07 de dezembro, de 2024 | 08:00
O caso da Diva do Avião, direitos, deveres e limites
Carlos Alberto Costa *
Entre quinta-feira (5/12) e sexta-feira, não havia um canto da internet não onde se falava do caso Jeniffer Castro, a Diva do Avião”, que se recusou a levantar-se do assento no voo que tinha comprado para ceder a uma criança, um menino de três anos, que queria viajar no lugar em que ela estava sentada.Uma filha mais velha da mãe da criança tentou constranger a passageira gravando a cena com um celular para pressioná-la. No vídeo cita que a mulher não tem empatia com crianças. Quem acusava ainda recebeu apoio de outros passageiros. A tripulação nem sequer deu sinal de vida para mediar uma solução. Jennifer manteve sua posição, exercendo seu direito de permanecer onde havia escolhido. Serena, com um fone de ouvido a jovem mulher acompanhou o barraco” armado pela mãe e terceiros, que a acusaram de falta de empatia.
Dava até para ficar do lado da mãe, se não fosse por um detalhe: a criança já tinha conseguido outro assento na janela do avião, mas insistia que queria o da jovem passageira e a mãe a poiou a atitude do filhinho. É importante lembrar que, desde 2016, as companhias aéreas decidiram transformar o assento em acessório e quem quiser escolher o lugar precisa pagar taxas extras por isso. Quem não compra o serviço tem o assento escolhido de forma aleatória pelas companhias.
O fato ganhou repercussão e o efeito gerado com a divulgação do vídeo gravado pela mãe foi o contrário do esperado. A jovem virou celebridade, com milhares de pessoas manifestando solidariedade e a ela. No Instagram, Jeniffer Castro já tinha 1,5 milhão de seguidores até o meio dia de sexta-feira.
O episódio levantou uma importante reflexão sobre respeito e limites. Essa situação vai além de um assento no avião. Trata-se de entender que o mundo não gira ao redor de nossas vantagens. Ensinar limites e lidar com frustrações é parte essencial do desenvolvimento emocional, especialmente para crianças. Dizer não neste caso não é falta de empatia, mas um gesto responsável que demonstra que direitos devem ser respeitados. O episódio mostra que firmeza e respeito são fundamentais para uma convivência saudável.
O episódio expõe um comportamento comum, em que crianças, ao serem tratadas como intocáveis, são educadas para virar futuros tiranos. Estar em uma situação social e passar por uma frustração é muito comum, e os pais precisam estar preparados previamente para lidar com isso. Quando pais cedem a todas as vontades dos filhos, mesmo à custa de direitos alheios, perpetuam uma lógica em que qualquer não” é visto como uma afronta. Essa dinâmica forma adultos que desprezam regras e acreditam estar acima de qualquer restrição. Jeniffer foi um exemplo de como manter o equilíbrio diante de uma situação constrangedora, criada por outra pessoa.
* Professor aposentado
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Gildázio Garcia Vitor
07 de dezembro, 2024 | 09:24Excelente! Parabéns!
Esta "Diva do Avião" merece uma canção de algum "herdeiro" do Grande, Imensurável, Maestro Antônio Carlos Jobim, que entre muitas maravilhas, compôs o "Samba do Avião".”