19 de janeiro, de 2025 | 08:40
Município de Ipatinga afirma que não recebeu alerta antecipado sobre riscos de deslizamentos e enxurradas no dia 12/1
Eude Aerton/Divulgação
Previsão de chuva passada para a administração municipal de Ipatinga era de 5 a 20 mm para domingo

O temporal que atingiu o Vale do Aço dia 12/1 completa hoje uma semana. Não foram gerados alertas sonoros antecipados nos celulares, o que pegou a população de surpresa. A administração municipal de Ipatinga informou ao Diário do Aço que não recebeu (de forma antecipada) a previsão de riscos do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), órgão responsável por enviar esses alertas.
Além de não ter recebido o alerta para esses desastres, o governo local informou que a previsão de chuva de sábado (11) para domingo (12) recebida era de 5 mm a 20 mm, número dez vezes menor do que o registrado, que foi, pelo menos, 200 mm. Os alertas sonoros da Defesa Civil só chegaram para a população no fim da noite de domingo, quase 24 horas após o temporal que arrasou parte do município.
Previsão de riscos
Em contato com a reportagem do Diário do Aço, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) informou que os avisos das instituições oficiais são emitidos para as autoridades", e quem deve orientar a população é a Defesa Civil municipal. O instituto informou, ainda, que como a região vinha com chuvas frequentes desde a última segunda-feira, por certo, havia sim alerta de inundações e deslizamentos”.
Entretanto, ao procurar o alerta no portal oficial do Cemaden na internet, a reportagem não encontrou a previsão de deslizamentos de terra em Ipatinga para o fatídico domingo, apenas de enxurrada. Para o dia 12 de janeiro, foram publicados dois informes de previsão de riscos, um no sábado e um na madrugada de domingo, momento em que caia a chuva na cidade. O boletim divulgado no sábado (11) informava para o risco moderado de possibilidade de ocorrência de eventos hidrológicos nas Regiões Geográficas de Colatina e São Mateus do Espírito Santo, com atenção especial para o nível do rio Doce e São Mateus; Regiões de Governador Valadares, Ipatinga, Teófilo Otoni, e Belo Horizonte em Minas Gerais”.
Nestas regiões há previsão de chuva com possibilidade de pancadas localizadas de intensidade moderada à forte, principalmente a partir da tarde, e associado ao elevado índice de umidade no solo e acumulados de precipitação registrados nos últimos dias, não se descarta a possibilidade de ocorrência de inundações graduais, enxurradas e alagamentos temporários em áreas rebaixadas com drenagem deficiente”, continuou a previsão.
O órgão federal divulgou que os deslizamentos de terra em Minas Gerais estavam previstos nas Regiões Geográficas Intermediárias de Belo Horizonte (MG) e Juiz de Fora (MG)”.
A segunda previsão, publicada às 03h11 do dia 12, informa que as regiões de Governador Valadares, Ipatinga, Teófilo Otoni e Belo Horizonte” deveriam estar atentas por conta das pancadas de chuva de intensidade moderada à forte, principalmente a partir da tarde, e associado ao elevado índice de umidade no solo e acumulados de precipitação registrados nos últimos dias” e, por isso, a possibilidade de inundações graduais, enxurradas e alagamentos temporários em áreas rebaixadas com drenagem deficiente” não estava descartada.
Previsão de deslizamentos
Entretanto, a reportagem apurou que havia um comunicado de risco moderado para deslizamentos de terra em Ipatinga, publicado pelo Cemaden para os dias 9 e 10 de janeiro. Durante a 3ª Reunião de Avaliação das Condições Hidrometeorológicas da Bacia do Rio Doce, promovida dia 8/1 pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), Marcelo Seluchi, representante do Cemaden, informou que, nos primeiros sete dias do ano, o índice de precipitação foi de 63,3 mm, enquanto o previsto para este mês era de 173 mm.
Para os próximos sete dias, teremos chuvas com previsões acima da média. Já do dia 16 de janeiro até o dia 22, continuaremos com chuva, de normal a acima do normal. Então, serão duas semanas com chuva importante. Nos próximos 14 dias, teremos cerca de 150 milímetros de chuva”, destacou durante a reunião.
Chuva prevista para a região
Ao Diário do Aço, o Inmet informou que a previsão de chuva para o Vale do Aço variava entre 180 e 260 mm para o mês de janeiro. Porém, apenas no dia 12, Ipatinga registrou cerca de 204 mm de chuva e, ainda, até o dia 16 de janeiro, o município de Timóteo já registrava 383,8 mm de chuva.
O governo de Ipatinga informou que a chuva do fatídico domingo representou 18,4% do volume anual de precipitação pluviométrica no município”. As autoridades divulgaram que, nos últimos 30 anos, a média de chuva em janeiro é de 174 mm ou 5,8 mm/dia. Ou seja, o temporal que atingiu o município foi maior que a média mensal registrada em janeiro nas últimas três décadas.
O Cemaden foi procurado pela reportagem e não retornou o contato até o fechamento desta reportagem, no sábado (18). Já, no domingo, encaminhou nota oficial contestando as informações. O órgão também alega que a assessoria de comunicação não recebeu o pedido de informações e, por isso, não respondeu. A nota sobre os alertas é a seguinte:
Resposta do Cemaden
Diferentemente do que foi publicado, o Cemaden/MCTI emitiu alertas devidamente antecipados (0203/2025, às 01h48, em 12/1/2025, NIVEL ALTO para movimento de Massa; 0204/2025, às 3h05, em 12/01/2025, NIVEL ALTO para risco hidrológico), os quais, após suas emissões, foram imediatamente enviados para o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e de Desastres - Cenad/MIDR e para a Defesa Civil do município de Ipatinga, para as ações de preparação, mitigação, respostas e socorro necessárias (de responsabilidade da Defesa Civil). Os alertas foram encaminhados para os e-mails dos responsáveis cadastrados no Sistema S2ID do MIDR, sendo de responsabilidade do município manter esses contatos anualizados. Em outras palavras, o jornal Diário do Aço informou de forma inverídica que os alertas não foram enviados.Por outro lado, as Previsões de Risco Geo-Hidrológicos são disponibilizadas diariamente no portal do Cemaen, sendo de responsabilidade dos municípios consultá-las. Tais previsões são elaboradas para fornecer uma análise antecipada com foco regional sobre a probabilidade de ocorrer processos hidrológicos ou geodinâmicos para o dia seguinte, com o objetivo de permitir uma preparação inicial das equipes de Defesa Civil, que podem ser depois confirmadas, explicitadas e detalhadas através de alertas específicos, como foi o caso do dia 12 de janeiro. O jornal Diário do Aço confunde Previsões de Risco com Alertas de Riscos de Desastres, sendo esse erro de responsabilidade da edição do jornal.
Finalmente, a matéria insere também uma fala fora de contexto do Coordenador Geral de Operações e Modelagem do Cemaden (em referência a uma reunião com foco na situação hidrológica do rio Doce), ainda que, de toda forma, confirma a previsão de chuva acima do normal para a região.
Já publicado:
- Trabalhador relembra ''choque'' ao chegar em casa na manhã do dia 12
- Abrigado no Ipatingão relata momentos de tensão no último dia 12: ''nós tivemos que sair às pressas''
- Dez pessoas perderam a vida nos deslizamentos de terra em Ipatinga dia 12/1
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Fabricio
19 de janeiro, 2025 | 11:35O Poder Público municipal pode muita coisa, mas não pode tudo, culpar administração do prefeito reeleito com excelente percentual de votos, e intriga , pois foi alardeado em sua campanha o quanto foi, o POSSIVEL, e pelo visto deve ter sido muito, de muros e ações nos morros, e pra quem não viu, mas até o bairro cariru, teve deslizamento terra, portanto, é só tirar o foco da crítica, e dar o nome como voluntário nos abrigos e locais acolhimento que a prefeitura criou para dar assistência aos mais 1000 desabrigados, que aí sim, vai ter lugar de fala.”
Pedro Henrique
19 de janeiro, 2025 | 10:04Quantas encostas o prefeito tiktok fez nos últimos 4 anos? Quantas famílias foram removidas das áreas de risco?”
Eliel
19 de janeiro, 2025 | 09:05O PROBLEMA É QUE NINGUEM PÕE O DEDO NA FERIDA.
A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR É, O PREFEITO FEZ O DEVER DE CASA AO DESBRISTUIR PREVENTIVAMENTE AS CANALETAS, AS MANILHAS DAS PONTES DOS RIBEIROES, REDES PUBLIAIS, CONTENÇÃO DE MORROS E ENCOSTAS?? NADA DISSO FOI FEITO, AGORA É FACIL COLOCAR CULPA NA NATUREZA, CRIIAR UMA FALSA NARRATIVA SENDO QUE O BURACO É MAIS EMBAIXO, PORQUE A IMPRENSA NÃO QUESTIONA O GOVERNO MUNICIPAL? CULPAR A NATUREZA E SAIR BRAVATANDO QUE O MUNICÍPIO PRECISA DE 500 MILHOES NO JUTÔMETRO, SÓ PRA POR A MÃO NO DINHEIRO PRA FAZER SEI LÁ O QUE É MUITO FACIL. KD O MINISTERIO PUBLICO DE IPATINGA QUE NÃO SE MANIFESTA?”