25 de fevereiro, de 2025 | 07:00
Pasárgada...
Nena de Castro *
Acordou na mesma hora de sempre. Pela janela pode contemplar o sol que surgia lançando sobre a Terra calor e luz. Cores e luzes e brilhos das plantas, refletindo a luz dos raios da bola incandescente que cruzava o céu. Uma brisa suave, quase um sussurro soprava saudando a manhã. Os bem-te-vis entoavam um canto escandaloso de alegria e diversos pássaros entoavam loas à claridade advinda do sol. Desfrutar a visão do verde em contraste com a terra avermelhada de onde brotavam suas plantas na horta e no pomar, fazia com que sonhasse com fartura e paz.Os pés de manga descansavam esperando a próxima florada, a parreira e suas lindas folhas, pés de goiaba, o laranjal... As galinhas ciscavam a terra acompanhando seus pintinhos, os patos grasnavam, os dois cães aguardavam que abrisse a porta da cozinha para entrar. Do lado direito da casa descia a água do morro que canalizara, havia sempre um ruído agradável quando caía da bica e tomava a direção do pequeno tanque de peixes.
As roseiras plantadas por Elisa estavam carregadas de flores e botões se entreabrindo ao calor do sol e o perfume era doce e agradável. Depois de arrumar o quarto, dar uma passada no banheiro e se cuidar, foi para a cozinha. Colocou água na chaleira, bateu os paus de lenha para tirar a cinza, cruzou gravetos sobre eles, colocou fogo nas folhas secas e daí a pouco as chamas crepitavam. A água ferveu e ele mediu o pó de café, colocou no coador e logo o cheiro de café fresco se espalhava pela casa.
Encheu a caneca, saiu pela porta da cozinha e sorveu o líquido devagar, apreciando a vista com os tons maravilhosos de verde das plantas. Decidiu. Ia dizer não ao comprador que fizera uma oferta pela propriedade. Não sairia dali. Ali estava o que amava, ali estavam as lembranças que Elisa deixara, quase podia vê-la cuidando das roseiras, sorridente e amorosa. Embora o filho casado quisesse que se mudasse para a cidade, continuaria a viver ali enquanto pudesse cuidar de tudo. Não queria ir para um lugar com trânsito confuso, barulhos horrendos, correria e tumulto.
Tudo o que queria era o verde, a paz e o contentamento que a terra dadivosa lhe proporcionava. Sabia que o mundo estava muito louco com homens desumanizados, guerras, lutas por poder...
Será que algum dia descobririam a inutilidade de suas conquistas que nada mais eram que um caminho para a aniquilação total? Ah, se parassem para perceber que massacravam pessoas, sonhos e um dia seriam todos aniquilados pela ambição? Suspirou tomando outra caneca de café e permitindo que seus olhos se enchessem de beleza, de verde felicidade, de paz. Sorriu e foi alimentar seus animais, ouvindo a sinfonia dos pássaros ecoando pelos ares em um frenesi de alegria. Sim, era possível ser feliz...
* Escritora e contadora de histórias
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
















Gildázio Garcia Vitor
25 de fevereiro, 2025 | 22:00Querida Bugra Velha, Pasárgada, para mim, é
"Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
[ ... ]
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
[ ... ]
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar".”