20 de outubro, de 2024 | 06:00
Empate incômodo
Fernando Rocha
O Cruzeiro empatou, em 1 x 1, com o Bahia, anteontem, no Mineirão, em jogo muito equilibrado; os dois times buscando a vitória com elencos de nível semelhante, mas o empate soou incômodo para o time celeste, que jogava em casa, com o apoio de 34.473 torcedores presentes no Mineirão.A China Azul, obviamente, voltou para casa bastante insatisfeita com o que viu, pois, ao que parece, os 15 dias que o técnico Fernando Diniz ganhou de presente pela paralisação da data-Fifa não foram suficientes para implantar o seu esquema tático.
Em determinados momentos, o time azul mostrou desorganização, um amontoado” de jogadores correndo em campo, enquanto o Bahia, dirigido há algum tempo por Rogério Ceni, mostrou-se mais efetivo e seguro no plano tático, pecando apenas nas finalizações erradas de seus atacantes.
Desde a sua chegada ao Cruzeiro, para substituir Fernando Seabra, que por ser iniciante na carreira era chamado de estagiário” pela torcida, o técnico Fernando Diniz disputou 12 pontos, conseguiu marcar apenas três, o que não quer dizer que seja incompetente e não vá dar certo, mas, de fato, é uma situação preocupante.
Cara do povo
O publicitário Washington Olivetto, que nos deixou na semana passada, torcedor fanático do Corinthians, costumava dizer que o corintiano é o que mais sintetiza a personalidade do povo brasileiro”.
De fato, o Timão” é algo a ser estudado, pois se por um lado fará dois jogos decisivos seguidos por semifinais de Copas - hoje enfrenta o Flamengo, na sua casa, e depois o Racing da Argentina, pela Sul-Americana -, no dia 28 próximo encara o Cuiabá, pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro, precisando vencer para escapar do rebaixamento.
A vitória de 5 x 2 sobre o Athletico-PR, na última quinta-feira, com ótima atuação da sua estrela Memphis Depay, que fez o primeiro gol com a camisa corintiana, e também as boas atuações de Garro e Yuri Alberto deram novamente confiança ao time e à sua fiel torcida, para buscar uma vitória hoje e a classificação contra a forte equipe do Flamengo.
FIM DE PAPO
Se o Corinthians chega animado para esta decisão, turbinado pela goleada sobre o Furacão, a derrota de 2 a 0 para o Fluminense, a primeira sob o comando de Filipe Luís, jogou o astral do rubro-negro lá embaixo. O resultado negativo também sepultou as já remotas chances de título brasileiro, mas não desanima totalmente a sua torcida, pois o time que disputou o clássico contra o Flu jogou sem o seu meio de campo inteiro titular. E não vai ser essa equipe para a decisão de hoje contra o Corinthians, quando terá a vantagem do empate. Pulgar, Gerson, De la Cruz e Arrascaeta (único que ficou no banco), todos em função do desgaste de jogar 48 horas antes por suas seleções na data-Fifa, voltam e dão uma nova cara ao Urubu.
A Conmebol é useira e vezeira em multar os clubes em razão de infrações cometidas por suas torcidas. O Atlético, só nesta Libertadores/2024, já acumula quase R$ 2 milhões em penalidades que serão descontados da premiação a que terá direito no final de sua participação na temporada. Pelos sinalizadores acesos nas arquibancadas da Arena MRV e gritos homofóbicos da torcida direcionados ao goleiro Fábio, do Fluminense, foram quase R$ 1 milhão em multas. Os gritos ocorriam durante as cobranças de tiro de meta pelo goleiro, ex-jogador e ídolo do rival Cruzeiro.
O Vitória da Bahia iniciou a rodada em 18º lugar, na zona de rebaixamento, uma campanha fraca, muito em função da falta de dinheiro para investir na equipe. O presidente do clube, Fábio Mota, deu entrevista para falar sobre a contratação de um escritório que irá debater o assunto Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Mas a conversa com a imprensa rendeu e o cartola baiano aproveitou para criticar a falta de fair play” financeiro no Brasil. Ele citou o exemplo do Corinthians, que está contratando jogadores sem pagar ninguém. O Corinthians contratou um jogador para pagar R$ 3 milhões por mês (Memphis Depay), brigando com a gente cabeça a cabeça. Enquanto isso, não consegue pagar o salário do mês”, disse Fábio Mota.
Vários clubes foram vendidos e viraram SAFs, ultimamente, no Brasil, mas o rolo entre eles por dívidas continua intenso. O Cruzeiro cobra o Internacional, que comprou o atacante Wesley e não pagou; o Atlético não paga o que deve ao Cuiabá pela compra de Deyverson; o Vasco da Gama está encalacrado em dívidas até o pescoço, por conta da rescisão unilateral do acordo com a 777 Partners, que não tinha capacidade financeira para comprar e gerir o clube; o Corinthians, que deve só a duas pessoas, Deus e o povo, cobra o Vasco, que não pagou o combinado pelo lateral Piton.(...) O Brasil não é para amadores”, dizia Tom Jobim. (Fecha o pano!)
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