04 de fevereiro, de 2025 | 00:01
OMS estima aumento de 50% na incidência do câncer nos próximos 20 anos
Inca: no Brasil, os tipos de câncer mais comuns são o de pele não melanoma, seguido da mama, próstata, intestino e pulmão
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Nos últimos 20 anos, o crescimento dos casos já foi de 100%, evidenciando a necessidade de maior atenção à oncologia

O Dia Mundial do Câncer, celebrado em 4 de fevereiro, é um momento crucial para conscientizar a população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce da doença. O câncer continua sendo uma das principais causas de mortalidade no mundo, e as estimativas apontam para um crescimento expressivo nos próximos anos. O médico oncologista da Unidade de Oncologia do Hospital Márcio Cunha (HMC), Luciano Viana, destaca que a chave para enfrentar essa realidade está na adoção de hábitos saudáveis e no acompanhamento médico regular.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a projeção feita em 2012 indicava que, até 2030, o número de novos casos de câncer por ano chegaria a 20 milhões. No entanto, essa marca já foi atingida em 2022. Mesmo diante de previsões mais pessimistas, estima-se um aumento de 50% na incidência da doença nos próximos 20 anos. Nos últimos 20 anos, o crescimento já foi de 100%, evidenciando a necessidade de maior atenção à oncologia, especialmente no que se refere à prevenção. A prevenção primária, voltada para a redução dos fatores de risco, e a prevenção secundária, que busca o diagnóstico precoce da doença, são fundamentais para tornar os tratamentos menos agressivos e mais eficazes.
De acordo com o médico, o aumento dos casos de câncer tem explicações diversas, como o envelhecimento da população e as mudanças nos hábitos de vida. O consumo excessivo de produtos ultraprocessados, ricos em gordura e açúcar, leva ao sobrepeso e à obesidade, fatores que aumentam o risco da doença. Além disso, novos desafios surgem com a popularização do cigarro eletrônico entre os jovens, tornando-se uma porta de entrada para a dependência da nicotina e, consequentemente, para doenças graves no futuro.
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Oncologista do Hospital Márcio Cunha, Luciano Viana, explica como hábitos saudáveis e detecção precoce podem reverter esse cenário

Prevenir é o melhor remédio
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Brasil, os tipos de câncer mais comuns são o de pele não melanoma, seguido da mama, próstata, intestino e pulmão. A doença pode ocorrer em qualquer idade, mas o risco aumenta após os 50 anos. Por isso, a atenção aos fatores de risco e a realização de exames preventivos são essenciais.
Por isso, o médico oncologista enfatiza que a prevenção primária é o primeiro passo para evitar o desenvolvimento de tumores. Os cuidados diários são essenciais, e a alimentação tem um papel fundamental. É importante manter uma dieta rica em verduras e frutas, reduzir o consumo de carne processada e evitar álcool e cigarro. O tabagismo, por exemplo, deve ser completamente eliminado, pois está diretamente ligado a diversos tipos de câncer, especialmente o de pulmão. Além disso, o uso de protetor solar e a limitação da exposição ao sol entre 10h e 16h ajudam na prevenção do câncer de pele”, explica o especialista.
Outro aspecto essencial é a prevenção secundária, que consiste no diagnóstico precoce. Luciano Viana reforça a importância dos exames de rotina para homens e mulheres a partir dos 45 anos. No caso do câncer de intestino, exames como o de sangue oculto nas fezes ou a colonoscopia são fundamentais para detectar possíveis alterações. Já para as mulheres, a mamografia deve ser feita a partir dos 40 anos, podendo ser complementada com ultrassonografia, caso necessário. O exame preventivo para o câncer de colo do útero também deve ser realizado regularmente com um ginecologista”, alerta.
A vacinação também desempenha um papel importante na prevenção de alguns tipos de câncer. A imunização contra o HPV protege contra tumores do colo do útero e da orofaringe, enquanto a vacina contra hepatite B evita inflamações crônicas no fígado que podem evoluir para câncer hepático.
A evolução do tratamento
O diagnóstico de câncer ainda assusta, mas a medicina tem evoluído para oferecer tratamentos cada vez mais eficazes e menos invasivos. O médico explica que o tratamento oncológico exige uma abordagem multidisciplinar, do modo que é feito na Unidade de Oncologia do HMC. O câncer é uma doença complexa e seu tratamento não pode ser feito de maneira isolada. Médicos, enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais trabalham juntos para garantir que o paciente receba o melhor cuidado possível. O suporte emocional e estrutural também é essencial para que o paciente e sua família enfrentem a doença com dignidade e esperança”, destaca o oncologista.
A Unidade de Oncologia do HMC destaca-se como um dos principais centros de combate ao câncer, sendo referência para cerca de 1,6 milhão de pessoas, de 87 municípios mineiros. Mais de 85% dos atendimentos são destinados ao SUS, e a FSFX mantém seu compromisso em oferecer tratamentos de alta complexidade, como radioterapia, quimioterapia, cirurgia oncológica e um Centro Integrado de Medicina Nuclear, que oferta de exames de alta complexidade, tendo como destaque o moderno equipamento de PET-CT (Positron Emission Tomography PET), um dos mais notáveis avanços científicos das últimas décadas.
O oncologista reforça que a ciência tem avançado significativamente na luta contra o câncer. A oncologia é uma área fascinante porque há constantes inovações, desde novos medicamentos até técnicas menos invasivas. Hoje conseguimos personalizar os tratamentos, entender melhor as características moleculares dos tumores e utilizar terapias direcionadas, como a imunoterapia e a terapia-alvo. Além disso, avanços na cirurgia robótica e na radioterapia garantem procedimentos mais precisos e menos agressivos”, explica Luciano Viana.
O principal recado de Luciano Viana é que a prevenção e o diagnóstico precoce fazem toda a diferença. Quando o câncer é descoberto no início, as chances de cura ultrapassam os 90%. Por isso, é fundamental adotar hábitos saudáveis, realizar exames periódicos e buscar atendimento médico sempre que necessário”.
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