23 de março, de 2025 | 06:00
Importante é vencer
Fernando Rocha
A cada data Fifa o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, repete o mesmo discurso querendo duas vitórias, mas elas não têm acontecido. A seleção patina agora com Dorival Jr. no comando.Está claro que o trabalho do treinador não é unanimidade na CBF e passa por vários questionamentos, o que torna a pressão ainda maior.
O mais importante era vencer a Colômbia e a seleção venceu, dormiu de quinta para sexta-feira na segunda colocação das Eliminatórias. Mas não dá para negar que, mais uma vez, não jogou bem, não teve controle do jogo e a maior parte do tempo foi muito ameaçada pela Colômbia.
A verdade é que poderia ter sofrido o gol antes de Vini Jr. balançar a rede, aos 54 minutos do 2º tempo, o que deu a vitória do Brasil. A Colômbia teve 51% de posse de bola, algo inadmissível em se tratando da seleção brasileira que estava apoiada por 70 mil torcedores, no Mané Garrincha.
Na próxima terça-feira o desafio será ainda maior, em Buenos Aires, contra os atuais campeões mundiais que, mesmo sem Lionel Messi, contundido, são favoritos.
Se as duas vitórias do discurso de Ednaldo não vierem, o que pode acontecer pela frente ainda é uma incógnita.
Farinha podre
Durou pouco o sonho de Ronaldo Fenômeno em ser presidente da CBF, segundo ele, para modernizar e mudar os rumos do futebol brasileiro”.
Ronaldo é amigo e foi um grande aliado de Ricardo Teixeira, o mais podre de todos os ex-presidentes da CBF, atuando em conjunto com o cartola no Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014.
A CBF nunca teve oposição e nem terá se forem mantidas as mesmas regras do seu processo sucessório, que permitiram ao atual presidente, Ednaldo Rodrigues, simplesmente passar a régua e tirar o Fenômeno do páreo, como se fosse tomar picolé da mão de criança.
A expectativa é que amanhã, com o apoio de todas as 27 federações e da maioria dos clubes, inclusive dos quatro mineiros que disputam as séries A e B - América, Atlético, Athletic e Cruzeiro -, o atual presidente Ednaldo Rodrigues seja reeleito por aclamação para um novo mandato de cinco anos.
O ex-vice-presidente da República e ex-senador José Alencar, velha raposa do antigo PSD na vizinha Caratinga, costumava dizer sobre seus adversários da UDN: Farinha podre embolada num saco só. Rio de correnteza brava neles”.
FIM DE PAPO
Um exemplo claro da desunião que impera entre os principais clubes de futebol do país está no fato de eles não conseguirem formar uma única liga para administrar a principal competição, o Campeonato Brasileiro. Isto diminuiria os poderes da CBF, que passaria a cuidar apenas da seleção e da Copa do Brasil. Na última quinta-feira, a Libra, grupo que reúne clubes da Série A, fez uma nota de repúdio à declaração do presidente da Conmebol, Alejandro Dominguez, que comparou a ausência de times brasileiros da Libertadores a "Tarzan sem chita".
Dos nove times da Primeira Divisão que compõem a Libra, apenas o Flamengo não assinou. A explicação para isso foi um entendimento institucional do clube de maior torcida no país, sobre a legitimidade da representação da Libra neste caso. Para a direção rubro-negra, quem deveria fazer este tipo de protesto é a CBF e não a Libra. Para contextualizar, a fala infeliz do presidente da Conmebol ocorreu após o sorteio da Libertadores, evento que ficou marcado por protestos de dirigentes brasileiros pelas atitudes da Conmebol contra o racismo, consideradas fracas e ineficientes. A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, bem como o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, não compareceram ao sorteio em sinal de protesto.
Mas o que está por trás da atitude do Flamengo vai muito além de tudo isso que aconteceu, envolvendo o presidente da Conmebol e sua fala racista e preconceituosa. A recusa do Flamengo em assinar a nota da Libra se deu, na verdade, porque o clube carioca está insatisfeito e questiona internamente a entidade sobre os termos do contrato firmado com a Globo para a transmissão dos jogos do Campeonato Brasileiro. O Flamengo se acha prejudicado nos critérios de divisão da verba publicitária e, por conta dessa desavença, decidiu vender em separado os direitos internacionais. Ninguém abre mão de qualquer pedaço do queijo.
Daqui a pouco vai começar o chororô dos nossos dirigentes, sobretudo aqui nos nossos grotões, devido ao excessivo número de jogos etc., coisa e tal. Nos três primeiros meses do ano, o calendário é preenchido pelos ultrapassados estaduais, entupindo os meses restantes de jogos a cada três dias por competições diferentes, gerando excesso de contusões e queda no nível técnico das competições. Mudanças nos estaduais nem pensar, afinal de contas são a galinha dos ovos de ouro das federações, que, por sua vez, elegem o presidente da CBF. A banca paga, a banca cobra. (Fecha o pano!)
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