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25 de outubro, de 2024 | 08:40

Médico alerta para aumento dos casos de coqueluche e reforça a importância da vacinação

Tomaz Silva/Agência Brasil
Nas crianças, a imunidade à doença é adquirida apenas quando administradas as três doses da vacinaNas crianças, a imunidade à doença é adquirida apenas quando administradas as três doses da vacina

O Brasil vem registrando números crescentes de coqueluche em 2024, e o quadro preocupa as autoridades de saúde. Uma das causas deste problema é a falta de vacinação.

Conforme publicado pela Agência Brasil, na última quarta-feira (23), três bebês menores de seis meses morreram de coqueluche no Rio de Janeiro. A cidade de Campinas, em São Paulo, registrou 24 casos da doença desde janeiro deste ano, o maior número desde 2019.

A coqueluche é uma infecção respiratória, transmissível e causada pela bactéria Bordetella pertussis. Ela compromete o aparelho respiratório, traqueia e brônquios, e se caracteriza por ataques de tosse seca. Presente no mundo todo, a doença é transmitida por tosse, espirro ou fala de uma pessoa contaminada. Os sintomas podem se manifestar em três estágios.

O médico infectologista que atua em Ipatinga, Márcio Castro, afirma que, de fato, o ressurgimento e o aumento dos casos de coqueluche no Brasil são muito assustadores e preocupantes. Além disso, é uma doença prevenível por imunização, com uma vacina disponível na rede pública há muitos anos, e que sempre teve uma alta taxa de vacinação.

"O aumento dos casos de sarampo e coqueluche traz grande preocupação, porque é uma doença que pode ter formas muito graves, inclusive levar a óbito, sobretudo crianças pequenas. No passado, essa doença matou muitas crianças, mas com o advento da vacinação e a incorporação pelo Programa Nacional de Imunização, nós tivemos uma queda muito grande nos casos de coqueluche, redução nas internações pelo adoecimento grave e mortes causadas pela coqueluche", relatou.

Antivacina
Para o médico, o reaparecimento de casos é claramente um reflexo do movimento antivacina, quando pessoas se recusam a tomar o imunizante e até atacam o sistema de vacinação pública, causando uma queda nos índices de prevenção contra várias doenças. "É uma questão estúpida, que traz esse risco: o retorno de doenças antes erradicadas ou controladas, doenças imunopreveníveis. Já vimos a volta do sarampo, o risco da paralisia infantil, que é a poliomielite, o aumento do sarampo e o risco do tétano neonatal. Tivemos também, na época da febre amarela, casos de morte por pessoas que recusaram se vacinar", lembrou.

Márcio Castro também aponta que a não vacinação tem causado alta na taxa de mortalidade por covid, com cerca de 300 mil mortes que poderiam ser evitadas com a vacinação precoce. "Então, a essência de tudo está na queda da taxa de vacinação. Havia uma meta de 95% da população que tinha indicação da vacina. Isso antes era atingido e até ultrapassado, e agora caiu em decorrência dessa onda maluca. Isso é a causa direta do aumento dessas doenças evitadas por vacina, dentre elas a coqueluche, uma lógica irresponsável que tem impactado na saúde pública", lamentou.

Eficiência inquestionável
Ele reforça que a eficiência das vacinas é totalmente comprovada e pode ser exemplificada em diversas doenças erradicadas durante o processo de vacinação. "A varíola sumiu há décadas, a poliomielite, há tempos que não tínhamos casos de coqueluche, tantas doenças imunopreveníveis que eram controladas no Brasil por meio do Programa Nacional de Imunização, e que agora estão em xeque devido a atitudes irresponsáveis da onda antivacina", ressaltou.

Imunização ampliada
Em meio a tantos surtos de coqueluche, o Ministério da Saúde publicou recentemente uma nota técnica em que recomenda ampliar, em caráter excepcional, e intensificar a vacinação contra a doença no Brasil.

Apesar do apelo, a vacina contra a doença, a DTP, está em falta no Brasil, sendo substituída pela pentavalente.

Imunidade
Nas crianças, a imunidade à doença é adquirida apenas quando administradas as três doses da vacina, sendo necessária a realização dos reforços aos 15 meses e aos quatro anos. Bebês menores de 6 meses podem apresentar complicações pela coqueluche, e o quadro pode levar à morte.

O Ministério da Saúde alerta que um adulto, mesmo tendo sido vacinado quando bebê, pode se tornar suscetível novamente à coqueluche, já que a vacina pode perder o efeito com o passar do tempo. Por conta do risco de exposição, a imunização de crianças já nos primeiros meses de vida é tão importante.
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