11 de setembro, de 2024 | 11:00

Aquecimento global: O que as prefeituras podem fazer?

Antonio Nahas Junior *

Nas últimas semanas assistimos às queimadas pelo Brasil afora, associadas a uma seca prolongada e baixa umidade do ar, como o Diário do Aço publicou. Sabemos que estes são os efeitos do Aquecimento Global, ocasionado pela concentração dos gases efeito estufa na atmosfera, o que começou a acontecer ainda no século XIX, devido à queima de combustíveis fósseis.

É uma história longa e complicada, cuja solução envolve países de todo mundo, além da participação das indústrias e da sociedade como um todo.

Mas, mesmo assim, as Prefeituras podem fazer sua parte. Mesmo que sejam medidas de prevenção ou mitigadoras dos impactos ambientais. Não só as Prefeituras, mas toda a sociedade tem que se mobilizar e dar sua contribuição.
Aqui vão algumas sugestões. A primeira delas seria a prevenção aos desastres climáticos. Como estamos vendo, o clima tem se tornado cada dia mais instável, alternando períodos de seca com grandes inundações. Chuvas fortes ocasionarão enchentes, inundações nas margens dos rios e ribeirões, além de deslizamentos nos morros e encostas.

Basta andar pelo Vale do aço para nos depararmos com inúmeros locais onde as chamadas planícies de inundação foram ocupadas por construções irregulares. E as matas ciliares desapareceram. Há também encostas e áreas montanhosas ocupadas, onde o aclive do terreno é forte, o que ocasionará desmoronamentos cedo ou tarde. São construções irregulares, feitas sem aprovação da Prefeitura e, muitas vezes, sem projeto ou participação de um engenheiro.

Prevenir significa criar programa de remoção das famílias destas áreas, antes que o desastre aconteça, pois ele virá. Toda a cidade deve se conscientizar desta nova realidade e acompanhar o processo. Há linha de financiamento para municípios para esta ação.

Podemos também incluir como prevenção ações para a preservação das reservas florestais existentes nos municípios do Vale. Mesmo que pequenas, são valiosas e não seria investimento alto a construção de aceiros; postos de observação; organização de brigadas de incêndio; preservação das nascentes; replantio de mudas nas pequenas áreas remanescentes. Embora não se compare ao que aconteceu em outros estados brasileiros, as queimadas também aconteceram nas áreas rurais de Ipatinga, onde resido. O contato com os proprietários das referidas áreas e a consequente criação de uma política municipal para preservação e recuperação destas áreas é urgente.
“O clima tem se tornado cada dia mais instável, alternando períodos de seca com grandes inundações”


A segunda ação seria sintonizar a administração pública com a transição energética, contribuindo para a redução da emissão de carbono. Neste item podemos incluir o uso da energia solar em prédios e equipamentos públicos; a eletrificação da frota utilizada pela Prefeitura e o incentivo à eletrificação ou ao uso de biocombustível no transporte coletivo. Seria uma iniciativa importante, capaz de gerar outras da mesma natureza junto às empresas e aos cidadãos. As Prefeituras poderiam também estimular a reciclagem e a reutilização dos resíduos por ela coletados. A segregação dos resíduos pelas famílias - separar vidro; plástico; alumínio; resíduos orgânicos - permitiria a reciclagem de maior quantidade deste material. Seu retorno ao ciclo produtivo diminuiria o uso de energia, o que geraria menor consumo de combustíveis fósseis.

Sobretudo a reciclagem de entulho mereceria maior atenção. Atualmente é depositado descuidadamente às margens dos rios e lotes vagos, ou despejado como material inerte nos Aterros sanitários, para ser enterrado ou servir de cobertura ao lixo doméstico.

É um desperdício de um material cuja reciclagem diminuiria custos e a emissão de gases efeito estufa na indústria da construção civil.

Por fim, as Prefeituras poderiam ter o seu Plano Local de Ação Climática, como diversas prefeituras já fizeram. Este Plano seria precedido pelo Inventário de Emissões de Gases Efeito Estufa: quem emite estes gases - indústria; serviços; frota automotiva; residências - e em que quantidade.

A partir deste inventário, seriam traçadas metas, em conformidade com os padrões internacionalmente estabelecidos no Acordo de Paris, do qual o Brasil é signatário, que previu forte redução nas emissões de carbono até 2025.

A sua elaboração deveria ser participativa, incentivando os diferentes setores econômicos a conhecerem suas emissões e, cada um deles, estabelecer seus planos e metas para sua redução. É um Plano para prepararmos nossas cidades para os desafios do futuro.

* Economista, empresário, morador do Pedra Branca, zona rural de Ipatinga.

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