
18 de janeiro, de 2025 | 08:53
Número de desabrigados em Ipatinga sobe para 157
Eude Aerton/Divulgação
Desde a tragédia, o Ipatingão foi utilizado como principal ponto de abrigo para os atingidos

A Defesa Civil Municipal, com apoio da Defesa Civil Estadual, a Guarda Civil Municipal e o Crea-MG, ampliou na sexta-feira (17) os atendimentos aos atingidos pela chuva em Ipatinga.
Conforme o governo municipal, a cada dia aumenta o número de atendidos e de imóveis vistoriados. Agora, já são 230 residências verificadas, o que provoca também uma significativa elevação do número de desabrigados. De segunda (13) para quinta-feira (16), ele saltou de 130 para 157 pessoas, havendo necessidade de criação de novas estruturas de apoio. Os desalojados, assistidos por parentes e outros, passaram de 400 para 799.
Com o reforço de um grupo de engenheiros e geólogos, a força-tarefa se dividiu em oito equipes e assumiu os trabalhos de vistoria em áreas que ainda não haviam sido visitadas para avaliação.
Vistoria
Os moradores das ruas Lion, Pusco, Estocolmo, Berlim, Porto e Bonn, na região do Bethânia, estavam nessa lista e foram visitados nesta sexta. Todos já haviam registrado chamado na Defesa Civil. Quem ainda não recebeu a visita deve entrar em contato com a Defesa Civil pelo telefone 3829-8181, o aplicativo Fala Ipatinga e o Instagram @defesacivil_ipatinga.
Apesar do avanço dos trabalhos, ainda há barro em muitas ruas, dentro de casas e encostas, ameaçando residências e vias de tráfego caso chova novamente. Por isso, é grande a necessidade do trabalho da Defesa Civil chegar a estes locais para atender as famílias. É o reflexo de uma tragédia que exigirá um grande esforço de recuperação.
Novos abrigos
Para dar mais conforto aos abrigados, a administração pública decidiu transferir as estruturas de apoio instaladas no Ipatingão e nas escolas Chirlene Pereira, no Bethânia, e Altina Gonçalves, no Iguaçu, para o Centro Comunitário Cristão (C3), no Jardim Panorama, e o antigo alojamento de funcionários da Usiminas na rua João Napoleão da Cruz, 186, Centro.
O espaço do antigo alojamento da Usiminas é amplo e foi totalmente limpo e dedetizado. Possui 34 quartos com camas, refeitório, área de convivência e banheiros. No C3, há espaço para 200 pessoas.
Recomendações da Defensoria Pública
Também nesta semana, a Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG) expediu recomendação ao município, orientando a adoção de providências e ajustes nas condições de abrigamento das pessoas desalojadas e desabrigadas.
A recomendação tem por foco os cuidados com a proteção de grupos hipervulnerabilizados em situações de desastre: mulheres, crianças e adolescentes, pessoas idosas e com deficiência.
O documento foi emitido resulta do atendimento de assistência jurídica emergencial ofertado no dia seguinte às enchentes e deslizamentos, por defensores públicos da comarca de Ipatinga às famílias acolhidas no abrigo temporário organizado no Estádio Ipatingão.
Na ocasião, foi possível identificar a ausência de espaços separados e com privacidade para as famílias abrigadas, permitindo a convivência inadequada, no mesmo ambiente, entre adultos, crianças, adolescentes e idosos de diferentes núcleos. Observou-se também a necessidade de ampliação dos serviços de assistência material, sobretudo na disponibilização de itens de higiene pessoal, entre eles fraldas e absorventes higiênicos”.
No abrigamento estruturado de forma emergencial no Ipatingão, a Defensoria Pública detectou falta de infraestrutura capaz de assegurar os direitos de intimidade e privacidade às famílias e aos seus membros. Como o abrigamento é oferecido em um estádio de futebol, os banheiros não contam com portas nos chuveiros e nos vasos sanitários, além de haver carência de cômodos adequados para acolher as famílias separadamente. Tais situações, segundo o documento, contribuem para fragilizar a garantia de direitos fundamentais à intimidade, à segurança e à proteção contra violências sexuais.
A recomendação da Defensoria Pública cita também a Lei Municipal 3.221/2013, que organiza a Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil (COMPDEC) e estabelece ser atribuição do órgão a elaboração do Plano de Ação ou Plano de Contingência, a partir de uma determinada hipótese de desastre, explicitadas todas as ações dos órgãos e atitudes das pessoas envolvidas no atendimento aos atingidos pelo desastre”.
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]