16 de março, de 2025 | 06:10

Acolhidos em Fortaleza e Confins 127 repatriados vindos dos Estados Unidos

Reprodução de vídeo
Algemados durante todo o voo, migrantes só têm algemas removidas pela polícia quando avião para em solo brasileiro Algemados durante todo o voo, migrantes só têm algemas removidas pela polícia quando avião para em solo brasileiro

A ação liderada pelo Governo Federal e organizada pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) teve a participação de várias pastas além da Polícia Federal, governos estaduais e concessionárias aeroportuárias

O Governo Federal montou uma operação de atendimento humanizado para recepcionar o desembarque, no sábado (15), em Fortaleza, de 127 brasileiros repatriados dos Estados Unidos. São 97 homens e 30 mulheres, entre eles nove crianças, um adolescente e um idoso. O voo deveria ter chegado às 9h, mas houve atraso e o avião pousou em solo cearense às 11h.

Da capital do Ceará, onde receberam acolhimento digno e adequado, 76 pessoas seguiram para Belo Horizonte, em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Na capital mineira, eles encontraram a mesma estrutura de acolhimento montada no Ceará.

O restante, 51 repatriados, permaneceu em Fortaleza. Desses, 38 deixaram o aeroporto por conta própria e o resto foi acolhido pela equipe federal. Dois repatriados foram encaminhados à Justiça.

Um deles tinha mandado de prisão em aberto no Brasil, enquanto o outro integra a lista de difusão vermelha da Interpol. O deportado é natural de Rondonópolis, em Mato Grosso, e foi preso por homicídio e porte ilegal de arma.

O outro passageiro é natural de Contagem e havia fugido de uma penitenciária do estado. Na ocasião, ele respondia pelo crime de roubo. Saiu do aeroporto direto para a prisão.
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Esse foi o quarto voo fretado, de 2025, trazendo brasileiros deportados dos Estados Unidos Esse foi o quarto voo fretado, de 2025, trazendo brasileiros deportados dos Estados Unidos

Momento de alívio
Para Viviane Freitas, moradora de São Paulo e que foi apreendida ao cruzar a fronteira do México com o Arizona (EUA), a recepção montada pelo Governo Federal representou um alívio, após todos os momentos difíceis enfrentados até chegar ao Brasil.

“O povo brasileiro é um povo totalmente acolhedor. Isso a gente falava até lá, no centro que a gente estava, porque a gente teve contato com pessoas de vários países. E a gente sempre dizia que o povo brasileiro é totalmente acolhedor. E aqui não foi diferente. Vocês foram acolhedores. Aceitaram a gente aqui de braços abertos. Estão dando um apoio total pra gente, pra todo mundo. Não especificando raça, nem cor, nem nada”, agradeceu.

Opinião semelhante teve Christie Anne de Andrade, de Mato Grosso. “Eu gostei muito, sinceramente. Eu não esperava jamais o que eles fizeram aqui. Foi uma surpresa agradável. Teve banheiro, teve medicação para quem estava precisando, teve comida, teve tudo. E até para regressar para o nosso estado, para quem tem problema, para quem está sem grana por causa de tudo o que aconteceu, eles estão dando as condições. Eu achei maravilhoso”, falou Christie.
A ação liderada pelo Governo Federal e organizada pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) teve a participação de várias pastas além da Polícia Federal, governos estaduais e concessionárias aeroportuáriasA ação liderada pelo Governo Federal e organizada pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) teve a participação de várias pastas além da Polícia Federal, governos estaduais e concessionárias aeroportuárias

Da capital cearense, onde receberam acolhimento digno e adequado, 76 pessoas seguiram para Belo Horizonte, em um avião da FAB. Na capital mineira, eles encontraram a mesma estrutura de acolhimento montada no Ceará.

Migrantes vivem acuados e com medo

Detido em casa pelos agentes de imigração, Hélio Gomes da Silva morava há três anos na Carolina do Sul. Hélio deixou a esposa e três filhos nos Estados Unidos. O homem trabalhava como ceramista e ainda não sabe o que fará aqui no Brasil. “Todo mundo está com medo de sair de casa [nos EUA] para trabalhar e ser deportado. Tá um inferno, estão pegando de tudo quanto é jeito, empurrando para as prisões", revelou Hélio.

Diferenciado
José Maria Costa foi um dos repatriados que desembarcou em Belo Horizonte. Depois de passar quatro meses nos Estados Unidos aguardando o retorno ao Brasil, ele conta que se sentiu aliviado ao retornar a seu país.
“Na volta para o Brasil, eu me senti mais seguro. Não dou conselho a ninguém para ir para os Estados Unidos para passar por essa humilhação que eu passei. Eu não dou conselho a ninguém, pai de família mãe de família, enfrentar o que enfrentei para ir para os Estados Unidos”, desabafou.

Para José Maria, não compensa você sair do Brasil para os Estados Unidos e ele teve que entender isso na prática, quando foi preso nos EUA. “O acolhimento aqui foi muito tranquilo, diferenciado. Todo mundo nos acolheu aqui na primeira parada (em Fortaleza) e aqui também foi tranquilo. Foi ótimo e agradeço muito por esse amor. Esse tipo de acolhimento tem muita importância para a pessoa chegar, contar os detalhes da trajetória e receber o tratamento no Brasil, dos Direitos Humanos”, prosseguiu.

Acolhimento
O secretário Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Bruno Renato Teixeira, deu detalhes de como funcionou a operação em Fortaleza e em Belo Horizonte. “Nosso entendimento como Governo Federal é que, uma vez no território nacional, as garantias dos direitos humanos e constitucionais dos brasileiros serão preservadas”, ressaltou.

Ele contou que no Ceará foi disponibilizada uma equipe para fazer o acolhimento dos repatriados, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), a Polícia Federal, estruturas do Governo Federal e o apoio do Governo do Estado do Ceará.
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José Maria Ferreira foi preso quando tentava entrar e amargou quatro meses na prisão até ser deportado José Maria Ferreira foi preso quando tentava entrar e amargou quatro meses na prisão até ser deportado

“Os órgãos promovem esse acolhimento de forma humanizada, fazem essa triagem, levantam as principais demandas que eles trazem para o processo de repatriação aqui no Brasil. Chegando em Minas Gerais, a equipe também é estruturada para fazer esse acolhimento e garantir que eles voltem com segurança para os seus domicílios”, explicou o secretário.

Articulação
A ação liderada pelo Governo Federal e organizada pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), em parceria com os ministérios da Saúde (MS); do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS); Relações Exteriores (MRE); Justiça e Segurança Pública (MJSP); e da Defesa (MD), contou com o apoio da Polícia Federal, dos governos estaduais e das concessionárias aeroportuárias Fraport Brasil e BH Airport e teve como foco garantir uma recepção adequada e humana dos cidadãos que retornaram ao Brasil.

Quarto voo em 2025


Esse foi o quarto voo vindo dos Estados Unidos este ano. Os dois primeiros foram de deportados cujos processos são da época do governo Biden. Os dois mais recentes, já sob o governo Trump. No dia 21 de fevereiro passado, o Governo Federal recepcionou um voo com 94 brasileiros repatriados dos Estados Unidos, que desembarcaram em Fortaleza, antes de seguirem para Belo Horizonte. Antes disso, em 7 de fevereiro, a equipe de apoio federal já havia recepcionado 111 brasileiros repatriados dos Estados Unidos, que também chegaram ao Brasil via capital cearense e, na sequência, seguiram para a capital mineira.

Em janeiro, agentes públicos acompanharam a chegada de um voo com repatriados, que aterrissou em Manaus (AM), no dia 24 e, no dia seguinte, uma aeronave KC-30 da FAB com os 88 brasileiros repatriados aterrissou no Aeroporto Internacional de Confins, em Belo Horizonte, por determinação do presidente Lula, de modo a garantir os protocolos de segurança do país. (Com informações da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República)
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Comentários

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Justo

22 de março, 2025 | 09:29

“Qts indocumentados foram despejados em recife e seguiram o destino por conta própria, agora temos que bancar esse povo que foram tentar a vida lá fora e não deu certo, qdo foram pra lá sabiam que poderiam ter esse final , fui via México fiquei por 20 anos voltei por conta própria e não dependii de nenhum governo, hoje estou documentado e sempre vou e volto sem problema e sem perigo de deportação.”

Roberto Selken

16 de março, 2025 | 09:19

“Vou tentar resumir o Make America Great Again, abreviado como MAGA: ausência de empatia e compaixão, com muito racismo e xenofobia.Só é humano nórdico, ariano ou anglosaxão.Sem eufemismo.”

B2@

16 de março, 2025 | 09:16

“Alguém vai pagar a conta deste "bom" atendimento humanizado. Mais uma vez será o contribuinte através dos impostos. Estas pessoas descumpriram regras e querem serem vistas como heróis. Enquanto isso, o trabalhador brasileiro que está aqui não tem os direitos humanizados. País da desigualdade, isso sim!”

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