17 de dezembro, de 2024 | 07:54
Mudanças climáticas dão prejuízo a agricultor de Ipatinga
Arquivo Pessoal
José Zacarias, suas filhas e neta (na foto) atuam com agricultura familiar em sua propriedade, a Fazenda do Zaca
Por Isabelly Quintão - Repórter Diário do Aço
O Vale do Aço tem enfrentado oscilações no tempo nos últimos meses, com o calor intenso e a chuva forte. Em entrevista ao Diário do Aço, José Zacarias, de 80 anos, que atua na área agrícola, meio ambiente, educação ambiental e ecoturismo, na Fazenda do Zaca, na localidade de Tribuna, zona rural de Ipatinga, conta que teve prejuízo de R$ 6 mil somente em agosto deste ano, visto que perdeu seis canteiros de hortaliças.
As filhas de Zaca atuam na agricultura familiar. Elas cultivam com o pai hortaliças, bananas, milho e mandioca. Na propriedade, há também uma Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN).
Contudo, as mudanças climáticas são capazes de gerar impactos para os agricultores, visto que o setor agrícola depende de um ambiente favorável para uma produção saudável. O agricultor relata em entrevista que as altas temperaturas ou o excesso de chuva têm prejudicado suas hortaliças, bem como o milho e o feijão. Hortaliças são prejudicadas por chuva fora do normal ou por muito calor, e o recurso contra a chuva é fazer o plantio em estufa, mas o investimento é alto; e para o sol pode amenizá-lo usando sombrites. O milho é afetado quando enfrentamos o famoso veranico, o feijão, com muita chuva, começa a melar e brotar dentro das vagens. O milho e feijão já torna mais difícil, na falta de chuva você pode irrigar, mas com o sol não temos recurso”, detalha.
Zaca pontua que não existe apoio para sanar os problemas enfrentados, detalhando que já passou pela perda da produção, o que provocou consequências econômicas. Você quando perde a produção tem que computar a mão de obra para o plantio, semente, e você deixa de vendê-la. Já tivemos perda de seis canteiros de hortaliças, total de R$ 6 mil em um mês”, complementa.
Como as mudanças climáticas interferem na agricultura?
O pesquisador do Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Lavras e professor de Educação Básica do Governo do Estado de Minas Gerais, o timoteense Felipe Machado, explica em entrevista ao Diário do Aço que a agricultura é um dos setores mais prejudicados pelas mudanças climáticas. Associados, o efeito estufa e o aquecimento global podem causar prejuízos incalculáveis para os produtores rurais. Esses fenômenos podem causar um aumento excessivo de chuva. Com esse aumento, o solo pode ficar encharcado, reduzindo o oxigênio disponível para as raízes das plantas. Esse processo diminui a absorção de nutrientes e aumenta a probabilidade de apodrecimento das raízes. Além disso, o solo pode ser lavado, formando erosões em áreas produtivas; e os nutrientes carregados para um rio ou lago próximo, gerando problemas de eutrofização”, detalha.
O professor acrescenta que o veranico consiste em um período curto, seco e quente durante uma estação chuvosa e prejudica a produção do milho nos processos de germinação, a polinização e o enchimento dos grãos. A falta de chuva nesse período reduz a taxa fotossintética, e sem fotossíntese, a planta cresce menos, apresenta amarelamento das folhas e retarda o processo de polinização. Além do mais, a falta de água limita o transporte de nutrientes e açúcares das folhas para os grãos, comprometendo a fecundação das espigas, resultando em menos grãos formados, falhas na espiga e levando a espigas menores, menos pesadas e com menor qualidade. A combinação de polinização comprometida, falta de enchimento dos grãos e redução no crescimento pode causar perdas significativas. Em casos severos, o prejuízo pode ultrapassar 50% da produtividade esperada”.
Felipe também destaca que existem situações delicadas nesses dois extremos climatológicos, uma vez que o sol excessivo causa estresse térmico e hídrico, gerando perda de água pelas plantas; prejuízo na fotossíntese com o murchamento das plantas e queda precoce de folhas, flores e vagens. A insolação excessiva pode provocar lesões por queimaduras em folhas e até na casca das vagens, comprometendo a qualidade dos grãos. No extremo oposto, com excesso de chuvas há o impedimento da respiração das raízes, causando asfixia radicular. Logo as plantas ficam amareladas e param de crescer. Solos encharcados facilitam a proliferação de fungos e bactérias, que atacam as raízes e as vagens, levando ao apodrecimento”, conclui.
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Rodrigo
17 de dezembro, 2024 | 11:30Daqui a pouco aparece um negacionista (terraplanista) climático por aqui, infelizmente, são milhões no Brasil.”