15 de abril, de 2025 | 07:30

O amigo serafino e seu padim dorvino...

Nena de Castro *

DIA, PESSOAL! Encontrei meu amigo Serafino da Cruz na feira do Canaã, no domingo. Cara bom de papo, amigo de muitos anos, ele conversa e dá deliciosas risadas que fazem a gente rir também. Ele dá um gole no caldo de cana e começa a contar: “Meu padim Dorvino da Silva Hiliodoro, que tem umas parecença com Gilberto Gil, tem 82 anos e preceia muito tocá sua viola e cantar. Gosta tombém de escuitá seu radim e ficar a par das notícias do Brasilzão! Ao ouvir certas notícias, exclama: ê danêra, mudou nada não! Isturdia memo fumo visitá o veim e foi uma alegria só: a fia Doralgiana recebeu a gente com um almoço arretado e o frango com ora-pro-nóbis, angu e feijão tava bão dimais.

Depois do armoço, sentemo na varanda e prosiamo com vontade. Doralgiana deu notícia de todos e falou qui tava mei percupada com o pai. - Como assim? – o que qui houve, priguntei afrito. Bão, respondeu ela, o pai tem boa saúde, sempre trabalhou muito e se cuidava; o pobrema é que sempre cantou direitim, mas isturdia começou a cantar as música in pedaço, imendano uma nas outra, eu fiquei sem entendê nadica de nada e no finar ele fala uns trem imbolado. Qué ouvi? - Ô pai, canta aí aquela imbolada pra nóis, disse a dona da casa. Padim Dorvino pegou a viola, tomou um gulim de pinga se ajeitou e começou a cantar: “Eu tenho uma mula preta, com sete parmo de altura, (ai, ai, ai). A mula é descanelada tem uma linda figura, tira fogo na carçada no rampão da ferradura; moça feia e marmanjão, na garupa a mula pula (ai, ai, ai)/Rolinha andou, andou, caiu no laço, embaraçou/A galinha do vizim, bota ovo marelim/Larguei de comprar boiada. Mataram meu companheiro/acabou-se o som da viola/ acabou-se o Chico Mineiro/Sempre que te pregunto se como , quando e donde, tu sempre me respondes, quizás, quizás, quizás/ Fui convidado pro casamento, do Chico Bento com a Chiquinha, eu nunca vi um noivo tão ciumento nem uma noiva tão assanhadinha/Dorme, dorme filhinho, Papai Noel já vem, botar um brinquedinho, ai, no sapatinho do meu bem/ Maria Helena, é tu, a minha inspiração/ Oi, tava na peneira, oi, tava peneirando, oi, tava no namoro, oi tava namorando/Índia da pele morena, tua boca pequena, eu quero beijar/Era um de dentro, outro de fora, agora não é como outrora, no portão ninguém namora. Fiquei espantado com o tanto de músicas que padim cantava. Será que tava caduco? -Padim -priguntei- que imbolada é essa? O sinhô cantou um monte de trem, causa de quê? Meu padim ergueu a mão pedindo silêncio e começou a falar: “Pop corno, and ice cream cyllers sentenced for coup d’Etat in Brasil” Espantado, entendi que padim tava falando que nem o asno falante e as música eram uma forma de gozá a cara do cara que maltrata o Portuguêis e assassina o Ingreis dessa forma, disse Serafino, gargalhando! Eu, meus leitores, não ri, só comecei a cantar: “Pai, afasta de nós esse cálice”! Afeeeeeeee!

* Escritora e encantadora de histórias.

Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
Mak Solutions Mak 02 - 728-90

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Envie seu Comentário