25 de março, de 2025 | 07:30

O túnel do endividamento e a engenharia doméstica de orçamento

Kleber Sousa *

As empresas, como um todo, vivem uma era de larga produção alavancada pelo aumento exacerbado do consumo. Tal fenômeno, se é que se pode chamar de fenômeno, foi propiciado, principalmente, pela ascensão da classe D para a classe C e da classe C para a classe B. Apesar de alguns analistas questionarem o perfil dos que ascenderam para a classe B.

De qualquer forma, as indústrias estão com a produção “de vento em popa”. Tudo que fabrica é consumido.
Resta saber, como questiona o consultor de marcas, Jaime Troiano, se o crescimento do acesso ao consumo, que a expansão da renda e crédito tem permitido, aproxima os consumidores de seus projetos de felicidade ou eles estariam sendo traídos pelo desejo?

Percebe-se que não há um planejamento face à nova realidade. O objeto de desejo, que outrora era sonho, virou realidade, e outro objeto de desejo tomou lugar do objeto agora saciado.

Sob a lógica da necessidade de consumo para ser feliz, as empresas trabalham o subjetivo humano destacando-se a felicidade por meio de um produto consumido, e que na maioria das vezes, é desnecessário para a sobrevivência e até mesmo para a satisfação de quem o compra.
“Como todo castelo feito na areia um dia se desmorona, corre-se o risco do volume de endividamento virar uma bola de neve”


Fato é que a maioria, ou quase todas as pessoas que tiveram ascensão a esta nova classe B, não tiveram um processo de preparação para vivenciar essa nova fase de suas vidas. Entraram no túnel do endividamento por não terem aprendido ou exercitado a engenharia doméstica de orçamento.

Como todo castelo feito na areia um dia se desmorona, corre-se o risco do volume de endividamento virar uma bola de neve e os consumidores não conseguirem arcar com seus compromissos. Muda-se o padrão de vida, mas a sustentabilidade deste padrão fica ameaçada pela instabilidade monetária individual de cada um, que se deixa seduzir pelo desejo em busca da felicidade através das compras.

Para os consumidores, é preciso discernimento quanto a real necessidade e importância de comprar, e o controle das suas dívidas em conformidade com os seus holerites.

Para as empresas, é preciso cautela na linha de produção, nos modos de distribuição, nos pontos de vendas e no pós-venda, como forma de garantir o consumo de forma sólida e com retorno garantido.

* Presidente da CUT Vale do Aço, Secretário de Comunicação do Sindicato Metasita. Jornalista Profissional, Especialista em Comunicação e Marketing pelo Unileste/MG, Especialista em Políticas Públicas pela Universidade Federal de Viçosa/MG. Especialista em Comunicação Sindical pelo NPC/RJ

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