16 de fevereiro, de 2025 | 08:00
Dia do Repórter: profissionais do Vale do Aço contam desafios enfrentados nos bastidores das reportagens
Cristiane Rodrigues
Para Marina Bhering, a rotina é correr atrás da notícia, mas não existe rotina dentro do Jornalismo hard news
Para Marina Bhering, a rotina é correr atrás da notícia, mas não existe rotina dentro do Jornalismo hard news Por Isabelly Quintão - Repórter Diário do Aço
O dia 16 de fevereiro é dedicado a profissionais que apuram informações diárias para levá-las de forma responsável à população. O repórter sempre escuta a história de alguém, de um lugar ou fato, e seleciona criteriosamente o que pode ser transformado em notícia. No Dia do Repórter, profissionais que atuam no Vale do Aço contaram ao Diário do Aço as suas rotinas de trabalho e os maiores desafios enfrentados na era das notícias falsas e plágio (cópia não autorizada do trabalho alheio), além de destacarem a importância da profissão.
Marina Bhering se formou há 12 anos e já trabalhou com assessoria de comunicação, produção de conteúdo para mídias sociais e produção e execução de programas de turismo por todo o estado. Ela conta que sua rotina de trabalho como repórter e produtora na Inter TV dos Vales, afiliada à Rede Globo no Leste de Minas Gerais, é acelerada. Chego à redação já de olho nos factuais da noite anterior e início da manhã para repercutir no primeiro jornal. Todo dia planejo o dia seguinte, ou seja, quais assuntos vão ser pauta dos nossos três telejornais diários, mas todo esse planejamento muda completamente se aparecer algum acidente, homicídio, ou grandes operações policiais. A rotina é correr atrás da notícia, mas não existe rotina dentro do Jornalismo hard news. Já saí de um vivo de carnaval direto para um homicídio. Essa adrenalina impede qualquer rotina monótona”, detalha.
Marina também pontua que, para o repórter, é fundamental respeitar as fontes oficiais e ampliar a voz de quem vive o problema, situação ou contexto, sem interferir no sentimento daquela pessoa ou induzir respostas. No entanto, em algumas vezes, não é encontrado o mesmo respeito ao Jornalismo. Além de lidar com a desinformação e a falta de interpretação, outro desafio, principalmente para quem é repórter de rua, como eu, é o desrespeito. Até hoje somos atacados verbalmente por quem não respeita o Jornalismo sério”.
Apuração, ética e desafios
Marcus Lessa atua no período da tarde e noite como editor do Jornal de Vanguarda”, da rádio Vanguarda FM, em Ipatinga, e, de manhã, como repórter da TV Leste, afiliada à Record TV, na sucursal Vale do Aço. Com 18 anos de experiência em Jornalismo, começou no impresso e depois migrou para o radiojornalismo. Em sua visão, o combate à desinformação na era das fake news é o principal desafio de um jornalista. Atualmente, o Jornalismo perdeu o protagonismo de ser porta-voz da informação, diante de conteúdos postados nas redes sociais, em sua maioria, por pessoas sem ética e formação profissional”.
Arquivo Pessoal
Além de ser repórter de cidades da InterTV, Samuel faz narrações esportivas para a rádio Vanguarda FM 91.3
Além de ser repórter de cidades da InterTV, Samuel faz narrações esportivas para a rádio Vanguarda FM 91.3 Já o jornalista Samuel Carlos é repórter da InterTV e faz narrações esportivas para a rádio Vanguarda FM 91.3. Sua trajetória teve início há dois anos. Ele destaca a importância da apuração. A pessoa que está atrás de uma informação quer saber o que de fato aconteceu, porque aconteceu, onde, quando e como aconteceu, além do resultado daquilo. No Jornalismo, não podemos contar a história de um lado só. Temos que ouvir todas as fontes possíveis. A maioria das pessoas que vão acessar a notícia são pessoas comuns, por isso a importância de entregar um conteúdo de qualidade e profissional para que ela fique satisfeita”, afirma.
Anderson Figueiredo
Stéphanie Lisboa teve diversas passagens na área jornalística, começado há cerca de 12 anos
Stéphanie Lisboa teve diversas passagens na área jornalística, começado há cerca de 12 anos O faz-tudo” do jornalista
Stéphanie Lisboa começou há cerca de 12 anos. Teve uma breve passagem pela Rádio Assembleia e já foi apuradora e produtora de TV, atuando na Record em Belo Horizonte. Trabalhou no Diário do Aço como repórter e hoje não reporta mais notícias, mas dá suporte a colegas como assessora de comunicação da Prefeitura de Ipatinga.
Na emissora, como apuradora, encarei muitas madrugadas trabalhando de meia-noite às 6h, de segunda a sexta-feira. Enquanto a maioria das pessoas dormia, eu avançava a noite ligando para batalhões da PM, Corpo de Bombeiros, postos da PRF e Guarda Civil, em busca de notícias como eu costumava perguntar: Alguma ocorrência de destaque?. Na produção o trabalho já era um pouco diferente. Em vez de localizar algo que estava acontecendo naquele momento, eu precisava encontrar assuntos considerados frios e pautar o repórter. Tive a oportunidade incrível de trabalhar no Diário do Aço como repórter, enfrentando o desafio diário de pensar em uma matéria, correr atrás de fontes e escrevê-la”, conta.
Ela reforça que o Jornalismo exige superação diária. Nessa caminhada, vi casos muito tristes e crimes chocantes. Também tive a oportunidade de contar belas histórias de esperança e ajudar pessoas que precisavam expor suas situações para conseguir apoio. Cobrir casos de grande repercussão também nos desafia a superar dificuldades e aprimorar nossa sensibilidade. Além disso, há os desafios da migração entre diferentes áreas dentro da comunicação impresso, rádio, TV. Mas, com certeza, as madrugadas de trabalho exigiram de mim a maior superação. Eu tinha medo de tomar furo, perder alguma notícia ou dar um direcionamento errado à equipe de reportagem. Mas posso dizer que aprendi e amadureci muito. Foi desafiador também migrar da TV para o impresso e assumir a missão de transmitir a notícia por meio de textos”, relata.
24 horas
Arquivo Pessoal
Para Jefferson Rocha, gestor da filial Vale do Aço da rádio Itatiaia, jornalista é a profissão do cotidiano
Para Jefferson Rocha, gestor da filial Vale do Aço da rádio Itatiaia, jornalista é a profissão do cotidianoNa avaliação de Jefferson Rocha, gestor da filial Vale do Aço da rádio Itatiaia, jornalista é a profissão do cotidiano. Ele trabalha com rádio há mais de 27 anos e pontua que a profissão transmite seriedade e confiança. Existem várias profissões que você pega 8h e larga 18h e acabou. Diferentemente de outras profissões, os médicos e os jornalistas são médicos e jornalistas 24 horas. Por isso é importante que o jornalista esteja atento nos assuntos de política, crime, esporte, saúde, economia e cidades, porque as pessoas confiam no que ele fala”, aponta.
O repórter vai ter diferença quando ele trata o seu material com um zelo, dedicação, apuração técnica. Temos um outro problema que é justamente combater, ter que lutar contra o Jornalismo mal feito, sem técnica, apuração e responsabilidade. O Jornalismo mal feito prejudica toda a classe”, acrescenta.
Desenvolvimento da comunicação
O jornalista e professor universitário Marcelo Duarte enfatiza que o desenvolvimento da comunicação digital democratizou a informação e também permitiu que mais pessoas passassem a produzir e divulgar conteúdo, mas que existe uma distância muito grande entre divulgar informação e ser jornalista. Além de aprender e desenvolver técnicas jornalísticas, na faculdade de Comunicação Social, o profissional em formação tem a oportunidade de refletir e aprofundar sobre tudo que envolve o fazer jornalístico. As questões éticas, as questões legais, a função social, os impactos da profissão. Tudo isso permite o desenvolvimento integral do profissional. Não é garantido que todos os jornalistas diplomados trabalhem com a correção devida. Mas a chance de que isso ocorra é muito maior. A falta de preparo de quem se comunica e de quem recebe a informação pode gerar impactos destrutivos. É o que vimos durante a pandemia e que temos visto diariamente”, finaliza.
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Sebastião Alves
17 de fevereiro, 2025 | 05:15A total falta de regulamentação da profissão abre portas para que pessoas sem a menor qualificação se apresentem como jornalistas. Essa gente está por aí, agora também nas redes sociais divulgando coisas sem a devida apuração, cometendo irregularidades de toda sorte. Ainda bem que a Justiça tem funcionado bem e quem é prejudicado tem a quem recorrer. A informação é um recurso humano que precisa ser tratada com zelo.”
João Batista Trevenzoli
16 de fevereiro, 2025 | 10:50Fui jornalista de mídia impressa por uma década. Tenho muito orgulho dessa fase de minha vida.”
Geraldo
16 de fevereiro, 2025 | 09:52Meus parabéns a todos os repórteres pelo seu dia, em especial ao Custódio e Welinton Fred, pela competência, seriedade e zelo com que tratam a notícia.
Vocês são exemplos a serem seguidos.”
Geraldo
16 de fevereiro, 2025 | 09:42parabéns aos repórteres pelo seu dia.
Tive oportunidade de conhecer alguns e o grande prazer de ser entrevistado por profissionais exemplares como o Custódio e Welington Fred a quem estendo os parabéns pelo dia e pela seriedade, competência e extremo zelo com que conduzem a notícia.
Vocês dois são exemplos a serem seguidos.”