02 de dezembro, de 2024 | 06:24

Geriatra chama atenção para aumento de casos de HIV em idosos

Profissionais da saúde devem solicitar testagem aos idosos, já que o diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento.

Agência Brasil
Neste domingo, dia 1º de dezembro, foi lembrado o Dia Mundial de Combate à Aids. A campanha do Dezembro Vermelho, mês escolhido desde 2017 para a mobilização nacional, chama a atenção para as medidas de prevenção, assistência e proteção dos direitos das pessoas com o vírus HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis. No fim de semana, diversas cidades tiveram mobilização e ações de prevenção.
Reprodução
Boletim Epidemiológico sobre HIV/AIDS do Ministério da Saúde, entre 2011 e 2021, o número de idosos que testaram positivo para o vírus quadruplicouBoletim Epidemiológico sobre HIV/AIDS do Ministério da Saúde, entre 2011 e 2021, o número de idosos que testaram positivo para o vírus quadruplicou


De acordo com dados do Boletim Epidemiológico sobre HIV/AIDS do Ministério da Saúde, entre 2011 e 2021, o número de idosos que testaram positivo para o vírus quadruplicou. O geriatra e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Marco Túlio Cintra, explica que são diversos os fatores ligados a esse aumento, entre eles a falta de campanhas direcionadas a esse público. O médico acrescentou que os números podem ser ainda maiores, já que é grande a subnotificação por falta de testagem.

E ainda já um agravante: Nem todos os infectados com o HIV desenvolvem a Aids, mas são capazes de transmitir o vírus para outras pessoas, em caso de relação sexual sem proteção.

Em entrevista à Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Cintra contou que ocorre, em muitos casos, de o paciente apresentar sintomas como o emagrecimento acentuado e os médicos investigarem câncer, sem desconfiarem de HIV. Segundo o especialista, é fundamental que os profissionais da saúde solicitem a testagem aos pacientes idosos, já que o diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento.

O número de idosos com HIV quadruplicou nos últimos dez anos. A gente está falando de que números?

Marco Túlio Cintra - O número é maior. Há um aumento progressivo que o número de testagens não justifica. E aí vai para uma terceira questão que as pessoas se surpreendem pelo número de casos porque no imaginário das pessoas a vida sexual do idoso se enterrou. É um aumento progressivo em uma faixa etária preocupante.

Tem a ver com fatores comportamentais também?

Cintra - No idoso, geralmente, há múltiplas causas. Os nossos profissionais não pensam na possibilidade do vírus HIV para os idosos. Então é descoberto com doença já manifesta com sintomas de Aids numa fase mais avançada. Outra questão importante que não é comentada: não se direcionam campanhas de prevenção para pessoa idosa. Então a informação não está chegando.

Esse vírus é mais preocupante para a pessoa idosa?

Cintra - Quando se fala em pessoa idosa, não todos obviamente, mas há um perfil de mais doenças. Há uma alteração no sistema imune. Muitos tomam muitos medicamentos. É uma questão que quando entra o vírus HIV complica. Pode haver interações medicamentosas, de um medicamento atrapalhar o outro, tem maior dificuldade com o tratamento porque essas pessoas têm mais problemas de saúde.

Tem muita resistência, principalmente com relação ao público masculino, com relação ao uso do preservativo nessa faixa etária?

Cintra - Entre os idosos, a preocupação do uso é menor. Muitos idosos não imaginam que eles estão se expondo. Muitas vezes as campanhas são voltadas para grupos e não por comportamento de risco. O comportamento de risco pode estar em qualquer faixa etária, inclusive nos idosos que são sexualmente ativos.
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Comentários

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Psf

02 de dezembro, 2024 | 07:07

“Os idosos devem ser alvo de campanhas preventivas, incluindo a prática de sexo seguro. Preservativos devem estar disponíveis nos locais onde os idosos vivem e se socializam.”

Boachá

02 de dezembro, 2024 | 06:58

“Esta crescente no número de casos entre a população idosa possui diversas causas, entre estas o baixo uso de preservativos nessa faixa etária, uma vez que já não há a preocupação com uma gravidez. Outro fator desta lista é a disseminação de medicamentos amplamente utilizados para tratar a disfunção erétil.”

Tião Marreta

02 de dezembro, 2024 | 06:57

“A verdade é que com o fácil acesso a medicamentos de disfunção erétil ( tadalafila, viagra e cialis ) o idoso passou a ter uma sobrevida sexual, devido isto,a ampliação do número de casos de infecção pelo HIV na população idosa aumentou.

Outros fatores também contribuíram como por exemplo: prolongamento da sobrevida,escassez de campanhas direcionadas à prática sexual segura entre idosos, como a utilização de preservativos, além da existência de tabu sobre a sexualidade na velhice. Ademais, destaca-se a carência de conhecimento nesse segmento a respeito da patologia pelo próprio idoso.”

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