01 de fevereiro, de 2025 | 08:00
Sustentabilidade para Miguel Setas
Antonio Nahas Júnior *
Miguel Setas ocupa a Presidência Executiva do Grupo CCR, que é referência em infraestrutura de mobilidade no Brasil. O Grupo gere 11 concessionárias e administra 3.615 quilômetros de rodovias no país. Português de nascimento, físico de formação, está há treze anos no Brasil.Mas, ele é muito mais que isso: trata-se de um líder empresarial talentoso, com ideias desafiadoras e criativas. "Em suma, o Brasil tem condições únicas de ser, pelos seus recursos naturais, energéticos e pela exuberância do seu tecido social, uma superpotência da sustentabilidade, com um papel de charneira(**) na agenda mundial para a transição para uma economia de baixo carbono e para uma sociedade mais justa e equitativa", afirma Miguel Setas no 10º Capítulo do seu livro GIGANTE PELA PRÓPRIA NATUREZA (***).
Neste livro, o autor revela-se uma verdadeira charneira para todo o empresariado. Suas posições sobre transição energética, sustentabilidade e ESG são de uma ousadia incomparável. Questiona, primeiramente, o conceito de sustentabilidade. Afirma que o nosso modelo de desenvolvimento se centra na expansão ilimitada de negócios e do crescimento econômico, mesmo havendo a consciência da finitude dos recursos naturais e dos impactos ambientais do crescimento, hoje refletidos na crise climática. Considera que nós, humanos, nos transformamos numa "superpotência geológica, mais forte que o movimento das placas tectônicas, que a atividade dos grandes vulcões ou do choque dos meteoros com o planeta". E arremata: "Pela primeira vez na história do Planeta, uma das espécies que nele habita é capaz de mudar o clima".
Assim, considera que, antes de tudo, faz-se necessário uma refundação ética, para o novo humanismo. No lugar do modelo antropocêntrico, que coloca o homem no centro de tudo, para outro, que traz a ecologia para o centro. Para ele, é hora do homem não olhar apenas a sua vivência, como seres humanos, mas também para os viventes vicinais, que são como vizinhos. Seriam então novos valores, que levam em conta o que não é humano, contemplando a vida na sua plenitude. "Quem ama, cuida. Temos o privilégio de estar na Terra e viveremos melhor quanto mais nos relacionarmos com a natureza de maneira carinhosa, afetiva, cuidadosa."
Propõe o conceito de Evolução Integral para substituir as definições atualmente utilizadas para sustentabilidade e desenvolvimento sustentável.
Evolução, porque "não queremos um desenvolvimento que se faça pela negativa, à custa da depreciação da natureza..."
São ideias desafiadoras: da dimensão sobrevivência, chegamos ao fim no último degrau - transcendência”
Integral porque "... queremos um modelo de evolução que nos considera como... seres físicos, emocionais e espirituais. Que nos considera como herdeiros de uma história e portadores de um legado para as próximas gerações".
A partir desta definição o autor propõe o conceito de Evolução Integral, contendo 21 vetores de evolução, organizados em sete dimensões. São elas:
1- Saúde + alimentação + água, que remete à dimensão sobrevivência; 2 - Energia + Clima + Ecologia: Dimensão planeta; 3 - Ciência + Tecnologia + Indústria: Dimensão sistema produtivo; 4 - Cidade + Transportes + Comunicações: Dimensão urbanização; 5 - Política + Social + Econômica: Dimensão Vida em sociedade;
6 - Memória + Cultura + Conhecimento: Legado civilizacional: o tripé que diferencia o homem de qualquer outro ser vivo;
7 - Moralidade + Religiosidades + Espiritualidade: Com relação as últimas dimensões, o autor afirma que poderia parecer inusitado sua escolha. Mas, "não tenho dúvidas que estes vetores da sociedade nos ajudam a ganhar uma consciência abrangente e holística; o que nos torna mais sintonizados com o caminho que faz sentido para a espécie humana no planeta".
Como dissemos, são ideias desafiadoras: da dimensão sobrevivência, chegamos ao fim no último degrau - transcendência. Todos os 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) foram contemplados e complementados com outras dimensões.
Certamente, a história de vida do autor, que manteve contato com comunidades indígenas; ONGs; moradores de rua, ajudou a formatar esta concepção de mundo tão completa e profunda. O mais importante é que tais ideias não são produto apenas de reflexões e estudos acadêmicos. São fruto do trabalho e da ação de um empresário de forte influência no Brasil, que ainda achou tempo para ler muito e escrever.
E termina seu livro estimulando os empresários a fazerem o mesmo: "A responsabilidade" (dos empresários" é triplamente relevante. Na definição do que fazemos, do como fazemos e com quem fazemos. Os líderes têm muitos graus de liberdade nas suas decisões e podem influenciar o destino de grandes, médias e pequenas organizações".
* Economista, empresário, morador de Ipatinga
** Correia de transmissão
*** Gigante pela própria Natureza - Liderança Além do ESG na Maior Potência Ecológica do Mundo; Gente Editora. 2a Edição.
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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