
06 de outubro, de 2024 | 08:40
Câncer de mama foi responsável por cerca de 200 óbitos na região entre 2020 e 2024
Rodrigo Nunes/Ministério da Saúde
Em Minas Gerais, 76,5% dos casos de câncer de mama foram diagnosticados na faixa etária de 35 a 69 anos
Por Isabelly Quintão - Repórter Diário do Aço 
Outubro Rosa é uma campanha de conscientização que visa alertar a população, sobretudo mulheres, a respeito da prevenção e detecção precoce do câncer de mama. Somente na Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA), foram registrados 717 casos da doença entre 2020 e 2024. No mesmo período, também houve um total de 199 óbitos por neoplasia maligna da mama. Em Minas Gerais, 76,5% dos casos foram diagnosticados na faixa etária de 35 a 69 anos. As informações foram apuradas pela reportagem do Diário do Aço junto à Secretaria de Estado de Minas Gerais (SES-MG).
Em entrevista ao jornal, Vilma Andrade da Silva, de 60 anos, moradora de Coronel Fabriciano, relatou sua história. Ela descobriu o câncer de mama há cerca de oito anos, fez cirurgia de quadrante superior direito e partiu para tratamento com radioterapia e remédios, acompanhado de atividades físicas. Descobri o câncer em 2016. Me tocando percebi um caroço na minha mama esquerda. Conversei com minha família, marquei uma consulta e fui ao médico, além de que fiz a mamografia. Quando fiz o exame, ele não acusou nada, mas falei com a médica sobre o caroço na minha mama esquerda que senti. Fiz ultrassom e logo uma biópsia, que é um exame muito agressivo, e constatou a doença.
Procurei um outro médico, levei meus exames, e ele disse para eu não me preocupar porque cada pessoa tem seu tipo de tratamento. Antes, ninguém da minha família havia sido diagnosticado”, relatou.
Arquivo pessoal
Vilma descobriu o câncer de mama ao se tocar e reforça a importância de mulheres conhecerem o próprio corpo

O período de tratamento é muito difícil, fisicamente e emocionalmente. O tratamento também é muito agressivo. Eu presenciei coisas que louvo a Deus por não ter passado. Os medicamentos são muito fortes. Ter uma rede de apoio em períodos como esse é fundamental. E isso é um alerta para todas as mulheres. Precisamos falar sobre a importância de descobrir rápido. Quanto mais rápido, menos agressivo é o tratamento e as chances de cura são maiores. Quem se ama, se toca, se conhece”, acrescentou.
Diagnóstico
A SES-MG informou que o rastreamento mamográfico deve ser oferecido às mulheres com idade de 50 a 69 anos, uma vez a cada dois anos, conforme as diretrizes para o diagnóstico precoce no Brasil. Ressalta-se que é nessa faixa etária e periodicidade que se observa balanço favorável entre riscos e benefícios do rastreamento. O diagnóstico precoce, por meio da avaliação oportuna de sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama, é também recomendado e constitui prioridade assistencial e deve ser considerada uma referência urgente para a investigação diagnóstica”, enfatizou.
A secretaria também pontuou que a porta de entrada para o usuário no Sistema Único de Saúde (SUS) é a atenção primária, que deve estar atenta aos sinais e sintomas para que o processo de investigação diagnóstica seja iniciado o mais breve possível.
Além disso, é essencial a referência para unidades secundárias para confirmação diagnóstica dos casos suspeitos identificados na atenção primária. No âmbito da atenção ambulatorial especializada destacam-se a Política dos Centros Estaduais de Atenção Especializada (Ceae), regulamentado pela Resolução SES/MG n° 6.946, de 4 de dezembro de 2019 e suas alterações, bem como a Política da Ampliação da Média Complexidade cujas diretrizes organizativas estão normatizadas pelas Deliberações CIB-SUS/MG n°3.992/2022 e nº 3.993/2022 e suas alterações”, detalhou.
Atendimento regionalizado
O órgão do governo de Minas ainda destacou que, conforme a regulamentação estadual, está previsto o atendimento regionalizado, com assistência médica e multiprofissional, além de exames especializados considerados importantes para a resolubilidade assistencial nas linhas de cuidado prioritárias, dentre elas a propedêutica do câncer de mama e colo de útero.
A macrorregião do Vale do Aço conta com os seguintes municípios polos com pontos de atenção pactuados na Política da Ampliação da Média Complexidade para assistência na Saúde da Mulher para suas respectivas microrregiões de saúde: Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher e da Criança, em Caratinga; Centro de Atenção Ambulatorial Especializada (Caae), em Coronel Fabriciano; e Policlínica Municipal de Ipatinga.
Esses pontos de atenção possuem critérios de elegibilidade definidos para assistência médica e multiprofissional. Especificamente na linha de cuidado preparatório e inicial do câncer de mama, a equipe necessária para a realização das consultas é composta por médico mastologista, enfermeiro, psicólogo e assistente social, assim como afirmou a SES-MG. Na carteira está prevista a mamografia, bem como outros de natureza complementar que se fazem necessários à detecção precoce e fechamento diagnóstico de câncer de mama. A assistência ofertada nesses serviços e gestão do acesso ao atendimento especializado são de responsabilidade dos municípios mencionados”.
Estratégias de diagnóstico
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o diagnóstico precoce compreende a assistência ofertada a pessoas que possuem sinais ou sintomas de início da doença. Já o rastreamento, consiste na execução de um exame em determinada população sem sinais e sintomas de câncer de mama, com o objetivo de averiguar alterações que sugerem esse tipo de câncer e posterior encaminhamento de mulheres com achados clínicos anormais para a devida investigação diagnóstica. Conforme diretrizes do Ministério da Saúde/Inca, as estratégias de diagnóstico devem ser formadas pelo tripé: população alerta para sinais e sintomas suspeitos de câncer; profissionais de saúde também atentos e capacitados para avaliação dos casos suspeitos; e serviços de saúde preparados para garantir a confirmação diagnóstica oportuna, com qualidade, garantia da integralidade e continuidade da assistência em toda a linha de cuidado”, complementou ao jornal.
Veja os números nas tabelas abaixo:



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