26 de setembro, de 2024 | 18:15

Casos de síndrome respiratória aumentam em 15% no Vale do Aço

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A fumaça das queimadas apresenta partículas finas e gases tóxicos, que irritam as vias respiratórias e os pulmõesA fumaça das queimadas apresenta partículas finas e gases tóxicos, que irritam as vias respiratórias e os pulmões
Por Matheus Valadares - Repórter Diário do Aço
De janeiro a setembro deste ano, a Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA) registrou 474 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Os dados foram atualizados na última terça-feira (24) e disponibilizados pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), por meio da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Coronel Fabriciano.

No mesmo período do ano passado, Fabriciano, Ipatinga, Timóteo e Santana do Paraíso, juntos, registraram 409 casos de SRAG, o que representa um acréscimo de 15%.

Quando analisados os casos em toda regional de saúde de Coronel Fabriciano, o aumento é ainda mais vertiginoso. As notificações de SRAG saltaram de 556 em 2023 para 760 em 2024, nos noves primeiros meses do ano. Os casos subiram em 34,28%.

A alta da doença pode estar diretamente relacionada ao tempo seco, de baixa umidade do ar, combinado aos malefícios da fumaça causada pela grande quantidade de incêndios em vegetação que ocorre em todo Vale do Aço.

Conforme o Conselho Federal de Farmácia (CFF), a fumaça das queimadas apresenta partículas finas e gases tóxicos, como monóxido de carbono, dióxido de enxofre e óxidos de nitrogênio, que irritam as vias respiratórias e os pulmões. Em populações vulneráveis, como crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias pré-existentes, a exposição à fumaça tende a agravar essas condições, podendo, em casos mais graves, levar ao desenvolvimento da SRAG. Além disso, a poluição causada pelas queimadas compromete a qualidade do ar, aumentando o risco de infecções respiratórias graves, como a pneumonia.

“A SRAG já vem todo ano no período sazonal, mas o grande aumento das queimadas tem prejudicado ainda mais”, afirmou Wallisson Medeiros, secretário de Saúde de Ipatinga, durante coletiva de imprensa na última sexta-feira (20), quando foram abertos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica no Hospital Municipal Eliane Martins (HMEM), destinados ao atendimento de crianças que apresentem quadros graves de doenças respiratórias.
“Ela [queimada] prejudica muito, além de estender essa situação, que teria um período de fim na sazonalidade, mas devido à situação climática, tende a aumentar”, complementa o chefe da pasta.

Riscos à saúde
Marcos de Abreu, pneumologista da Fundação São Francisco Xavier (FSFX)/Hospital Márcio Cunha e professor na Afya Faculdade de Ciências Médicas de Ipatinga, explica como a fumaça pode afetar o mecanismo respiratório humano.
“A fumaça de incêndio é composta por gases tóxicos, monóxido e dióxido de carbono. Nesse contexto, existe uma queda do oxigênio, esses gases se ligam à molécula de hemoglobina, dificultando o transporte da molécula de oxigênio para todos os órgãos e sistemas. Além disso, existe um dano direto a todo o sistema respiratório e danos indiretos decorrentes da baixa oxigenação de todos os órgãos e sistemas, como por exemplo alterações cerebrais como sonolência, desmaios, que são decorrentes desse processo”, esclareceu.

Dependendo do grau intoxicação, a pessoa pode ir para um quadro de coma, com necessidade de início da ventilação mecânica. “A depender do grau de exposição, o paciente tem que ser avaliado, levado a um pronto atendimento. A avaliação médica, com o exame físico, avaliação se houve queimadura de vias aéreas, olhar o paciente está oxigenando baixo, fazer uma gasometria arterial e fornecer cuidados como oxigênio, e dependendo da situação, em casos graves, pacientes necessitam até mesmo de ser entubados, porque a baixa oxigenação fica muito significativa”, pontuou o especialista.

Doenças crônicas
Como já informado na reportagem, para pacientes com doenças respiratórias, os riscos de inalar fumaça de incêndio são ainda maiores. “Pessoas que são portadoras de doenças respiratórias crônicas, como asma, fibrose pulmonar, fibrose cística, têm um limiar mais baixo, mediante exposições e agressões das vias aéreas por fumaça ou qualquer agente externo. Esses pacientes têm que tomar um cuidado maior, tem que se proteger, evitar essas exposições de fumaça, tomar mais água, manter-se hidratado e, mediante qualquer sintoma relacionado à exacerbação dessa doença, procurar o seu médico, principalmente o pneumologista que acompanha esses pacientes”, detalhou Marcos de Abreu.


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