18 de fevereiro, de 2025 | 08:00

De buena-dicha, quedas e sapatos...

Nena de Castro *

O escritor Carlos Mota conta que em sua terra, Minas Novas, um certo fazendeiro procurou uma cigana para que ela lhe lesse a mão, a chamada “buena dicha”. A cigana examinou sua mão e vaticinou: “vai morrer por causa de uma vaca”. O homem ficou tão impressionado que se trancou em casa, não mais ia à igreja ou à casa de parentes, os quais o aconselharam a se mudar para a capital.

Então ele deixou a fazenda com a família e se mudou para Belzonte, passando a morar em um apartamento próxima da Praça Sete, que naquele tempo, era um local tranquilo e familiar... Mesmo não gostando de viver em um local tão diferente de sua fazenda, onde tinha espaço e liberdade ele tratou de se acostumar, fazer o quê? Só que relutava em sair, temendo uma chifrada de alguma vaquinha que podia estar por ali. Passaram-se os meses, e ele, sempre vigiando da janela; como não via sequer sinal de vaca pela praça, ruas e avenidas próximas, tomou a decisão.

Resolveu descer e dar umas voltas pelo centro, para respirar um pouco. Tudo ia bem, até que um cambista gritou: - OLHA A VACA! – e abalado pelo susto o homem caiu, infarto fulminante. Muito azar, coitado.

Falando em azar, ali pelos idos de 1976, os Novos Baianos fizeram uma apresentação no Teatro Chico Nunes. A moçada compareceu em peso para ver e ouvir Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Baby Consuelo e Paulinho Boca de Cantor. Quase no fim do espetáculo, muitos dos que assistiam ao show resolveram subir ao palco, cantar e dançar com seus ídolos.

Zé Luzia, um estudante do interior que morava numa pensão, havia adquirido um sapato plataforma, aquele que fazia o cidadão parecer que usava uma perna de pau e se sentia muito feliz por estar “nos trinques”, foi um dos primeiros a subir e pulava com gosto ao som de “Brasileirinho”.

Só que o palco do teatro não suportou o peso e afundou com um barulhão tremendo e muita poeira. Lá embaixo, embolados, os músicos, baterias, guitarras, as filhas de Baby Consuelo, os fãs que subiram ao palco...

Os bombeiros chegaram, retirando as vítimas pelo subsolo do teatro e felizmente, ninguém ficou ferido gravemente. Só o Zé não aparecia e seu amigo preocupado perguntou a um bombeiro por ele. - É um sarará apaixonado por seu sapato? O amigo disse que sim e o militar retirou o Zé praticamente à força, pois o rapaz insistia em revirar as tranqueiras em busca de um pé do sapato que sumira na queda. Zé foi levado para a pensão pelo amigo e dizia chorando: Pôxa eu não paguei nem metade das prestações do desgraçado. E para terminar, a fórmula do povo da roça para espantar “puiga”, rs. “T’esconjuro puiga/ com toda testemunha/ arrocho ocê no dedo/arrocho ocê na unha!
A Bugra: T’esconjuro esTRUmPiço/ pelas bobagens que faz/ pisando nos outros países/ fazendo o que lhe apraz!

Um dia o cipó arrebenta/vai ser uma marafunda / nem usando água benta/ vai sarar a sua ...! E nada mais digo!

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