01 de abril, de 2025 | 08:45

No dia 1º de abril, psicóloga alerta para o impacto das mentiras em crianças e adolescente

Por Sofia Carvalhido - Estagiária sob supervisão
Apesar de parecerem inofensivas, as mentirinhas e brincadeiras feitas no dia 1º de abril podem marcar, para sempre, crianças e adolescentes, acompanhando-os na vida adulta e, ainda, comprometendo o desenvolvimento saudável. Em entrevista ao Diário do Aço, a psicóloga da Infância e Adolescência, Fabiana Souza, de 41 anos, que atua em Ipatinga, explicou mais sobre os impactos que as mentiras podem causar na fase de crescimento dos indivíduos.

Formada em 2013 e, desde então, se capacitando em desenvolvimento infantil, Fabiana afirma que o Dia da Mentira para muitos é visto como inofensivo e divertido. Entretanto, no contexto da infância e da adolescência, alguns impactos emocionais podem ser causados pelas mentirinhas e brincadeiras. “Um desses impactos pode ser confusão, dificuldade em discernir a realidade, principalmente em crianças menores porque ainda estão desenvolvendo a capacidade de distinguir o que é fantasia da realidade. Então, mesmo mentira, que bem intencionada, pode gerar uma confusão e dificultar esse processo que é crucial”, conta.

Impactos
Além disso, é possível que essas brincadeiras causem a quebra de confiança entre a criança e o adulto responsável: “Se a criança é constantemente alvo de mentirinha, mesmo ela sendo pequena, ela pode começar a questionar a honestidade das pessoas em quem confiam, como pais, familiares, professores. Isso pode levar a sentimentos de insegurança, desconfiança e dificuldade de formar laços seguros”, detalha Fabiana.

“Outro aspecto também é a ansiedade e medo, que podem surgir em alguns casos, especialmente se a mentira foi elaborada para assustar ou pregar susto. A criança pode desenvolver ansiedade e medo que pode persistir mesmo após a revelação disso ser uma brincadeira”, explica.

Há também a chamada “modelagem de comportamentos”, que é uma forma de aprendizado em que a criança se molda a partir de comportamentos de adultos ao seu redor, ou seja, “se os adultos ao seu redor normalizam as mentiras, mesmo que em tom de brincadeira, elas podem internalizar a ideia de que mentir é aceitável em certas situações, o que pode impactar no desenvolvimento moral e social”.

Confiança
Os sentimentos de estar sendo enganada, ridicularizada e, até mesmo, trapaceada podem ser intensos para uma criança. Nesse sentido, isso acaba por desencadear outros sentimentos como raiva, mágoa e tristeza, principalmente quando essa “mentirinha” envolve algo que a criança ou adolescente consideram importantes.

Fabiana explica que crianças e adolescentes precisam confiar nos adultos que estão com eles e essas mentiras e brincadeiras podem acabar minando essa confiança. Além disso, esses comportamentos podem fazer com que os indivíduos cresçam não compreendendo a seriedade das pessoas e situações ao seu redor.

“E isso vira um ciclo vicioso. Independente se a mentira é pequena ou se é maior. Assim como nas crianças, a exposição frequente à mentira, mesmo em tom de brincadeira, pode contribuir para a normalização dessa desonestidade e influencia nas suas escolhas e em valores”, comenta Fabiana.

Diferenças entre pessoas
Pensando em um contexto social, de grupos, as mentiras podem ajudar na geração de uma dificuldade de compreensão do humor e da ironia, uma vez que nem todas as crianças e adolescentes possuem a mesma capacidade de diferentes e compreender essas nuances. Enquanto para alguns, esses comportamentos sejam engraçados, para outros pode ser uma situação angustiante.

Segundo Fabiana, a reação às mentiras e “pegadinhas” vai depender da personalidade e do nível de desenvolvimento emocional daquela criança ou adolescente. Ela acredita que priorizar e cultivar a clareza e a honestidade na fase de crescimento é “fundamental para o desenvolvimento saudável desse contexto social tanto da criança quanto do adulto”.

Conselho
“O meu conselho é a gente trabalhar nas relações saudáveis”, completa a psicóloga. “Embora, como eu havia dito, a brincadeira possa parecer inofensiva, para a criança, pode gerar um grande impacto na vida adulta. Então, a forma como você aborda uma criança, trazendo a verdade e a honestidade, farão com que não haja prejuízos, nesse sentido, do decorrer da vida adulta”, finaliza.