06 de outubro, de 2024 | 20:08

O carreirismo político que destrói a verdadeira democracia

Carlos Alberto Costa *

As eleições municipais deste domingo no Brasil foram mais um momento em que o carreirismo político ficou explícito. Como menciona Maurício Dias em seu livro "A Mentira das Urnas" (2004), vence aquele candidato que consegue mobilizar maior apoio de financiamento de campanha. O candidato que não consegue apoiadores financeiros perde, ou desiste da disputa em meio a tratativas que costumam vir do alto escalão do poder político.

Durante o período eleitoral, o leitor é bombardeado por uma enxurrada de informações, nem sempre fidedignas, o que dificulta a formação de uma opinião crítica e bem-informada para referenciar a escolha de um candidato. Vence quem tem maior poder financeiro para mobilizar cabos eleitorais, que por sua vez convence o eleitorado a escolher um ou outro candidato. Isso é a mentira das urnas, com a qual temos convivido ano após ano. Você já se perguntou o quanto você tem se deixado enganar?

Na prática, as eleições municipais pavimentam caminhos para aqueles políticos profissionais que se interessam em disputar as eleições gerais em 2026. Todo o sistema político vigente no país hoje colabora para que haja menos alternância de poder do que deveria haver, perpetuando a presença de políticos de carreira no cenário nacional. Por trás de um apoio a um nome para prefeitura ou câmara de vereador, há sempre um interesse num contrato milionário, numa concessão de serviço público. Fique atento ao noticiário de sua cidade e saiba onde está o verdadeiro interesse destes anunciados apoios políticos a candidaturas.

O carreirismo político não é bom para a democracia, pois limita a renovação de ideias e a representatividade de diferentes segmentos da sociedade. É fundamental que o sistema político brasileiro seja reformado para promover uma maior alternância de poder e garantir que a democracia seja verdadeiramente representativa e inclusiva.

Neste contexto, as bancadas temáticas no Legislativo vão um escárnio. Vereadores, deputados e senadores são eleitos para representar a sociedade como um todo. Em vez disso, o que vemos? “bancada da bala”, “bancada do boi”, “bancada da bíblia”, “bancada dos pets” e quando achamos que não tem mais fim, vêm as bancadas que atuam quase exclusivamente na defesa de grupos, que vão de portadores de doenças a orientação sexual.

Por fim devemos lembrar do tamanho paquidérmico da máquina pública deste país, formada pelos 5.569 prefeitos, mais 5.569 vice-prefeitos e ainda 58.114 vereadores (sem contar os deputados estaduais, deputados federais e senadores). Cada câmara municipal tem, no mínimo, 9 e, no máximo, 55 cadeiras para o cargo. E cada vereador tem direito a nomear assessores, de um a cinco por gabinete, às vezes até mais, a depender do tamanho da cidade. Cada cargo é bancado com o dinheiro dos impostos pagos pelos cidadãos brasileiros. A cifra passa dos bilhões anuais. Vemos esse estado paquidérmico avantajar-se década após década, sem nada fazer.

Como sempre, em berço esplêndido, caminhamos para o fim do ano, onde seremos absolvidos pelas festas natalinas, depois a posse dos eleitos. Neste ponto eu vos lembro que vários deles nem sequer serão diplomados, visto que muitos concorreram sub judice e outros são investigados por improbidade administrativa, atos lesivos aos cofres públicos e outras mazelas que podem gerar sua cassação antes mesmo da volta chegada à cadeira palaciana.

* Professor aposentado
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Comentários

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Tião Aranha

07 de outubro, 2024 | 17:33

“Era Aristóteles que dizia que o homem é um ser ao mesmo tempo social e politico. E que a Política nada mais é do que a ação do homem na sociedade. É uma pena que a classe política é super valorizada em detrimento das outras classes. Rs.”

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