08 de abril, de 2025 | 07:00

De dores, verde, amores e mistérios...

Nena de Castro *

[imagemd121003]Dia, meus cinco leitores amados! E de repente estávamos na van, rumando para Coroaci. Sabe uma cidadezinha do interior mineiro, cheia de verde, de córregos pequenos que correm nos vales espargindo frescor e beleza pelo dia? Sabe uns morros com casas bem construídas de onde se pode avistar ao longe os galhos e folhas das árvores bailando ao vento?

Posé, tem a ponte, “casas entre bananeiras” e a vida é tão deliciosamente besta que deu vontade de ficar por ali! O que fui fazer lá? É que tenho a honra e alegria de fazer parte da trupe da Tenda Literária, o projeto maravilhoso de Bruno Bim Mafra e Thaliny, que leva às cidades mineiras as tendas com confecção de brinquedos, turma de recreação, brincadeiras com blocos, jogos, espetáculos teatrais e livros! Nós, JUJUBA e PITUCHA (Euzinha e Nancy Maestri) ficamos no “Cantinho da Leitura”, onde contamos histórias, falamos dos livros, da importância da leitura e as crianças ficam maravilhadas ao saber que somos escritoras! Ir às cidades interioranas de Minas é um must, é um encontro da alma com a essência da vida, é um retomar de caminho... A gente até esquece do esTRUMPício e suas babaquices, as decisões estarpafúdias, mandando prender e expulsar até mesmo quem tem documentos, pisando na Constituição Americana e tomando medidas que irão prejudicar o mundo todo! Me perdoem, mas começo a rir ante toda notícia que chega, estão fazendo passeatas e outras manifestações, meu lado perverso grita: Vocês elegeram o pastel branco, agora aguentem! A Bugra pede desculpas pela ausência, visto ter passado uns apertos nesses dias e ter andado sumidinha! Bão, premero os dois joei dero um piripaque, inchação e doooooooooor! E ó que tô acustumada com essa trenhêra dada às ites e oses nos ombros, braços, coluna... Mas misericórdia, o trem foi tão feio, o joei direito nunca tinha doído e aressorveu se amostrá, nussa, gostei não! Num pudia dirigi, num pudia andá, eita ferro! Uma noite tive uma crise de pânico pensando em como ia cuidar da minha menina e do home, vixe Aprígio, foi atroz! Isso acontece com centenárias rs que nem eu, contudo, apesar da idade do “condor”, a vida é bonita e instigante! Enquanto isso, meu computador sofreu um abalo mental, emocional e digestivo e resolveu parar! Escrevi a crônica, enviei daqui mas não chegou ao jornal, mandei do Horto e tombém num foi, eita miséra de trem que me faz reiva! Daí que meus cinco fiéis leitores se manifestaram, um daqui do Imbaúbas reclamou comigo e outro de Fabriciano me xingou perguntando pelo texto e fiquei roxa de felicidade e de picada de agulha. Lá em Coroaci um senhor nos contou de uma menininha chamada Iara, que ia à sua casa para estudar com a esposa professora; ficaram tão amigos que achavam até que ela era filha do casal. O quintal tinha árvores onde cantavam muitos sabiás e ele então a apelidou a garotinha de SABIARA. Ela ria feliz e certo dia despediu-se e voltou para casa. A notícia não demorou a chegar: a pobrezinha tinha sido atropelada por um ônibus, morte instântanea. Depois do enterro ele se sentou defronte á televisão, chorando e de repente a imagem sumiu, ficando só o chuvisco. Apareceu um ponto preto na tela, que foi aumentando, até que a imagem de um anjo sorriu para ele! E sumiu. Eu que de nada duvido, voltei para casa com os olhos cheios de verde, de amor e mistério...

* Escritora e encantadora de Histórias

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Comentários

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Gildázio Garcia Vitor

09 de abril, 2025 | 13:36

“Ê Bugra Velha, que retorno triunfante! Belíssima crônica!
Adorei a SABIARA! Um Manoel de Barros.”

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