01 de dezembro, de 2024 | 06:00

Três finais

Fernando Rocha

Ainda de ressaca pela perda do título da Copa Sul-Americana, o Cruzeiro só empatou na última quarta-feira com o Grêmio, 1 x 1, diante de quase 20 mil torcedores, no Mineirão.

Hoje, às 18h30, enfrenta o desesperado Bragantino, em Bragança Paulista, onde vai reencontrar o ex-técnico Fernando Seabra, atual comandante do adversário que está encravado na zona de rebaixamento, 18º colocado, com 37 pontos.

O time celeste teve uma melhor atuação contra o Grêmio, saiu do esquema tradicional do técnico Fernando Diniz, abandonou a perigosa e ineficiente saída de bola da defesa ao ataque, criou mais e desperdiçou inúmeras oportunidades.

Matheus Pereira voltou a jogar um bom futebol, o mesmo se pode dizer dos laterais William e Marlon, mas a dupla de zaga formada por João Marcelo e Villalba voltou a falhar.

Agora, restam três “finais” – Bragantino (fora), Palmeiras (casa) e Juventude (fora) -, para a Raposa alcançar seu principal objetivo da temporada: a classificação à Pré-Libertadores de 2025.

Atitude impensada
Na última terça-feira, véspera do jogo com o Grêmio, a diretoria do Cruzeiro resolveu receber na Toca da Raposa-2 um grupo de integrantes da Máfia Azul, maior torcida organizada do clube, para uma reunião que contou com a presença do técnico Fernando Diniz e de alguns jogadores, entre eles, o goleiro Cássio.

A comissão técnica e os jogadores do clube foram cobrados diretamente e receberam até um manifesto dos torcedores, chancelados pela diretoria, contendo cobranças diretas por resultados.

Nada profissional e não concordo com isso, ainda mais em se tratando de Cruzeiro, um dos maiores clubes do país e do continente.

Entendo que o torcedor, aquele que paga ingresso, tem todo o direito de vaiar, protestar, mas somente nas arquibancadas, desde que sem vandalismo ou violência.

Esse tipo de encontro nunca dá certo, causa constrangimentos desnecessários, pois atletas e comissão técnica são também trabalhadores, e ninguém gosta de ser cobrado no seu local de trabalho.

Acaba o tiro saindo pela culatra, pois estes encontros inoportunos soam mais como uma ameaça, ainda mais pelo tipo de gente que representa e frequenta as torcidas organizadas.

FIM DE PAPO

O sucesso de uma equipe de futebol depende muito mais da qualidade do seu elenco do que, necessariamente, do apoio de sua torcida. Fosse o contrário, clubes de grandes torcidas, como Flamengo e Corínthians, além do próprio Cruzeiro, ganhariam todas as competições que disputam. No caso do clube celeste, seu time e elenco ainda é fraco, apesar do atual dono ter investido cerca de R$ 200 milhões em contratações nesta temporada.

Vai precisar de investimentos ainda maiores, algo que está sendo prometido para 2025, para se tornar de fato um time capaz de brigar por títulos importantes. O empresário Pedro Lourenço, atual dono da SAF, além de ter muito dinheiro, parece disposto a gastar com contratações de jogadores que vão chegar para vestir a farda titular. Dessa primeira leva de reforços, apenas dois se salvaram até agora: Matheus Henrique e Kaio Jorge.

Caso o Vitória permaneça na Série A, o que é bem provável, o Nordeste terá cinco times na principal competição do futebol nacional, em 2025. Fortaleza, Bahia, Sport, Ceará e Vitória vão disputar o Campeonato Brasileiro/Série A, provando que clubes com menor investimento, se administrados com competência, podem ter sucesso no futebol. A presença dos cinco na primeira divisão traz, também, dificuldades para os clubes do centro-sul, notadamente os médios ou pequenos que não têm recursos para fretar aviões, já que a atual logística de voos do nosso país, para se chegar ou sair do Nordeste, é bastante complicada.

O Atlético disputou ontem a decisão da Libertadores com o Botafogo entre o céu e inferno. No caso de ter conquistado o título, vai direto ao céu: vaga na Libertadores/2025, dois Mundiais para disputar, Recopa, uma receita em premiações, patrocínios e bilheterias estimada em cerca de R$ 500 milhões. Em caso de derrota vai experimentar o inferno: vaga apenas na Sul-Americana/2025, redução da folha salarial e saída de jogadores importantes, além do baixo astral que vai durar sabe-se lá até quando. O escocês Bill Shankly, ex-técnico e gerente do Liverpool, em seu período de ouro, filósofo do futebol, disse a célebre frase que cai bem para toda essa situação: “É claro que o futebol não é uma questão de vida ou de morte. É muito mais do que isso”. (Fecha o pano!)
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