16 de março, de 2025 | 06:00

Fase boa

Fernando Rocha

O torcedor de futebol varia o humor de acordo com os resultados obtidos pelo seu time, mas o otimismo que vem do amor que nutre pelo clube do coração tende às vezes a levá-lo a ficar iludido.

O momento atual do Atlético é propício para gerar enorme otimismo no torcedor alvinegro, depois dos fracassos retumbantes no fim de 2024, quando em menos de um mês foi derrotado em duas finais de torneios importantes - Copa do Brasil e Libertadores -, além de quase ser rebaixado à segunda divisão na última rodada do Brasileirão.

Sem contar o jogo de ontem, quando decidiu com larga vantagem contra o América, e provavelmente levantou a taça de hexacampeão estadual, foram nove vitórias consecutivas, 21 gols marcados e apenas um sofrido.

O Galo comandado pelo técnico Cuca tem jogado bem na defesa, que toma poucos gols, mas, sobretudo, se destaca no setor ofensivo, onde joga com dois, às vezes, três atacantes que estão se entendendo muito bem.

Pode sonhar
“Devagar com o andor que o santo é de barro”, diz um ditado popular aqui dos nossos grotões, pois quem vê com os olhos da razão e não do coração costuma se acautelar nessas situações.

O Atlético fez uma excepcional campanha no Campeonato Mineiro, mas enfrentou adversários fracos, além do rival Cruzeiro não ter lhe causado qualquer dificuldade.

Dentro de alguns dias começa o Brasileirão e todas as dúvidas serão sanadas, pois no campeonato irá enfrentar times da sua prateleira, como já admitiu o técnico Cuca, principal responsável pela transformação e melhoria da equipe neste início de temporada.

Apesar deste começo auspicioso, não há como cravar agora que esse time do Galo vai se comportar tão bem até dezembro e conquistar títulos importantes.

O que não tem sentido é pedir ao torcedor alvinegro prudência, que não se empolgue tanto, pois sonhar faz parte da arte de torcer por um time de futebol.

FIM DE PAPO

Um assunto que tomou conta do noticiário na última semana foi a desistência de Ronaldo Fenômeno em se candidatar à presidência da CBF. Pelo passado de carreira vitoriosa e agora empresário de sucesso, ficha limpa, Ronaldo Fenômeno no comando da CBF significaria um cavalo de pau na atual rota administrativa da entidade, que nunca foi comandada pela oposição e vem passando ao longo das últimas décadas por vários escândalos de corrupção, com ex-dirigentes presos ou afastados que levaram a sua credibilidade à lama.

Segundo informação do jornal Lance!, das 27 federações existentes no país, apenas a Federação Paulista recebeu Ronaldo Fenômeno em uma reunião que contou com a presença de seu presidente, Reinaldo Carneiro Bastos, único dirigente a recebê-lo. O voto das federações tem peso três e são elas que decidem a eleição na CBF. Por isso, são cortejadas e, segundo foi divulgado, recebem mesadas generosas, além de uma “verba de representação” para o presidente, sem nenhuma exigência de prestação de contas.

O processo eleitoral na CBF é totalmente viciado e se estende no mesmo modelo até as federações, onde se impede, por meio de pegadinhas e artimanhas inseridas no estatuto, que haja qualquer articulação contrária para formar uma chapa de oposição. Ninguém quer largar o osso, mas, sim, ampliar o que já desfrutam de benefícios. Além disso, as federações se tornaram um grande e pomposo cabide de empregos para abrigar parentes e amigos mais chegados do presidente.

Essa troca de favores também atinge os clubes, principalmente os pequenos e os médios de centros fora do eixo Rio/SP. Desunidos e despreparados, os dirigentes de clubes não conseguem sequer formar uma liga única para diminuir o poder da CBF. Enquanto isso, convivemos com verdadeiras mazelas a cada temporada, e tudo começa pelo calendário desastroso, achatado, pela necessidade da CBF de proteger as federações e prestigiar os ultrapassados campeonatos estaduais. O grande maestro e compositor Tom Jobim já dizia nos anos 60 a frase que ainda é muito atual: “O Brasil não é para amadores”. (Fecha o pano!)

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