15 de novembro, de 2024 | 07:50

Há 135 anos o Brasil virava uma República, em um golpe

Carlos Alberto Costa *

Hoje é feriado nacional. É a data que marca a Proclamação da República Federativa do Brasil. O fato foi resultado de um movimento que marcou o fim da monarquia no Brasil e o início da República, em 15 de novembro de 1889. O evento foi resultado de uma articulação entre militares e civis insatisfeitos com a monarquia, que vigorava no país desde 1822. Na prática, foi um momento dominado por militares e somente no fim teve participação de civis.

O marechal Deodoro da Fonseca foi o primeiro presidente do Brasil após a proclamação da República. Ele foi apoiado por um grupo de republicanos e destituiu o imperador Dom Pedro II. O mais intrigante nesta história é que Deodoro da Fonseca era amigo de Dom Pedro II e relutou até o último instante a dar o golpe e derrubar a monarquia.

A data da Proclamação da República é feriado nacional, e considerada uma das datas mais importantes da história brasileira, mas nas ruas na tarde de quarta-feira, antevéspera deste feriado, conversava com umas cinco pessoas mais jovens. Deste total, apenas uma sabia o que era esse importante acontecimento, que hoje completa 135 anos.

Às duras penas encontrei tempo para um resumo a ser publicado pelo Diário do Aço neste 15 de novembro. Primeiro, devemos destacar que o ato é considerado por alguns historiadores como um golpe de Estado: A velocidade do acontecimento, a atuação militar, a movimentação contra um poder constituído e a ausência de participação popular conduzem o fio do entendimento que o ato foi sim, um golpe.

No entanto, outros historiadores consideram que o debate sobre o republicanismo estava em alta no Brasil e que a população não foi pega de surpresa. Neste viés, o entendimento é que a República veio como resultado de um longo enfraquecimento da monarquia, que vigorava no país desde 1822. O movimento republicano contou com o protagonismo de militares e adesão de fazendeiros e civis insatisfeitos com o regime e foi consolidado pelos militares.
“A fundação da República foi um processo político legítimo que, infelizmente, não veio acompanhado de reformas democratizantes e inclusivas”

Com a Proclamação da República, caiu a monarquia constitucional parlamentarista do Império e instaurou-se a forma republicana presidencialista de governo no Brasil. O imperador D. Pedro II foi destituído e ordenado a partir para o exílio na Europa.

Faço coro ao historiador Marcos Napolitano, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP). Apesar de concordar que a Proclamação da República foi um golpe, o cientista pondera que foi legítimo. No seu entendimento, "se pensarmos que a monarquia era um regime historicamente vinculado à escravidão (esta sim, uma instituição ilegítima, sob quaisquer aspectos), acho pessoalmente que a fundação da República foi um processo político legítimo que, infelizmente, não veio acompanhado de reformas democratizantes e inclusivas".

A quem quiser aprofundar-se melhor na história da fundação da República brasileira, deixo a indicação de “1989”, do escritor Laurentino Gomes.

Por fim, em um país onde resiste ao tempo fortes laços monárquicos com o emprego de termos da realeza por todos os lados, a começar pelo substantivo comum “rei”, “meu rei”, “Rei da Soja, “Rei do Gado”, “Rei do Pescado” e até “Rei do Alumínio”, não foi de estranhar que em 1993 tenha sido promovido uma consulta popular (plebiscito) para determinar a forma de governo do país. Houve sólida maioria favorável à continuação da República, apesar das trapalhadas do regime, com seus “Collors”, “Lulas” e “Bolsonaros” dos dias atuais.

* Professor aposentado

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Comentários

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Gildázio Garcia Vitor

15 de novembro, 2024 | 10:43

“Caríssimo Professor Carlos Alberto, excelente e didático artigo. Parabéns!
Só esquecestes dos "FFHHs"-que se acha o Príncipe dos Sociólogos e o "Pai do Plano Rea"-, o das Privatarias e da compra da reeleição por 200 moedas e que alterou a regra do jogo durante a partida para se beneficiar.”

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