01 de maio, de 2025 | 08:35
Advogado explica como moradores da região conseguem remédio liberado pela Anvisa para tratar Alzheimer
Por Isabelly Quintão - Repórter Diário do AçoFoi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o medicamento Kisunla, cujo princípio ativo é o donanemabe, desenvolvido para o tratamento da doença de Alzheimer em fase inicial. Em entrevista ao Diário do Aço, o advogado do contencioso cível, com especialização em Direito da Saúde e foco em medicamentos de alto custo e tratamentos médicos de alta complexidade, Rosemberg Dutra de Oliveira, apontou o que os moradores do Vale do Aço podem fazer para ter acesso ao remédio.
A medicação atua diretamente sobre a proteína beta-amiloide, que se acumula de forma anormal no cérebro de pessoas com Alzheimer. Ao reduzir essa proteína, o medicamento desacelera a progressão da condição. Embora não cure Alzheimer, retarda o seu avanço e prolonga a saúde funcional dos pacientes.
Rosemberg pontuou que a aprovação é recente e histórica, alinhada com as decisões de autoridades sanitárias de outros países, como a dos Estados Unidos. Destacou que diante dos resultados positivos e da ausência de terapias realmente eficazes no Brasil, a agência entendeu que os benefícios do tratamento superam os eventuais riscos.
A liberação ocorreu após rigorosa análise técnica da Anvisa, que considerou os resultados de estudos clínicos publicados em revistas científicas internacionais, demonstrando que o Kisunla pode reduzir significativamente o ritmo de declínio cognitivo e funcional em pacientes com Alzheimer em fase inicial”, enfatizou.
Acrescentou que ele é indicado para pacientes com Alzheimer leve ou em estágio inicial, que apresentem evidência confirmada de presença da proteína beta-amiloide no cérebro. O acesso ao remédio, neste momento, depende de prescrição médica especializada e, primeiramente, deve ser solicitado por vias administrativas junto aos planos de saúde ou mesmo perante o Sistema Único de Saúde (SUS) e, em último caso, negado o acesso ao medicamento pleiteado, deve-se recorrer ao Judiciário”, afirmou Rosemberg.
Acesso
Segundo o advogado, os pacientes do Vale do Aço devem, inicialmente, procurar um profissional médico especializado, como um neurologista, para avaliação clínica e diagnóstica. Em seguida, caso haja indicação, o médico poderá prescrever o medicamento.
Devido ao preço do tratamento algo em torno de U$$ 33 mil dólares por ano , a atuação jurídica pode ser indispensável. Afinal, na maioria dos casos, só conseguimos acesso aos medicamentos por meio de ações judiciais, tanto contra planos de saúde quanto contra o SUS, com base no direito constitucional à saúde e nos princípios da integralidade e da equidade do tratamento”, pontuou.
Ele também explicou que, neste momento, o medicamento está disponível apenas na rede privada e em caráter excepcional. O SUS ainda não o incorporou formalmente em seu rol de medicamentos. Entretanto, decisões judiciais podem garantir o fornecimento gratuito com base em laudo médico, prescrição fundamentada e relatórios técnicos. Acredito, particularmente, que o Ministério da Saúde possa abrir um processo de análise de incorporação de fármacos, mas não há como definirmos um prazo”.
Para o especialista, o Kisunla representa uma nova esperança, visto que pode manter por mais tempo a memória, a autonomia, a capacidade de se comunicar, de reconhecer entes queridos e até de fazer atividades básicas. Em uma realidade em que os pacientes são, muitas vezes, negligenciados, esse medicamento pode ser um divisor de águas desde que o acesso seja viabilizado com justiça e responsabilidade. É para isso que trabalhamos”, finalizou.
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