24 de outubro, de 2024 | 08:20

Especialistas apontam importância da educação ambiental

Tema deve ser tratado pela União, estados, municípios e discutido amplamente na sociedade

Matheus Valadares
Eduardo pontua a importância das prefeituras no processo de conscientização e a falta de conhecimento e prática por parte dos gestoresEduardo pontua a importância das prefeituras no processo de conscientização e a falta de conhecimento e prática por parte dos gestores
Por Matheus Valadares - Repórter Diário do Aço
Em períodos de longas secas e intensas queimadas, como foi vivenciado no Vale do Aço durante quase 120 dias neste ano, cria-se um grande desafio de cuidar dos recursos hídricos e multiplicar as mensagens de necessidade de conservação do meio ambiente, das nascentes e afluentes de grandes bacias, bem como a qualidade da água, essencial na vida humana e presente em inúmeras tarefas cotidianas.

Eduardo Araújo, analista ambiental do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), alerta sobre a necessidade da ampliação do discurso de educação ambiental em todas as esferas da sociedade.

“É um ponto de o processo entender que os públicos que atuaram com a educação ambiental com capacitação e com mobilização sejam do meio ambiente, seja da água especificamente, foi sempre um público muito seleto, muito específico e o que vem acontecendo com a gestão descentralizada e participativa que é executada nos comitês de bacias, é que a gente amplia o número de envolvidos. Não só os gestores públicos municipais, estaduais e nacionais têm uma responsabilidade na gestão, mas também a sociedade civil organizada, que são os usuários de recursos, que são os outros partícipes”, afirma.

O especialista também destaca que os prefeitos e servidores a nível municipal têm um papel de suma importância nessas ações, mas na maioria das vezes, não estão capacitados e não percebem isso.

“Quando todos esses atores se envolvem você amplia a informação, o debate, e, evidentemente, a conscientização. Uma das questões que a gente já levantou em diagnósticos é que os prefeitos são indicados como as pessoas mais importantes para receber a capacitação para educação ambiental com foco na gestão de recursos hídricos. Isso já apareceu em vários diagnósticos que a gente fez e de fato procede porque a gente vê que a maioria dos nossos prefeitos não têm essa consciência. Mas quando você entra dentro da própria prefeitura, você vai ver que às vezes o secretário de Meio Ambiente também não tem, ou o ator do sistema de tratamento de esgoto da cidade ou nos dispositivos da rede da tubulação de água e esgoto não tem consciência da importância de fazer a troca de manilha, troca bueiro. Ele resolve os problemas, mas não tem a percepção da importância do trabalho que ele faz e nem é reconhecido pelo trabalho que faz pela sociedade”, finaliza o analista do Igam.

Senise Rocha, vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH Doce), pontua que, se o Brasil de forma geral já tivesse trabalhado a revitalização das bacias há mais tempo, no momento de seca, no qual boa parte do país vivenciou há poucas semanas, poderia ter menos efeitos negativos.

“A gente fica muito preocupado quando deparamos com uma situação tão crítica como vivemos agora. Historicamente, é um intervalo muito grande de ausência de chuva, e a redução da quantidade de água nos rios torna a nossa vida crítica”, pontua.

Rocha ainda frisa que, dentro deste contexto, é papel dos comitês existentes produzirem investimento nas bacias hidrográficas para oferecer mais água e melhor qualidade.

“Todo nosso esforço é para que a gente reverta os investimentos em melhoria da quantidade e qualidade das águas. Mesmo em momentos críticos, se nós já há décadas tivéssemos feito um trabalho de revitalização das nossas bacias, a gente poderia estar enfrentando esses momentos mais crítico de escassez, de ausência de chuva com mais tranquilidade, com as nossas nascentes mais perenes, com as cabeceiras vegetadas, com as nascentes protegidas, com o trabalho dos municípios de tratamento de esgoto, que é o nosso principal problema. A questão do assoreamento, o carreamento de sedimentos para as bacias é algo muito preocupante e nós temos diversos programas para investir e reverter esse quadro, só que o nosso trabalho ainda é lento, de médio e longo prazo, mas a gente precisa cada vez mais unir forças junto às prefeituras, junto a outras entidades para que possamos ter mais disponibilidade de recurso”, finaliza Senesi.

Em algumas regiões mineiras, o período de escassez de água afetou o fornecimento por parte da Copasa. A situação não foi vivenciada no Vale do Aço, no entanto a situação acarreta em, por exemplo, maiores custos para os produtores rurais, o que implica em um aumento de preço nas prateleiras dos supermercados.

Grupo de trabalhos
No início do mês, conforme informado pelo Diário do Aço, o Unileste, em Coronel Fabriciano, recebeu a 1ª Oficina Integrada de Capacitação e Educação Ambiental, organizada pelo CBH Doce e que teve como o principal objetivo fortalecer as iniciativas voltadas para a educação ambiental.

O primeiro momento foi dedicado a uma sondagem diagnóstica sobre o conhecimento dos conselheiros quanto à educação ambiental na bacia. Em seguida, foi feita uma listagem cronológica de projetos e iniciativas já desenvolvidos pelos comitês em prol do meio ambiente. O moderador responsável pela oficina foi Luis Gustavo de Melo, representando a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). “Nós, enquanto representantes públicos ou de comitês de bacia, precisamos planejar e implantar políticas públicas urgentes. A dinâmica desta oficina é chegar em um ponto de partida”, afirma.
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