24 de setembro, de 2024 | 06:00

Caiu de maduro

Fernando Rocha

Fernando Seabra não é mais técnico do Cruzeiro, algo esperado desde que o clube foi comprado pelo empresário Pedro Lourenço, cujas ideias nitidamente não se identificavam com o perfil do agora ex-treinador.

A insatisfação com o trabalho de Seabra cresceu após a derrota para o time reserva do São Paulo, no Mineirão; esfriou um pouco com os 2 x 0 sobre o Libertad, no Paraguai, que praticamente classificou a Raposa para a semifinal da Copa Sul-Americana; ganhou força novamente e tornou-se insustentável após o empate de 0 x 0 com o vice-lanterna Cuiabá, o que afastou a equipe novamente do G-6.

A impressão de que a troca aconteceria a qualquer momento se confirmou com o anúncio feito, ainda na manhã de ontem, do nome do substituto, Fernando Diniz, ex-Fluminense e seleção brasileira.

Dobrou aposta
A grande dúvida era a escalação inicial do Atlético para encarar o Bragantino, mas Milito resolveu dobrar a aposta, mandou a campo um time com apenas três titulares - Everson, Junior Alonso e Alan Franco -, algo que não havia dado certo na derrota de 3 x 0 para o Bahia.

Apesar de insatisfeita, a torcida do Galo, vendo a vontade e a disposição dos jogadores, decidiu apoiar, afinal de contas só a vitória interessava para melhorar a posição do time na classificação.

Deu tão certo que Deiverson, o melhor em campo, sofreu pênalti, errou a cobrança e depois fez o seu primeiro gol com a camisa do Galo.

Outro que desencantou foi Cadu, autor do segundo gol no início da segunda etapa, mas coube a Hulk fazer o terceiro e fechar o placar justo de 3 x 0, que fez o Galo subir uma posição, indo agora para o 9º lugar, com 36 pontos.

Mais do que a vitória, as atuações de Deiverson, Rubens, Fausto Vera na sua verdadeira posição de primeiro volante, Mariano e Cadu dão opções e tranquilidade para o pressionado técnico Gabriel Milito montar a equipe e tentar reverter a vantagem do Fluminense, em busca da classificação para a semifinal da Libertadores.

FIM DE PAPO

Nada mais normal que após comprar uma empresa, o novo dono tenha o direito de mexer o bolo e trocar ocupantes de cargos estratégicos. No caso do Cruzeiro, o empresário Pedro Lourenço substituiu todos os gerentes e cargos de confiança da era Ronaldo e só não havia mexido no treinador, até porque não tinha motivo, pois o time vinha bem. Mas sempre havia a sensação de que essa troca aconteceria, pois Seabra não era o treinador com as características almejadas pelos novos dirigentes do Cruzeiro.

A decisão de demitir Seabra já havia sido tomada pela atual diretoria, que só aguardava a melhor oportunidade para efetivá-la, e apareceu após este empate com o fraquíssimo Cuiabá, vice-lanterna do Brasileiro. Acho o atual plantel do Cruzeiro apenas mediano, porém, uma boa parte da torcida, sob a influência da imprensa e dos tais “influencers” azuis, acham que o elenco é muito bom e está entre os melhores do país.

A atual posição do time na classificação é compatível com o plantel: 7º lugar, 42 pontos, a apenas três do Flamengo, que é o último da classificação direta para a Libertadores. Uma das poucas coisas boas deixadas por Ronaldo “Fenômeno”, o técnico Fernando Seabra comandou o Cruzeiro em 36 jogos: 17 vitórias, 10 derrotas e nove empates. Ano passado, a turma do Ronaldo se precipitou ao demitir o português Pepa, pois o time estava bem e depois disso despencou, quase sendo rebaixado novamente.

Sobre o substituto, falava-se em diversos nomes, entre eles o português Luis Castro, ex-Botafogo, demitido a poucos dias do “Al Nasser” na Arábia Saudita, clube de Cristiano Ronaldo. Cuca chegou a ser especulado, mas a diretoria celeste acabou fechando com Fernando Diniz, cujas ideias de jogo, com muita posse de bola e pouca verticalidade, agradam muito a uns e desagradam a outros. Pelo menos é um treinador experiente e não vai sentir tanto a pressão que certamente sofrerá no comando da Raposa. (Fecha o pano!)
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