PREF IPATINGA ANIVERSÁRIO 728X90

27 de março, de 2025 | 08:10

No Dia do Circo, palhaços da região pontuam falta de incentivo para a manifestação artística

Kianny Krisselly
 Luís Yuner é o palhaço Petit Gatão, criador do Circo Teatro Fool e do ''Encontro de Palhaços de Ipatinga'' Luís Yuner é o palhaço Petit Gatão, criador do Circo Teatro Fool e do ''Encontro de Palhaços de Ipatinga''

Por Isabelly Quintão - Repórter Diário do Aço
Nesta quinta-feira (27), é celebrado o Dia do Circo. A data homenageia a arte circense, que chega ao público por meio de espetáculos de música, dança, teatro e muita diversão. Em entrevista ao Diário do Aço, palhaços do Vale do Aço mencionaram a resistência da manifestação artística na região.

Morador de Ipatinga, o ator, diretor artístico, apresentador, produtor cultural, folclorista e circense Luís Yuner é o palhaço Petit Gatão. Criador do Circo Teatro Fool, também fundou o “Encontro de Palhaços de Ipatinga”. Ele vem da quinta geração da tradicional família “Campos”, militante de uma trajetória em diversos circos populares do Brasil. “Todos os meus parentes do lado materno foram nascidos e criados debaixo de uma lona de circo. Somos a única família clássica de circo da região”, conta.

Luís relata que, em 1981, após décadas trabalhando em circos e teatros itinerantes, o circo da família foi destruído por um grande temporal no Rio de Janeiro, danificando a maior parte da estrutura, o que gerou uma pausa nas atividades. Neste período, descobriram que a Usiminas estava contratando caminhoneiros em Ipatinga, então decidiram se mudar para o município. “Enquanto meu avô trabalhava como motorista na antiga Usimec, minha avó abriu uma singela escolinha de circo no fundo do quintal de sua residência, no bairro Iguaçu”.

Ele pontua que os circenses naturalmente são criados para dominar várias habilidades, que vão muito além do picadeiro. “Os artistas circenses são famosos por sua polivalência. Os saberes do circo são verdadeiros tesouros da sobrevivência nômade. O circo e o teatro são artes de aprimoramento por meio da repetição. São anos e anos de treinamento, pesquisa, leitura, exercícios de interpretação, trabalho físico e vocal”, afirma.

Ainda destaca que há aprendizado sobre maquiagem, cenografia e estudos de capatazia e de engenharia para a montagem das estruturas. “O trapezista é também o soldador, a bailarina também vende algodão doce e pipoca na arquibancada, o malabarista é motorista das carretas e ajuda na montagem do circo. No picadeiro são artistas e nos bastidores têm diversas outras habilidades, que são convertidas para o funcionamento do próprio circo”, apontou Luís.

Espaço democrático
Ele detalha ainda que o “picadeiro” é o pai dos palcos, o mais democrático espaço onde as mais variadas formas de artes e esportes se encontram. “O circo enfrenta os fenômenos climáticos, a dificuldade da itinerância com grandes estruturas, a escassez de terrenos para locação, e o grande volume de taxas, alvarás e tributos fiscais”.
Enviada ao Diário do Aço
O palhaço Dândi, Pedro Barroso, faz parte da companhia de circo e teatro ''Nós de Nariz'' O palhaço Dândi, Pedro Barroso, faz parte da companhia de circo e teatro ''Nós de Nariz''


Enfatiza que chegar à cidade e convencer o público a prestigiar o trabalho não é uma tarefa fácil. “Há despesas de produção, alvarás, aluguel de terrenos e equipamentos, publicidade, requerimentos e taxas de água e luz, laudos de arquitetos e de bombeiros... A resistência de algumas instituições públicas de ensino, que dificultam o ingresso das crianças nômades nas escolas, mesmo sendo amparadas pela lei da educação em trânsito”.

Já o palhaço Dândi, o timoteense Pedro Barroso, que também é ator e professor de teatro, faz parte da companhia de circo e teatro Nós de Nariz. Ele afirma que a falta de incentivo também é uma dificuldade. “Principalmente para circos que são pequenos de lona, que não conseguem se manter sozinhos. Atualmente há mais políticas públicas voltadas para os circos tradicionais, mas nós ainda temos que lutar muito para que cheguem em mais pessoas”.

Primeiro contato
Pedro enfatiza que os palhaços não fazem só “gracinhas”. “Eles são os sacerdotes do riso. São responsáveis por levar alegria e consciência social e política. Tanto que o circo costuma ser o primeiro contato com a cultura e arte que as pessoas vão ter. É uma arte itinerante, que não tem fronteira. Também há o lado de solidariedade, visto que o circo acolhe todo mundo”.

O professor de teatro também comenta que os artistas se colocam em risco o tempo todo. “Os circos possuem uma estrutura de segurança muito bem pensada e elaborada. Existe uma equipe treinada para auxiliar que acidentes não ocorram. Os artistas treinam, treinam e treinam para não errar e lidar com os erros”, destaca.

“Também há os investimentos, como maquiagem, figurino e adereços de cena, que são muito individuais. As paletas de cores e as formas como elas são feitas seguem a dramaturgia do espetáculo, justamente para trazer a essência do circo. E não é só a estética, tem que ter também funcionalidade”, complementa.
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
Mak Solutions Mak 02 - 728-90

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

José Carlos Hott

27 de março, 2025 | 11:23

“Joseni, não sei de que cidade você escreveu esse comentário e portanto, não sei se sua cidade é tão pequena que não recebe circos. Em Ipatinga teve um no fim de 2024, muito bom, no estacionamento do Ipatingão. Agora tem um enorme, muito bem estruturado, no Novo Centro de Ipatinga. Penso até em ir lá hoje a noite, caso eu não chegue do trabalho muito cansado. O espetáculo circense é sempre muito bom, prazeroso e remonta à Idade Média.”

Joseni R Oliveira

27 de março, 2025 | 11:14

“Amo o circo e acho que o estado e o município deveriam patrocinar a ida das crianças nos espetáculos circense, pois é de uma cultura incomparável. É uma pena não haver mais aqueles circos de lona que iam de cidade em cidade e que trouxeram tantas alegrias a minha infância. É uma tristeza imensa saber que o meu filho não teve essa oportunidade de ver aqueles espetáculos mais inocentes e que nos alegravam tanto”

Envie seu Comentário