31 de dezembro, de 2024 | 09:00

Pânico causado pelos fogos de artifício pode fazer com que animais sofram no ano-novo

Por Isabelly Quintão - Repórter Diário do Aço
Embora a chegada do novo ano seja motivo de comemoração, pode gerar pânico para quem tem bichos de estimação. E não só animais domésticos, como cães e gatos, sofrem com estímulos dos fogos de artifício disparados, mas também idosos e crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Em entrevista à reportagem do Diário do Aço, a veterinária Richelly Caroline, que atua em Coronel Fabriciano, pontuou que os bichos têm uma audição muito mais aguçada do que os seres humanos. “O barulho que eles ouvem é muito maior, muito mais ampliado do que ouvimos normalmente. Alguns animais têm reação, com medo, ficam traumatizados. Outros podem apresentar reações fisiológicas mais graves, como aumento da frequência cardíaca, que leva a infarto, vômito, diarreia, tremores, convulsões, e até mesmo óbito”.

Com a queima dos fogos, muitos animais desaparecem nessa data e, alguns, nem sequer retornam para a casa. “Por isso a gente incentiva o uso de identificação, bem como manter o animal seguro, além de não deixá-lo sozinho. E a maioria foge, alguns animais nunca mais são encontrados. Outros sofrem lesões tentando fugir, igual aconteceu com um animal que atendi no ano passado. Esse animal chegou ao ponto de ficar preso com a cabeça na grade da casa, porque tentam passar em locais que eles nem conhecem, só para tentar escapar dos barulhos de tanto que ficam com medo. Alguns animais precisam de tratamento na hora, porque dão crise convulsiva, e também podem ficar dias em choque”, alegou a Richelly.

Fiscalização deve ser maior
A veterinária também destacou que as pessoas precisam ter mais sensibilidade, porque os animais são seres vivos, com sentimentos. “Eles não falam como a gente, mas também têm sentimentos. É preciso evitar que o animal entre em quadro de estresse. Dependendo, ele entra em um quadro que vai até mesmo a óbito. O tutor também terá um gasto de achar um veterinário de confiança, que leve o bem-estar que o animal merece”.

Segundo ela, não só faltam leis municipais, como também deve haver mais rigor com as fiscalizações. “Não adianta ter lei se o município não fiscalizar, se o município não ficar em cima e proibir a comercialização, até mesmo tentativas de venda on-line”, complementou.

Animais já começaram a fugir com fogos no Natal
A moradora de Timóteo, Mariana Lopes, contou à reportagem do Diário do Aço que ouviu relatos sobre animais que fugiram devido aos estímulos dos fogos de artifício disparados. Ela tem duas cachorras e prioriza ficar em casa durante a virada de ano para a segurança delas.

“Infelizmente, eu não posso sair de casa na virada. Uma das minhas cachorras fica nervosa, late, já a outra treme, pula em cima da gente, chora, tem pavor. O coraçãozinho dela fica muito acelerado. Ou eu deixo elas com minha mãe, ou levo para onde vou. Se não puder levar, não saio de casa. Tenho uma porta de vidro que o meu medo é arrebentar. Se solta foguete aqui, a cachorra já começa a bater nessa porta querendo entrar. Tenho medo de ela ficar nervosa e infartar, que é um caso que acontece com inúmeros animais, alguns já fugiram, até morreram no Natal. Fiquei sabendo de vários casos”.

A tutora reforça que o que faz é “prendê-las no meu quarto, que é um local onde não podem se machucar, ligo o ar-condicionado e a televisão no máximo, brincando com ela. Também fecho todas as portas e janelas. Mesmo assim, não adianta 100%. Ainda ficam agitadas e sofro com esse medo”, concluiu.

Leis sobre proibição
Em Ipatinga, a Lei nº 4.165, de 11 de maio de 2021, dispõe sobre a proibição da queima e soltura de fogos de artifício de estampido de tiro seco no âmbito do município e dá outras providências.

Já em Timóteo, é a Lei nº 3.862, de 28 de junho de 2022 que proíbe o manuseio, a utilização, a queima e a soltura de fogos de estampidos e de artifícios, assim como quaisquer artefatos pirotécnicos de efeito sonoro ruidoso na cidade.