12 de fevereiro, de 2025 | 08:30

A 381 e o diálogo com os municípios

Antonio Nahas Junior *

O evento de lançamento da assunção da BR 381 pela concessionária vencedora do certame licitatório, - Grupo 4UM - não poderia ter sido mais oportuno. Realizado dia 6/2 em Belo Oriente, por razões políticas, contou com a presença dos Ministros Alexandre Silveira e Renan Filho; do Diretor da Concessionária, Marcelo Boaventura, de Parlamentares de diversos partidos; Prefeitos da região e até mesmo do nosso Governador, que se negara a ir a Brasília na solenidade de assinatura do contrato de concessão. O anúncio de uma série de obras também merece nota 10: nada de deixar para depois. O início das ações deixa claro que a concessão é prá valer e que vai atuar sobre pontos críticos, melhorando rapidamente esta BR, palco de tantas infelicidades.

O Ministro Renan Filho e o Diretor do grupo 4UM, Marcelo Boaventura, mostraram sua disposição para o diálogo e interação com os municípios que serão beneficiados, sobretudo, aqueles que terão suas vias urbanas modificadas pela duplicação da Rodovia. Parabéns, à Engenharia nacional, que se mostra tão aberta ao diálogo com as partes interessadas nos projetos em execução.

Não há mais espaço na sociedade brasileira para a execução de projetos complexos e multidisciplinares como este, sem a participação e o diálogo com a sociedade e todo o público atingido. Certamente, a concessionária tem por obrigação seguir o projeto licitado, porém, sempre caberá espaço para alguma flexibilidade. Em muitas cidades, como Ipatinga, a 381 se transforma em uma via urbana, com pontos de travessia de pedestres e tráfego de motos, ciclistas e motoristas em busca da sua labuta diária. Existem ainda as interseções com as vias urbanas previamente existentes e a rodovia não pode se transformar numa muralha de trânsito, impedindo a integração das diversas regiões da cidade. O tráfego de veículos deve aumentar e, caso não sejam tomadas as medidas necessárias, os acidentes de trânsito também irão.

A localização das passarelas; a vedação dos trechos da rodovia para o trânsito de pedestres; a sinalização da via; os limites de velocidade; a acessibilidade e integração entre as diversas regiões da cidade; os cruzamentos com vias urbanas preexistentes ( ou a construção de viadutos e trincheiras ) tem que se transformar em objeto de diálogo aberto e construtivo entre as cidades, o Ministério dos Transportes e a concessionária.

Basta irmos até o nosso Aeroporto para vermos o que a falta de diálogo constrói: para melhorar a acessibilidade ao aeroporto foi feita uma obra imensa, um viaduto caro, porém, apenas sobre a ferrovia, deixando para trás, sem solução, a passagem em nível sobre a BR-458.
“Não há mais espaço para execução de projetos complexos, sem participação e diálogo com a sociedade”


Além disso, a duplicação deverá gerar uma série de empreendimentos lindeiros à estrada: Hotéis; oficinas; postos de gasolina; restaurantes; borracharias, e será necessário a reserva de locais apropriados para sua instalação, propiciando novos empreendimentos para a região.

O acesso ao projeto de duplicação pelos governos municipais e pelas entidades de classe torna-se então fator importante para o sucesso desta obra tão valiosa para nossa região. Todos saem ganhando. Estradas bem sinalizadas, mais seguras, com menos acidentes, atraem mais veículos. E os motoristas pagam pedágio de boa vontade.

Como diz o economista Michael Porter, os objetivos entre os empreendedores e a sociedade são comuns. Se há interação, gera-se mais valor, que é compartilhado entre todos (Criação de Valor Compartilhado - Michael Porter e Mark Kramer).

E o diálogo permitirá também que sejam visualizadas as oportunidades para o desenvolvimento regional, tirando proveito da melhoria logística, o que deverá levar à atração de empreendimentos econômicos. É o que está sendo realizado pelos movimentos ProVida e Nova 381, este último coordenado pelo ipatinguense Luciano Araújo, com a Fiemg Regional Vale do Aço, já entraram em contato com a 4UM para marcação de encontros regionais.

Outro ponto: durante a fase de obras, obstáculos e imprevistos surgirão. O Governo Federal acertou ao retirar da concessão as obras entre Belo Horizonte e Caeté, reservando um bilhão para as obras e 300 milhões para as remoções e desapropriações. Trata-se do trecho mais crítico da duplicação, sujeito a obstáculos de toda ordem, sobretudo políticos, pois os recursos advirão da União. É importante o acompanhamento constante das obras em todo o seu trecho pelos governos municipais e entidades interessadas, com o Governo do Estado, para evitar que problemas localizados se transformem num obstáculo para que a duplicação ocorra de forma coordenada em toda a extensão BH-Governador Valadares.

É hora de aproveitar a oportunidade aberta pelo Poder concedente e concessionária. Fiemg, Aciapi-CDL, Agenda de Convergência e governos municipais poderiam agir.

* Economista, empresário. Morador de Ipatinga

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