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23 de março, de 2025 | 07:00

Milagres

André Naves *

As caminhadas são parte da minha vida. Nelas que eu proseio com Deus, penso, organizo as minhas pendengas da mente. É caminhando que eu me entendo comigo mesmo e com Ele. Dia desses, aqui em São Paulo, na esquina da Diana com a Palestra Itália, eu reparei em algo que sempre esteve lá, mas que eu nunca tinha enxergado. Sabe quando a gente se acostuma com a paisagem e, em vez de descobrir o extraordinário no ordinário, a gente faz justo o contrário? A gente se acostuma. Vira rotina. A gente diminui tudo de mais extraordinário em algo simplesmente comum, ordinário.

Pois bem. Eu tava lá, naquela esquina, esperando o sinalzinho verde para atravessar. Olhei para o lado e pronto! SESC Pompeia em toda sua solidez modernista. Eu fiquei até com vergonha. É que eu adoro o Sesc. Sempre vou lá. Teatro, exposições, shows... Tem vez que eu vou até lá só para dar uma volta. Fiquei envergonhado mesmo: como que eu sempre via mas nunca enxergava? Aquele edifício da Lina Bo Bardi é um marco modernista. Como eu podia ignorar? Que caminhada era essa que fechava meu entendimento? Justo eu, que admirava tanto aqueles traços, tão brutais e humanos? Tão imprevisíveis como a gente? O concreto era a carne! O vermelho, o sangue! O povo, o espírito!
“E enquanto no passo a passo de pura reflexão, percebi os milagres da vida que passam escondidos no batidão do corre”


E enquanto no passo a passo de pura reflexão, percebi os milagres da vida que passam escondidos no batidão do corre! A tradição que, de geração em geração, foi sendo construída, não sem obstáculos e dificuldades, até se materializar no gênio de uma imigrante, uma arquiteta modernista ítalo-brasileira, uma pessoa extremamente humana como todos nós, cheia de acertos e defeitos! Ela fugiu para cá, veio beber da Luz, estava enojada com as trevas miseráveis do Velho Mundo! Veio para cá, contra todos os dramas da vida, e aqui construiu Beleza! A Beleza!

E, para trás, somos frutos de gerações… Não somente um “eu”, mas sim um “nós”! Sorrisos, contentamentos e bençãos!

Esse é mais um dos milagres cotidianos!

* Defensor Público Federal. Especialista em Direitos Humanos e Sociais, Inclusão Social – FDUSP. Mestre em Economia Política – PUC/SP. Cientista Político – Hillsdale College. Doutor em Economia – Princeton University. Comendador Cultural. Escritor e Professor.

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Comentários

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Gildázio Garcia Vitor

23 de março, 2025 | 09:36

“Que bacana! Surreal! Um texto que mistura um Deus, o judaico-cristão, com Lina Bo Bardi, uma "Anarquista, Graças a Deus" (1979).”

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