05 de outubro, de 2024 | 10:30
Mudanças climáticas precisam estar em pauta nas eleições municipais
Álvaro Trilho *
O Brasil vai às eleições municipais neste domingo (6), com mais de 450 mil candidatos disputando cargos de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores em mais de 5.500 municípios. Além de abordarem temas tradicionais como segurança, habitação e saúde, é essencial que os candidatos incluam em suas propostas estratégias para enfrentar as mudanças climáticas, um problema cada vez mais presente no nosso cotidiano.No entanto, ao analisar as propostas dos candidatos até o início da corrida eleitoral, fica evidente que as questões climáticas estão sub-representadas. Muitos parecem considerar as recentes tragédias, como as enchentes no Rio Grande do Sul que resultaram na morte de quase 200 pessoas, deslocaram cerca de meio milhão de habitantes e causaram bilhões em prejuízos como eventos distantes e isolados.
A realidade, porém, é bem diferente. Tragédias semelhantes podem ocorrer em diversas capitais brasileiras. Recentemente, a WTW realizou um levantamento utilizando avançados softwares de modelagem climática, revelando que várias capitais enfrentam riscos significativos de inundações.
No Sudeste, São Paulo está vulnerável a enchentes fluviais e pluviais devido à urbanização acelerada, que aumenta o escoamento superficial e reduz a infiltração. Belo Horizonte também pode enfrentar enchentes pluviais causadas por chuvas intensas que sobrecarregam os sistemas de drenagem.
No Rio de Janeiro, a ameaça de enchentes é tanto costeira, em razão do aumento do nível do mar e ressacas que afetam áreas baixas, quanto pluvial. Situação similar é observada em Salvador, Recife e Fortaleza, que são vulneráveis a enchentes costeiras e pluviais devido à sua localização e chuvas intensas.
A oportunidade de minimizar e evitar novas tragédias ambientais está ao nosso alcance, mas é fundamental que todos atuem com consciência e responsabilidade”
Mesmo capitais que ainda não enfrentaram essas situações, como Brasília, Curitiba e Goiânia, estão suscetíveis a enchentes pluviais provocadas por chuvas intensas que sobrecarregam seus sistemas de drenagem.
Os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) em maio deste ano evidenciam a necessidade de preparação para eventos climáticos extremos. Abril trouxe chuvas intensas e calor acima da média, especialmente nas regiões Centro-Norte do Brasil.
É urgente que todos os candidatos a cargos municipais estejam cientes dessa realidade e desenvolvam propostas concretas que possam efetivamente contribuir para a mitigação dos riscos climáticos em suas cidades. Compreender as especificidades de cada município e cruzar essas informações com as tendências climáticas é essencial para criar planos e estratégias viáveis.
Os debates recentes em Porto Alegre, que incluíram o tema das enchentes, são um passo positivo, mas é crucial abordar a raiz do problema. Além das mudanças climáticas e chuvas extremas, Porto Alegre enfrenta vulnerabilidades geográficas e uma infraestrutura envelhecida, exacerbada pelo desmatamento, que reduz a capacidade do solo de absorver água e aumenta o escoamento para rios e córregos.
Os candidatos no Rio Grande do Sul, e em todo o Brasil, devem formular propostas que abordem esses riscos e busquem reduzir futuras ocorrências. A oportunidade de minimizar e evitar novas tragédias ambientais está ao nosso alcance, mas é fundamental que todos, incluindo eleitores e candidatos, atuem com consciência e responsabilidade.
* Diretor de Risk & Analitycs da WTW Brasil.
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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Tião Aranha
05 de outubro, 2024 | 17:14Gostaria de saber o motivo das ONGS americanas interferir tanto nas nossas questões ambientais. Será que é porque não temos a bomba atômica? Se o país hoje quiser desenvolver, nem pode. Rs.”
Rodrigo
05 de outubro, 2024 | 17:12Em tempo: ambientalismo deixou de ser coisa de bicho grilo, agora virou questão de sobrevivência humana.Simples assim.”
Rodrigo
05 de outubro, 2024 | 16:11RETIRADA DA VEGETAÇÃO NATURAL:
A principal interferência do ser humano é o desmatamento na região da encosta, que elimina as chamadas plantas salvadoras. A vegetação exerce um papel importante de estabilização do solo, segurando a terra e servindo como barreira natural para a queda d?água. Ao retirar essa cobertura, deixa-se um terreno limpo para que o solo deslize morro abaixo sem grandes obstáculos. Conclusão: deveríamos plantar centenas( CENTENAS!!!) de milhares de árvores em todo Vale do Aço, na região urbana e rural.Uma nobre tarefa para os prefeitos, vereadores e siderúrgicas da nossa região.”