22 de fevereiro, de 2025 | 08:35

No Dia do Auxiliar de Serviços Gerais, trabalhadoras contam a história por trás de serviço feito com muito suor

Enviada ao Diário do Aço
Claudete Ventura trabalha como auxiliar de serviços gerais há 19 anosClaudete Ventura trabalha como auxiliar de serviços gerais há 19 anos
Por Isabelly Quintão - Repórter Diário do Aço
Neste sábado (22), celebra-se o Dia do Auxiliar de Serviços Gerais, uma profissão muitas vezes “invisível”. A data é dedicada a trabalhadores que se esforçam diariamente para manter o bom funcionamento de diversos locais. Eles são responsáveis por garantir que patrimônios públicos, residências, escolas, hospitais, ruas e avenidas sejam acolhedores.

O Diário do Aço ouviu trabalhadoras da região que exercem o trabalho com muito carinho e suor. Claudete Maria Ventura é uma delas. Com 48 anos, é casada e tem três filhas. Uma de suas meninas tem 15 anos e mora em sua casa, que fica situada no bairro Bandeirantes, em Timóteo.

Claudete trabalha como auxiliar de serviços gerais há 19 anos. Já passou por padarias, usinas e empresas terceirizadas. Para chegar até o local onde trabalha hoje, uma escola, leva uma hora de ônibus.

“Somos uma classe de trabalhadores que é mal remunerada. Tem muita gente ganhando sem fazer nada, e nós que pegamos pesado, lavamos banheiro, limpamos salas, subimos escadas carregando coisas pesadas, não somos reconhecidos. É um emprego que se ganha salário mínimo, não tem aumento, não”, reclamou Claudete, que apesar disso gosta da profissão. “Já tive a oportunidade de trabalhar em outro setor, mas não estudei muito, então foi o que me restou. É um salário que dá para cuidar da minha casa e ajudar o meu esposo”.

A mulher destaca que, em seu atual emprego, sente que tem liberdade de expressão e para interagir, e, principalmente, respeito. Mas relata que já sofreu preconceito em outras empresas. “O preconceito varia de lugar para lugar. O serviço que estou hoje é o emprego que pedi para Deus. O senhor realizou esse sonho de trabalhar em uma escola e cuidar de crianças. Faço tudo com amor. Mas em outros lugares, às vezes uma pessoa vinha e o vaso que eu acabava de limpar ela não dava descarga, jogava papel no chão. Entravam em salas que eu tinha acabado de limpar, com o chão ainda molhado, sujando tudo. As pessoas não colaboram quando a gente está limpando. Em uma empresa que trabalhei, eu lavava 15 banheiros e limpava quatro salas por dia. Eu não tinha ajuda de ninguém.
Chegava no final do dia e eu estava exausta. Precisavam ter contratado mais funcionários para que o trabalho não ficasse tão pesado”, detalha.

“Fora que é um trabalho arriscado. Mexemos com produtos químicos e precisamos de EPIs. Tem empresas que infelizmente ainda não fornecem. E são procedimentos que exigem muita tensão e o corpo se desgasta. Corremos risco de pegar bactérias. Para limpar os ambientes é exigido muita atenção”, complementa.

Indiferença
Jocieli Moreira Fagundes, de 42 anos, moradora do bairro Esperança, em Ipatinga, é mãe solteira e tem uma filha de dez anos. Leva 40 minutos para chegar até seu local de serviço. Atualmente, tem seu carro, mas conta que já sofreu bastante com ônibus, a pé, e de bicicleta. A ipatinguense, que trabalha na profissão há sete anos, é responsável por limpar uma residência atualmente.

“Muitas pessoas perguntam ‘qual é a sua profissão?’, e aí você fala. Te olham com cara de desprezo e nojo logo em seguida, e ainda falam ‘ah, eu trabalho no escritório, ou no hospital [...]’, desfazendo da nossa profissão”, detalha, ao citar situações em que foi tratada com indiferença. “A maioria das pessoas pensam que podem sujar só porque temos a obrigação de manter um ambiente limpo. Já tive experiências em que a pessoa falava ‘deixa que fulana pega, fulana limpa, ela está recebendo para isso’”, acrescenta.

“Fazemos três, quatro, ou até mais funções e o salário não aumenta. Um ex-patrão meu queria que eu fizesse várias no mesmo dia, me cobrando de uma forma chata, constrangedora. Quando não dá mais, te mandam embora. Nós, funcionários, não aceitamos tudo que eles [patrões] falam, não abaixamos a cabeça. Precisamos trabalhar, com certeza, mas a escravidão já acabou há muito tempo”.

Trabalho duro
Já Lucimar Pereira da Silva mora perto do local de trabalho, uma associação em Ipatinga. Seu meio de transporte é uma bicicleta. Ela tem 39 anos, é casada e tem dois filhos. Mora no bairro Ideal. Há 25 anos trabalha na profissão.

Ela destaca que a colaboração facilitaria muito os afazeres. “Poderiam reduzir a carga, investindo em infraestrutura e no social, de uma forma que facilite o cuidado individual e o trabalho doméstico. Dedicamos nosso tempo praticamente todo ao nosso serviço. Trabalhamos duro e com muito suor, e temos pouco tempo para passar com a nossa família. Não temos muito lazer. Temos nossa autoestima destruída. Nunca fui desrespeitada nesse meu local de trabalho, mas é uma profissão que aguenta muitos insultos e xingamentos”, enfatiza.
Enviada ao Diário do Aço
Deliane reforça que a profissão é um serviço honesto e digno assim como qualquer outraDeliane reforça que a profissão é um serviço honesto e digno assim como qualquer outra

Serviço digno
Deliane Raimunda Inácio tem 32 anos e é moradora do bairro João XXIII, em Timóteo. A auxiliar de serviços gerais é casada, não tem filhos e leva cerca de dez minutos caminhando até seu serviço, uma entidade local.

Ela reforça que a profissão é um serviço honesto e digno assim como qualquer outro. “É uma área muito importante. Imagina um ambiente sujo, onde você chega e não quer ficar ali por conta do mau cheiro. Como por exemplo, um banheiro ou uma entrada cheia de folhas e terras, sem ninguém para recolher. Então, o auxiliar de limpeza está ali para isso: cuidado e zelo”, finaliza.

Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Jonata Lessa

23 de fevereiro, 2025 | 18:34

“Obrigado!”

Felipe da Cunha Sant'ana

23 de fevereiro, 2025 | 12:36

“Tenho interesse em trabalhar na empresa”

Elania Alves Siqueira

22 de fevereiro, 2025 | 21:58

“Parabéns,a todas nós que somos do serviço gerais,eu tbém trabalho numa escola.éuito gratificante saber que tem pessoas que lembram da gente,e que somos gente e não cachorros,por ter esse tipo de profissão!
Muito obrigado á todos por nos parabenizar!”

Opa

22 de fevereiro, 2025 | 21:00

“Parabéns parabéns”

Erica

22 de fevereiro, 2025 | 19:58

“Parabéns pelo nosso dia ,trabalho digno ,honesto é indispensável.”

Euler

22 de fevereiro, 2025 | 09:51

“Parabéns a Essas guerreiras e guerreiros pelo vosso dia!! deveriam ser bem remunerados, são pessoas que tem dedicação pelo que faz, como é bom chegar na empresa e encontrar o ambiente limpo e organizado, como é bom chegar em casa e vê tudo limpinho e cheiroso.
são pessoas que suam mesmo e dão o seu melhor.
recebem ai em uma faxina media de 80,00 e quando é fichadas recebem menor ainda.
vocês merecem ter um salario melhor . Deus vos abençoe.”

Gildázio Garcia Vitor

22 de fevereiro, 2025 | 09:11

“Que legal! Não sabia que temos um dia dedicado aos Auxiliares dos Serviços Gerais.
Aproveito o espaço para agradecer e parabenizar a todos os profissionais que deixam o nosso ambiente de trabalho e de convivência, em boa parte do dia, mais acolhedor e agradável, especialmente os das Escolas Municipais Deolinda Tavares Lamego e Chirlene Cristina Pereira e do Instituto Mayrink Vieira.
OBRIGADO! PARABÉNS#”

Envie seu Comentário