
20 de março, de 2025 | 08:40
Outono deve ter chuvas em março, temperaturas acima da média em abril, e seca a partir de maio
As projeções são de Daniela Martins Cunha, professora de climatologia do Instituto Federal de Minas Gerais em Governador Valadares
Por Matheus Valadares - Repórter Diário do AçoO outono, período de transição entre as estações de verão e inverno, começou nesta quinta-feira (20), mais precisamente às 6h01 no Hemisfério Sul, e se estenderá até às 23h42 de 20 de junho. Por ficar em um espaço entre o período chuvoso e o período seco, o outono mescla características.
Em entrevista ao Diário do Aço, Daniela Martins Cunha, professora de climatologia do Instituto Federal de Minas Gerais em Governador Valadares (IFMG-GV), explicou que em termos de temperatura, haverá um pequeno declínio nos municípios do Vales do Aço e Rio Doce.
Em termos de temperaturas, haverá uma diminuição gradativamente, tanto a temperatura máxima como a temperatura mínima”, explica a especialista. Essa diminuição deve ser maior a partir do mês de maio, em um período mais próximo do inverno.
Quanto ao mês de abril, a tendência é que a temperatura seja timidamente mais elevada que a média para o período. Até o momento, há um indicativo de que essas temperaturas, principalmente ainda no mês de abril, tendem a ser em média, mais elevadas em relação à média normalmente esperada, com acréscimos de 0,2 a 0,4 graus. Mas ainda assim, temperaturas mais baixas do que nós temos vivenciado nos últimos dias”, projeta a professora.
Ela também esclareceu que o outono de 2024 foi atípico, com alguns municípios registrando ondas de calor, com 5ºC de acréscimo na temperatura máxima por um período de cerca de 5 dias. Cidades no outono passado passaram por essas temperaturas extremamente elevadas, principalmente devido à influência do fenômeno El Niño. Por mais que possa ocorrer uma tendência de ter, neste ano ainda, temperaturas um pouco acima da média, nada se compara ao que foi vivenciado no ano passado”, informa Cunha.
Chuva
Nesta quarta-feira (19), grande parte do Vale do Aço experimentou, de forma literal, as águas de março fechando o verão”. A projeção é que haja precipitações ainda no mês de abril, e maiores períodos de seca em junho e julho.
Até abril nós ainda podemos ter até abril, volumes de chuva mais consideráveis, principalmente se observado o fato de que a estação chuvosa deste ano está terminando com baixíssimos volumes de chuva. Em abril a gente pode ter a ocorrência da Zona de Convergência do Atlântico Sul”, pontua Daniela.
Março seco
O Diário do Aço apurou junto ao Instituto Nacional de Meteorologia que, até o dia 18 de março, a estação meteorológica de Timóteo captou apenas 26,4 mm de chuva. Em todo março de 2024, a mesma unidade de medida registrou 254,6 mm. Embora ainda falte pouco mais de 10 dias para o encerramento do mês, há uma diminuição significativa de 89,63%.
No entanto, há sim uma possibilidade que os dias restantes do terceiro mês do ano tenham pancadas de chuva, e volumes significativos de precipitação. Essas chuvas tendem a acontecer, principalmente no formato de chuvas isoladas. O que são essas chuvas isoladas? Ocorrem em determinadas regiões. Por exemplo, dentro de uma mesma cidade, às vezes ocorre um bairro e não chove em outro”, afirma a climatologista.
Verão quente, mas sem onda de calor
Como já explicado, uma onda de calor é caracterizada quando as temperaturas máximas diárias ultrapassam em 5°C ou mais a média mensal durante, no mínimo, cinco dias consecutivos. Além disso, essas condições devem abranger uma área ampla. Dentro deste contexto Daniela Martins esclarece que não houve esse fenômeno no Vale do Aço, e sim um Veranico, outro fenômeno meteorológico que por sua vez, consiste em um período de estiagem e calor intenso, que pode ocorrer durante a estação chuvosa, característico na região.Normalmente, esse período seco ocorre especificamente no mês de fevereiro. Esse ano a gente está observando que ele ocorreu também no mês de março, devido à atuação da massa de ar sobre Minas, impedindo a chegada da umidade e da chuva. As temperaturas ficaram mais elevadas, mas não chegou a caracterizar onda de calor. O que seria caracterizado como uma anomalia [neste verão] foi o déficit de chuva durante o período do mês de março e a presença desse anticiclone impedindo a formação das chuvas”, finaliza a professora.
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