11 de setembro, de 2024 | 11:30

A empatia no Espectro Autista: Um olhar além dos estereótipos

Marcelo Augusto dos Anjos Lima Martins *

Comentários do tipo "é muito difícil, eu diria até impossível implantar empatia em um indivíduo autista", recentemente postado por um leitor, refletem uma visão limitada sobre a complexidade do autismo e as capacidades empáticas das pessoas no espectro. A empatia não é uma habilidade que pode ser simplesmente "implantada" ou "removida". Em vez disso, é uma capacidade multifacetada que pode se manifestar de maneiras diversas, mesmo entre aqueles que possuem desafios na comunicação e na interação social.

A ideia de que "autistas não têm empatia" é uma crença comum, até mesmo entre profissionais de saúde mental. No entanto, experiências de muitos autistas desmentem essa afirmação, revelando que alguns deles percebem as emoções dos outros de maneira intensa, um fenômeno que tem sido chamado de hiperempatia. Portanto, precisamos compreender a complexidade da Empatia e como é vivenciada pela pessoa autista.

A empatia é um conceito multidimensional que envolve a capacidade de compartilhar a experiência emocional de outra pessoa. Ela se divide em duas categorias principais: empatia cognitiva, que envolve a habilidade de entender as emoções dos outros, e empatia emocional, que se refere à resposta afetiva a essas emoções ou a capacidade de compartilhá-las. Ambas as formas de empatia utilizam circuitos neurológicos distintos, mas interconectados.

Estudos, como os de Simon Baron-Cohen (2002), mostram que muitos indivíduos autistas podem ter dificuldades na "Teoria da Mente", que é a habilidade de reconhecer que outras pessoas têm pensamentos e sentimentos diferentes dos seus. No entanto, isso não significa que sejam incapazes de sentir empatia.

Pesquisas recentes indicam que pessoas autistas podem apresentar um perfil atípico de empatia. Elas podem ter menor empatia cognitiva, mas respostas emocionais que variam de diminuídas a aumentadas. A heterogeneidade da condição autista se reflete nas respostas empáticas, influenciadas por fatores como nível de atenção, dificuldades de comunicação e repertório de vivências.

Muitos autistas podem demonstrar empatia de maneiras únicas. Exemplos incluem reações frias em situações de sofrimento, mas também uma profunda tristeza ao assistir a um filme emocional. Um jovem autista pode ser extremamente sensível ao choro de um amigo e tentar confortá-lo, mesmo que não saiba como expressar verbalmente seus sentimentos. Outro exemplo pode ser uma pessoa autista que, ao observar um animal ferido, se mobiliza para ajudar, demonstrando uma forte conexão emocional com o sofrimento do outro.

Entender essas nuances é crucial para que possamos oferecer ferramentas adequadas e promover uma melhor compreensão sobre a empatia em indivíduos autistas. Quanto mais aprendermos sobre essas variações, mais eficazes poderão ser nossas abordagens e interações.
“Precisamos compreender a complexidade da Empatia e como é vivenciada pela pessoa autista”


Como ser Empático com Pessoas Autistas? Para cultivar um ambiente empático em relação a indivíduos autistas, algumas práticas podem ser adotadas:

1. Escuta ativa: Preste atenção nas palavras e nas expressões não verbais. A escuta ativa ajuda a entender as emoções e necessidades do outro.

2. Comunicação clara: Utilize uma linguagem direta e simples. Muitas vezes, metáforas ou expressões idiomáticas podem ser confusas.

3. Valorização das diferentes manifestações de empatia: Reconheça que a empatia pode se manifestar de formas variadas. Um gesto simples, como um sorriso ou uma saudação, um “olá!”, ou “o que posso fazer por você?”, pode ser uma maneira poderosa de apoio.

4. Criação de espaços seguros: Proporcione um ambiente onde a pessoa autista se sinta confortável para expressar suas emoções e pensamentos sem medo de julgamento.

5. Educação e sensibilização: Participe de discussões e se informe sobre autismo, ajudando a desmistificar preconceitos e a fomentar uma cultura de inclusão.

A ideia de que a empatia não pode ser cultivada em indivíduos autistas ignora a complexidade e a diversidade das experiências autistas. Em vez de ver a empatia como uma habilidade fixa, é mais produtivo considerá-la como uma capacidade que pode ser desenvolvida de maneiras diferentes, respeitando as particularidades de cada indivíduo.

Ao adotarmos uma abordagem mais inclusiva e empática, não apenas enriquecemos as relações com pessoas autistas, mas também ampliamos nossa própria compreensão emocional. Afinal, a empatia é uma ponte que nos conecta, independentemente das diferenças que possam existir.

* Mestre em Gestão e Avaliação da Educação Pública - UFJF
Especialista em Psicopedagogia – UCAM, Especialista em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e o Mundo do Trabalho – UFPI, Pedagogo do IFMG Campus Governador Valadares. [email protected]

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Comentários

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Tião Aranha

11 de setembro, 2024 | 21:41

“A carapuça encaixou todinha, não sobrando sequer nenhum espaço. Aprendi desde cedo que ninguém é dono da verdade. Devemos ter sabedoria e paciência pra não querer mudar o que não pode ser mudado. A situação só piora quando alguém insiste em discutir com um autista, pois ele sempre se vê numa situação de confronto. São muito carentes de atenção, realmente. A missão dum autista aqui na terra tem grande e insubstituível primazia, pois, são eles que irão fazer a transição do alinhamento planetário que está ora em ação. São seres super inteligentes; aprendem com maior rapidez - são mais rápidos que uma pessoa dita normal, e a maioria dominam as novas tecnologias. Eu diria que são gênios. Como sempre, incompreendidos. Sempre. Rs.”

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