29 de janeiro, de 2025 | 09:00

Duplicação da 381: melhor notícia do século XXI

Antônio Nahas Junior *

Quem trafega pela BR-381, indo e voltando de Belo Horizonte por anos a fio, como eu fiz, sabe que se trata de uma aventura: pavimento irregular, curvas acentuadas, falta de visibilidade para ultrapassar, trânsito intenso de ônibus e caminhões, atrasos e interrupções permanentes. Terminamos a viagem esgotados. Sua recuperação, modernização, duplicação, correção de trechos, será um alívio.

E para o desenvolvimento da região, um grande impulso. Sua importância foi analisada em documento publicado pela Fiemg, intitulado Infraestrutura e Desenvolvimento Econômico, elaborado pela Houer Concessões. Segundo este estudo, Minas Gerais possui a maior rede rodoviária do país: 8.432 quilômetros, incluindo estradas não pavimentadas. E foi onde ocorreu também o maior número de acidentes, no ano de 2023, quando foram registrados 9.000 acidentes, envolvendo mais de 22.700 pessoas, das quais, 11.727 feridos leves ou graves. Além disso, 700 mortos, seguido dos estados da Bahia e do Paraná, com quase 600 mortos. A consultoria estima que esses acidentes custaram ao país (perda de cargas, saúde, atrasos e vidas humanas) mais de R$ 22,3 bilhões de reais.

Em Minas Gerais, a maioria dos acidentes ocorreu na 381: 2.641 acidentes; 6.731 pessoas envolvidas; 3.435 feridos leve ou gravemente. E 171 mortos. Cerca de 30% dos registros de acidente e 24% dos óbitos ocorreram na 381, aí incluídos também o seu trecho já concedido. A BR-381 penetra no estado no eixo Sul/Sudeste e atravessa 54 municípios, atingindo 5,6 de milhões de pessoas, cerca de 27,5% dos mineiros, conectando Minas Gerais aos estados de São Paulo e Espírito Santo.

Possui extensão de 872,2 km, sendo que o trecho entre Belo Horizonte e São Paulo é administrado pela concessionária Autopista Fernão Dias. Já o nosso trecho tem extensão de 303 km (entre Belo Horizonte e Valadares).

O estudo alerta para as vantagens da concessão, pois a arrecadação de pedágio permite a manutenção das rodovias, diminuindo acidentes; o tempo de deslocamento dos produtos e os custos de manutenção.

A facilidade ao acesso logístico, proporcionados por uma infraestrutura rodoviária de qualidade, incentiva a indústria e, consequentemente, a geração de empregos. Empresas tendem a se estabelecer onde seus custos indiretos – recebimento de mercadorias; transporte de produtos – sejam competitivos.
“Acesso logístico e infraestrutura rodoviária incentivam a indústria e a geração de empregos”


Ao fim, a Consultoria apresenta seus números. Com a execução das obras previstas – duplicação de 107 km; 82 km de pistas adicionais; correção de traçados em 102 locais – a concessão deverá reduzir em 161 mil toneladas a emissão de gases efeito estufa. E mais importante: a diminuição dos custos de manutenção; do consumo de combustível; lubrificantes; do desgaste dos pneus; custos de mão de obra; depreciação dos veículos, levará à redução dos custos operacionais em mais de R$ 1,75 bilhões de reais.

Imprevistos acontecerão - O receio de todos nós, são os imprevistos. Sabemos que os trechos 8A e 8B, entre Belo Horizonte e Caeté não serão feitos pela concessionária, mas financiados por verbas federais. Esperamos que os recursos estejam garantidos e não sejam objeto de cortes orçamentários. Além disso, no trecho concedido, muitos imprevistos surgirão: desapropriações difíceis; interações com a comunidade a serem equacionadas (como por exemplo, localização de passarelas; sinalização deficiente). E o traçado da rodovia será objeto de muitas discussões e reivindicações.

Felizmente, o CREA anunciou o acompanhamento online dos trabalhos. Haverá um container que será instalado diretamente na área da obra e será publicado um boletim mensal. Segundo seu presidente, Marcos Gervásio, será montado um comitê de acompanhamento, com a presença do DNIT e prefeituras do entorno.

Grande iniciativa. Este comitê pode se tornar canal de diálogo permanente entre a Concessionária; municípios e o Governo federal. O desafio não é fácil de ser vencido. Hora de unirmos forças – todos nós, independente de partidos ou vocações políticas – na defesa da nossa região. E viva a 381 duplicada!

* Economista, empresário. CEO da NMC Integrativa. Morador de Ipatinga. Há 40 anos sofrendo na BR-381.

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Comentários

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Cleber Sousa

29 de janeiro, 2025 | 23:49

“Só acredito vendo.... Esse presidente já prometeu em gestão anterior e não cumpriu.... Pra mim é mais uma conversa fiada....ainda mais que vem recessão por aí..... Aguarde e veremos.... Tá igual mulher que trai. Uma vez e diz que não vai fazer mais isso... Cê acredita?”

Humberto Abreu

29 de janeiro, 2025 | 18:18

“Parabéns , Editor do Diário do Aço, por mais um excelente e oportuno artigo do Professor Antônio Nahas. Que poder de síntese!”

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