07 de março, de 2025 | 07:00

No Dia Mundial da Oração, fiéis explicam como cada religião se comunica com a divindade

Por Isabelly Quintão - Repórter Diário do Aço
O Dia Mundial da Oração é comemorado anualmente na primeira sexta-feira do mês de março. A celebração, que este ano caiu neste dia 7, não é destinada somente a uma religião específica. A oração é um diálogo com o que dá sentido à vida dos fiéis, independentemente de suas crenças, em que eles podem fazer pedidos de necessidades ou de perdão, ou até mesmo compartilhar suas esperanças, satisfações, melancolias e temores.

O Diário do Aço ouviu pessoas da região que vivenciam esse ato religioso no dia a dia. O momento é especial de uma forma singular para cada uma delas, sendo capaz de criar ou fortalecer uma ligação espiritual.

O padre Fernando dos Santos Andrade é pároco da Paróquia Nossa Senhora do Bonfim, situada no bairro Cidade Nobre em Ipatinga, e destaca que a oração é comum em todas religiões, e que cada uma delas tem sua maneira de orar. “Orar significa falar com o Deus, com o criador, se aproximando da divindade. Nós temos várias formas de falar com Ele. As religiões têm seus ritos, suas liturgias, e a oração nos ajuda no dia a dia, a dar mais sentido a quem somos. Rezando, tomo consciência de quem eu sou, de quem é o ser humano. Não que a oração vá me anestesiar ou tirar da realidade diante de tantos sofrimentos, guerras, catástrofes e calamidades. Ela vai dar mais sentido a minha realidade, fazendo com que eu me sinta fortalecido para prosseguir a minha vida”, relata.

O pároco também pontua que, nas orações, se deve falar de tudo. “Até mesmo porque Deus já sabe de tudo. Ele sabe do que a gente precisa antes mesmo de verbalizarmos isso. Então, não precisamos ter receio de falar com Ele. Oração é falar com Deus. A oração é um diálogo de amor de um amigo com o seu amigo. Quando temos um amigo somos aberto a ele, somos autênticos e falamos o que queremos, o que bem entendemos e pensamos. Essa deve ser a nossa relação com Deus”, explica.


Para Diogo Carvalho, pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular, localizada no Caravelas, não há palavras-chaves para fazer da oração uma oração. “Que no Dia Mundial da Oração, nós possamos entender que orar é falar. E não de uma forma que a oratória seja perfeita, mas de um jeito que consigamos expressar o que de fato está em nosso coração”, enfatiza o pastor.

Já a mãe Fátima de Ogum, da Comunidade Tradicional Terreiro de Umbanda Ilê Axé de Ogum, no Canaã, alega que na umbanda, a jornada espiritual é pautada pelo axé. “Para nós, as mães de santo umbandista, a oração é uma forma de conexão espiritual com os Orixás, guias e entidades da Umbanda. Ela pode ser usada para pedir proteção, agradecer, buscar orientação ou fortalecer a fé. As orações podem ser feitas em momentos de necessidade, durante rituais ou como parte do desenvolvimento espiritual dentro da religião. Nós, umbandistas, não vivemos sem nossa oração diária, pois vivemos cada dia em prece. Nossa segurança está abaixo de Deus e sob a cobertura dos Orixás e guias espirituais”, detalha.


Sentido de conexão
Mãe Fátima de Ogum conta que seu caminho na umbanda começou na igreja católica. “Onde vivi intensamente o catolicismo e tive o desejo de me tornar irmã de caridade, sempre envolvido com a vida religiosa. No entanto, percebi que esse caminho exigiria o recolhimento em um convento, e meu verdadeiro propósito era estar entre as pessoas, ajudando ativamente, não apenas através da oração. Buscando um caminho que me permitisse viver essa missão de forma mais ampla, conheci o espiritismo. Foi lá que encontrei acolhimento e a oportunidade de realmente cumprir meu propósito: ajudar o próximo com amor e dedicação, enxergando cada pessoa pela sua essência, de dentro para fora, e não apenas por sua aparência ou circunstâncias externas”.


Dom espiritual
Lucimara Calderaro é membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que tem capelas nos bairros Centro, Bethânia e Iguaçu, em Ipatinga. Lucimara diz que, para os membros, a oração é um dom espiritual. “Nós acreditamos em um pai celestial amoroso que nos enviou a essa terra e preparou um caminho para que a gente pudesse retornar à presença dEle após cumprir nosso propósito divino. Para nós, a oração permite que permaneçamos conectados a Ele, para que a gente receba orientação, direção, consolo e tenha êxito na missão que viemos cumprir”, relata.


Candomblé
Maykon Henrique da Silva Brum mora em Coronel Fabriciano e segue o candomblé. Maykon frequenta um terreiro situado em Governador Valadares, chamado Ilê Asé Moinho Velho, dirigido pelo Babalorixá Antônio de Omolu. Ele conta que em sua religião, a oração é feita através de cantigas. “O dialeto Yorubá é o seu significado de comunhão com o sagrado momento, em que eu agradeço pelas graças alcançadas e desafios encontrados e peço força para continuar a minha jornada. A oração para mim significa solidificação, é através dela e da paz que obtenho nela que consigo reavaliar minha vida e as minhas atitudes para me tornar melhor para mim e para o mundo”, finaliza.