13 de março, de 2025 | 08:30

Hoje é o Dia do Conservacionismo

Iniciativa busca proteção dos recursos naturais do planeta e consciência socioambiental e política da sociedade

Alex Ferreira/Arquivo DA
A educação para a sustentabilidade é uma forma de conservacionismo extremamente valiosa, destaca gestora de projetosA educação para a sustentabilidade é uma forma de conservacionismo extremamente valiosa, destaca gestora de projetos

Além de conscientizar a população sobre a importância de proteger os recursos naturais da Terra, o Dia do Conservacionismo, celebrado nesta quinta-feira (13), também é um movimento político e social. Em entrevista ao Diário do Aço, a especialista em gestão estratégica de projetos socioambientais, Patrícia Machado Barbosa, explicou a importância dessa data.

Patrícia informa que a conservação dos ecossistemas é de grande importância para a sobrevivência humana, uma vez que os indivíduos estão inseridos e fazem parte de um enorme ecossistema vivo, em que muitas espécies diferentes interagem entre si, gerando maior equilíbrio do meio ambiente. “Um ecossistema preservado fornece vários serviços ao planeta e à vida humana. Mudanças climáticas, desastres naturais são exemplos de um ecossistema desorganizado, colaborando para perdas de recursos que sustentam nossa vida. Vale lembrar que comunidades inteiras também dependem da biodiversidade para sustentar sua cultura, identidade e modos de sobrevivência. Conservar os ecossistemas é essencial para garantir o futuro do planeta e de toda vida que nele habita”, detalha.

Patrícia acrescenta que os maiores desafios para a conservação ambiental nos dias de hoje envolvem o aumento desenfreado da população global e a criação de cidades sem planejamento. “Tudo isso exerce uma pressão sobre os recursos naturais e se tornam fatores determinantes para a mudança do habitat natural”, continua. Como consequência, o aumento desordenado da produção e consumo de alimentos gera expansão agrícola, desmatamento, degradação e desequilíbrio.

Além dos fatores sociais, o movimento conservacionista também é político e Patrícia explica que mais desafios vêm das políticas públicas pouco eficazes: “As lacunas na legislação e financiamento insuficiente para conservação, potencializam a degradação”, afirma. “Com um pensamento conservacionista, ambientalistas atuam e chamam para ação, certos de que o ser humano pode aumentar o impacto positivo de sua condição no ecossistema”, complementa a especialista.

Ação humana no ecossistema
Nos últimos 100 anos, o impacto da ação humana no meio ambiente foi bastante significativo. A partir do início do século XX, com a expansão agrícola e exploração de madeira, grandes áreas de florestas, especialmente na Amazônia e na Mata Atlântica, foram destruídas. O desmatamento da Amazônia intensificou-se a partir da década de 1960, quando o governo brasileiro incentivou a ocupação da região por meio de políticas de incentivos fiscais como a Lei do Incentivo à Exportação de Produtos Agropecuários e a criação da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), ambas em 1966.

“Alguns cientistas estimam que há cerca de um milhão de espécies de plantas e animais ameaçados de extinção. Isso representa uma taxa em média, 1000 vezes maior do que as taxas de extinção natural, conforme relatório da Plataforma Intergovernamental e Serviços Ecossistêmicos (IPBES-2019)”, informa Patrícia. Ela cita dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, em inglês para Food and Agriculture Organization), que afirmam que, desde 1900, “aproximadamente 50% das florestas tropicais foram destruídas e 34% das populações de peixes estão esgotadas ou irreversivelmente danificadas”.

Alternativa energética
No Brasil, o Programa de Incentivo à Produção de Energia, entre as décadas de 1970 e 1980, facilitou a construção de barragens e usinas hidrelétricas no país. Apesar da potência energética dessas hidrelétricas, as consequências envolvem a inundação de vastas áreas de terra, resultando na submersão de ecossistemas inteiros. Além disso, as barragens alteram o fluxo natural dos rios e, como consequência, a dinâmica dos ecossistemas aquáticos muda. Isso pode levar ao isolamento de populações e até à extinção de algumas espécies. “Esses dados demonstram como é profundo e, por vezes, irreversível, o impacto causado na natureza pela ação humana e em como se faz urgente medidas para mitigá-las”, continua.

Conservação ambiental
Desde 1970 existem preocupações acerca dos impactos do desenvolvimento industrial no meio ambiente, destaca Patrícia Barbosa: “Enquanto preservar era atribuição das políticas públicas, conservar virou obrigação de todos e adaptar-se à nova realidade deu coro e voz às ONGs, que passam a ter papel fundamental no processo”, afirma.

Nesse sentido, ao falar sobre leis e acordos internacionais voltados à conservação ambiental, Patrícia lembra da Convenção de Ramsar sobre Zonas úmidas de Importância Internacional, no Irã, em 1971; sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES), assinado em 1973, na capital dos Estados Unidos, Washington DC; e em Paris, quando em 2015 foi assinado o Acordo de Paris.

Cúpula da Terra
No Brasil, também foram assinados acordos durante a Cúpula da Terra, em 1992, no Rio de Janeiro, sendo a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) e a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). “Pactos e diversos outros acordos, geram extensos relatórios e marcos criando princípios e contribuindo para mudanças reais”, comenta.

Economia verde
Questionada sobre uma solução viável para proteger os recursos naturais do planeta, surge a economia verde: “Precisamos aprender cada vez mais sobre como implementá-la, para que mais unidades produtivas e comunidades compreendam que é possível conciliar desenvolvimento econômico e sustentabilidade”.

Entre as mudanças orientadas pela economia verde estão a redução do uso de combustíveis fósseis, a valorização das fontes limpas e renováveis, tratamento adequado de resíduos, eficiência nos sistemas de mobilidade urbana e de reciclagem. O termo ganhou maior destaque durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, na Rio+20, em 2012.

Fazer a diferença
“A educação para a sustentabilidade é uma forma de conservacionismo extremamente valiosa”, disse Patrícia. “Um cidadão consciente de que deve usar os recursos naturais com equilíbrio, que compram de empresas que não devastam florestas e que não causam sofrimento aos animais em suas pesquisas, por exemplo, está contribuindo para a conservação da biodiversidade. Uma parte da população já vem mudando seus hábitos e deixando de consumir em excesso roupas, calçados e trocando o luxo pelo senso prático e criando um estilo de vida mais natural e sustentável. Outros colocaram em suas rotinas alternativas menos poluidoras para deslocamento nas cidades e produção de menos lixo. Outros ainda, fazem opção por uma alimentação mais saudável, compram de produtor local, preparam seu próprio alimento e se inspiram no vegetarianismo e veganismo como modo de vida mais natural e de maior bem-estar. Todos esses esforços não são em vão”, finaliza.
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