Saldanha
07 de maio, 2025 | 10:09Parabéns a este grupo que iniciaram uma chamada para o conhecimento e para a realidade necessária a prestarmos mais atenção ao meio ambiente, e, despertando em todos um interesse maior, preservar o meio ambiente”