31 de dezembro, de 2024 | 08:50

Moradora de Coronel Fabriciano celebra 105 anos com lucidez e disposição

Por Silvia Miranda - Repórter Diário do Aço
Uma moradora do bairro São Geraldo, em Coronel Fabriciano, chama a atenção pela idade: 105 anos, comprovados pela carteira de identidade, carteira de trabalho e título de eleitor, documentos guardados com orgulho pela família. No entanto, sua lucidez e disposição impressionam ainda mais. A centenária caminha com certa facilidade pela casa, desce e sobe uma pequena escada sozinha e relembra, com muitos detalhes, histórias de sua vida.

Virgínia Matias da Costa nasceu no município de Joanésia em 4 de outubro de 1919. Por volta dos 20 anos, mudou-se para Coronel Fabriciano, onde trabalhou no antigo Hospital Siderúrgica, na extinta Companhia Agrícola Florestal (CAF) e, em 1965, começou a trabalhar no antigo Colégio Angélica, então chamado de Ginásio Angélica.

Dona Virgínia conta que, no início, trabalhava apenas em troca de comida e moradia, passando a receber salário posteriormente, fato registrado na velha carteira de trabalho. Segundo ela, essa era uma prática comum na época. "Ninguém tinha salário. Depois, eu passei a receber um pouco. Quando saí, não lembro quanto eu ganhava, mas está aí na minha carteira", menciona.



Ela guarda lembranças carinhosas da instituição educacional e se alegra com as muitas viagens feitas na companhia das religiosas. Onofra dos Santos, de 86 anos, filha de Virgínia, relata que parte da família chegou a morar na casinha de Dom Helvécio, arcebispo de Mariana e fundador do colégio. Posteriormente, a família construiu um pequeno barraco para acomodar outra filha.

Os descendentes
Após se casar, dona Virgínia teve quatro filhas, das quais apenas duas estão vivas. Uma das meninas faleceu com apenas dez meses de idade, e outra aos 61 anos. Apesar disso, a família cresceu. Segundo a bisneta Sabrina Matias Santana, atualmente são 11 netos, 23 bisnetos e 17 tataranetos.

O segredo da longevidade
Viúva desde os 29 anos, Virgínia nunca se casou novamente. Para sua bisneta Sabrina, esse pode ser o segredo de uma vida tão longa. Ainda de acordo com a bisneta, Virgínia gosta de fazer pequenos serviços em casa. Católica e muito religiosa, a centenária reflete sobre sua trajetória. "Se eu estou vivendo, é da vontade de Deus. Mas eu nunca fui para porta de boteco, nunca bebi, nunca fumei, minha vida foi sempre assim", conta orgulhosa.

Amor pela costura
Após se aposentar, Virgínia continuou a fazer trabalhos de artesanato na casa onde mora. Ela fala com saudade de sua paixão pela costura, uma atividade que hoje não consegue mais fazer. "Queria pegar minha máquina, costurar, mas hoje eu não consigo. Eu pelejo, mas as mãos endureceram, não consigo mais", relata.