15 de setembro, de 2024 | 09:20

Regional de Saúde de Coronel Fabriciano tem aumento proporcional de nascimentos de bebês prematuros

Anderson Figueiredo/Arquivo DA
Catarina Amorim é médica pediatra, neonatologista e docente da AfyaCatarina Amorim é médica pediatra, neonatologista e docente da Afya
Por Matheus - Valadares - Repórter Diário do Aço
A área atendida pela Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Coronel Fabriciano, composta por 35 municípios, teve um aumento proporcional da quantidade de nascimentos prematuros no 1º semestre de 2024, comparado ao mesmo período de 2023. Os números foram extraídos da base de dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e tabulados pela reportagem do Diário do Aço.

Conforme apurado, no 1º semestre de 2023 houve 5.132 nascidos vivos, e 499 destes de forma prematura, o que representa 9,7%. No mesmo período deste ano, foram registrados 4.686 nascidos vivos, com 483 prematuros, uma taxa de 10,3%.



A prematuridade na região está próxima da média nacional. Segundo o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), a taxa de nascimentos prematuros no Brasil foi de 11,1% entre 2011 e 2021. São considerados prematuros os bebês que nascem antes de completarem 37 semanas completas de gestação.

A pediatra Catarina Amorim, professora da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Ipatinga, explica que as causas da prematuridade são inúmeras, mas tem os motivos mais comuns.

“Tem as infecções maternas ligadas à gestação, como corioamnionite, infecção urinária, vaginose bacteriana que podem desencadear o trabalho de parto prematuro, pois elas liberam prostaglandinas e citocinas, que vão induzir a contração e aumentar o risco para o bebê, porque além do parto prematuro, ele nasce em vigências de uma infecção”.

Hipertensão crônica, pré-eclâmpsia, síndrome de Hellp, insuficiência, descolamento prematuro da placenta, malformações uterinas, gestação múltipla, malformações fetais, e doenças crônicas como asma, doenças autoimunes e trombofilias também podem ocasionar no nascimento prematuro da criança.

“Existe também a associação com fatores socioeconômicos e comportamentais. Já é sabido que estresse crônico, falta de suporte, desnutrição materna, alimentação inadequada durante a gestação, trabalho físico extenuante, uso de drogas durante a gestação também são fatores de risco para as prematuridades”, continua a pediatra.

Catarina ainda enfatiza que, na maioria das vezes, a prematuridade é ocasionada por mais de um fator, envolvendo uma combinação de causas. Além disso, em um terço dos casos não há agentes definidos.

Pré-natal
O pré-natal adequado, iniciado precocemente, no primeiro trimestre de gestação, é fundamental para identificar fatores de risco que podem afetar a saúde materna e fetal.

“O pré-natal vai representar um papel fundamental na prevenção ao parto prematuro, através do acompanhamento regular é possível detectar precocemente fatores de risco, fazer intervenções preventivas”, aponta a médica. “A gente pode fazer o monitoramento e controle das condições maternas. A gente vai conseguir controlar aquilo que pode desencadear o parto prematuro tanto por causas maternas, quanto fetais”, aponta Catarina.

Riscos para o bebê
Como nasce antes do período necessário para que seu organismo esteja preparado para viver fora do útero, o prematuro é mais vulnerável a doenças, como infecções, mau funcionamento de alguns órgãos e outros problemas.
“Quando ele nasce antes das 37 semanas, ainda não terminou o desenvolvimento. Quanto mais prematuro, mais imaturo os órgãos são. O principal problema para o bebê seria a respiração, devido à doença do surfactante (doença respiratória que afeta os prematuros)”, afirma a pediatra.

O surfactante auxilia na expansão dos pulmões e permite o mecanismo da respiração. Em casos mais graves, o bebê com este quadro pode precisar de ventiladores mecânicos não invasivos ou invasivos para ajudar a atenuar o desconforto.

Há também a possibilidade de administrar o surfactante exógeno, uma substância que mantém os pulmões do bebê inflados.

“Os vasos cerebrais também são imaturos e aumenta o risco de hemorragia nos ventrículos, que leva a sequelas neurológicas do bebê. Os bebês também podem nascer com déficit nutricional”, finaliza Catarina Amorim.

Os recém-nascidos nessas condições também podem apresentar dificuldade em coordenar a alimentação, podem apresentar, de início, dificuldade com a alimentação, dificuldade em defecar, níveis baixos de anticorpos, dificuldade em regular tanto a quantidade de sais e outros eletrólitos como a quantidade de água no organismo, entre outros.

Dados da RMVA


Diário do Aço
Tabela elaborada com base nos dados disponibilizados pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG)Tabela elaborada com base nos dados disponibilizados pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG)

Os dados apurados pelo Diário do Aço mostram que até o 1º semestre de 2024, houve 60 nascidos vivos prematuros em Coronel Fabriciano, de um total de 563, uma taxa de 10,7% de prematuridade. No ano passado, no mesmo período, a taxa foi 8,5%, tendo 60 prematuros de um total de 702 partos.

Em Ipatinga, a taxa também subiu, saindo de 8,9% para 9,5%. No ano passado foram 1.491 nascimentos, sendo 132 prematuros. Neste ano, são 131 prematuros de um universo de 1.374 nascidos vivos.

Em Santana do Paraíso, de 342 partos, 30 foram prematuros nos primeiros seis meses de 2023, uma taxa de 8,8%. No mesmo período deste ano, foram 28 partos prematuros de um total de 324, o que representa 8,6%.

Por fim, Timóteo teve a menor taxa entre as quatro cidades nos últimos dois anos. Em 2024, com 8,4%. Foram 37 nascidos vivos prematuros de 438, enquanto no ano passado, os prematuros foram 28 de 461, o que representa 6,1%.
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