02 de abril, de 2025 | 08:10

Empreendedorismo: Ipatinga tem mais de 18 mil micro empresas individuais (MEIs)

Antônio Nahas *

O incentivo ao empreendedorismo tornou-se política pública em muitas cidades do Brasil. As oportunidades econômicas para o trabalho por conta própria aumentaram, embora sejam precárias, instáveis e temporárias. As vagas de emprego nas grandes corporações diminuíram. Surgiram novos postos de trabalho com salários mais baixos e uma infinidade de oportunidades para trabalhadores autônomos.

Basta vermos Ipatinga. Segundo o portal Dataviva, desenvolvido pela UFMG, existiam em 2021, 71,8 mil empregos na cidade. A principal fonte de emprego na cidade era o comercio, com 15,1 mil vagas, representando 21% dos empregos totais da cidade. Em seguida, temos a indústria de transformação, com mais de 14 mil empregos - 19,92 % do total.
Neste item, destaca-se a metalurgia e siderurgia, envolvendo a produção de laminados de aço e fabricação de estruturas metálicas que geraram, em conjunto, 10,01 ml empregos, representando 13,94% do total.

Em seguida, a administração pública - 7,38 mil empregos, ou 10,3% do total, seguidos pelo atendimento hospitalar e obras.

Se observarmos a linha do tempo, vemos que, em 2001, a metalurgia e siderurgia geravam 11,43 mil empregos, havendo redução de 10% do total de empregos no setor ao longo dos anos. Esta tendência é irreversível e mundial.
Atualmente, segundo o Painel do Mapa de Empresas, elaborado pelo Governo Federal, existiam na nossa cidade, em fevereiro deste ano, nada menos que 18.317 MEIs, revelando a corrida da nossa mão de obra para novas alternativas de trabalho.

Empreendedorismo
Em Ipatinga e diversas outras cidades, existem as chamadas Salas do Empreendedor, que dão todo apoio a quem pretende abrir sua empresa. Ali o empreendedor conhece os passos para abrir sua empresa; emitir nota fiscal; orientação para emissão do Simples e acesso aos cursos do SEBRAE.

São bons cursos, que abrem a visão do empreendedor. Existem as trilhas de apoio ao empreendedor, que podem ser acessadas por qualquer um, compostas por oito etapas: autodescoberta; conquiste sua iniciativa; o primeiro passo para empreender; da empatia à proposta de valor; modelando seu negócio; vender seu peixe; gerir é preciso e formalizar é legal.
“Em Ipatinga e diversas outras cidades, existem as chamadas Salas do Empreendedor, que dão todo apoio a quem pretende abrir sua empresa”


A Prefeitura de Belo Horizonte foi mais longe: saiu ao encontro do empreendedor nas vilas e favelas da cidade, procurando as empresas, propondo apoio e treinamento. Trata-se do programa Comunidade Empreendedora - executado em parceria com o SEBRAE e a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (Sedese) -. Na semana passada, iniciou visita às comunidades Morro das Pedras e Ventosa, favelas, onde foram identificados 843 microempreendedores, sendo na sua maioria, mulheres, voltadas para gastronomia e beleza.

O programa oferece a oportunidade para que as manicures; depiladoras; cabeleireiras e cozinheiras aperfeiçoem seu produto; conheçam seu mercado; façam marketing dos seus serviços; fidelizem seus clientes. Enfim: profissionalizem seu negócio.

Segundo a PBH,o programa identifica as potencialidades dos territórios, fortalece o lado gerencial dos moradores com instrumentos de fácil acesso em busca de melhores resultados. Não gera apenas renda: transforma vidas; empodera famílias e leva a uma maior coesão social das comunidades.

Cooperativismo
Programas como este ganhariam ainda maior força se a eles fosse somada a formação de cooperativas de trabalho, cuja estrutura poderia ser fornecida pela Prefeitura - local; apoio administrativo - e mesmo softwares para contato com clientes; precificação, que poderiam ser utilizados em celular.

Para que as cooperativas fossem mais eficazes, seria necessárias mudanças na Legislação para permitir a inserção dos cooperativados na Previdência Social. Além disso, atualmente, a legislação veda a participação do setor público nas cooperativas.

Mas, apesar destas dificuldades, é muito melhor para os autônomos participarem de uma organização, onde podem receber treinamentos; trocar experiências; discutir preços; associar-se para prestação de serviços, do que ficarem isolados no mercado de trabalho, na busca diária do pão de cada dia.

Como nos ensina o Prof. Mauricio Borges, com sua larga experiência no BNDES, onde foi diretor por décadas, "o desenvolvimento do sistema cooperativista poderia constituir uma importante alavanca para o desenvolvimento, ao mesmo tempo que garantiria um pioneirismo fundamental, com efeito sobre o ambiente de negócios, constituindo por isso um círculo virtuoso para a dinâmica econômica do município".

* Economista, empresário. Morador de Ipatinga.

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