05 de setembro, de 2024 | 10:30

Efeitos climáticos e fumaça de queimada deixa clima “desértico” no Vale do Aço

Inmet alerta para baixa umidade relativa do ar e nova onda de calor na região. População deve tomar medidas para mitigar os efeitos

Matheus Valadares
No último plano da imagem está o Pico do Ana Moura coberto pela cortina de fumaçaNo último plano da imagem está o Pico do Ana Moura coberto pela cortina de fumaça
Por Matheus Valadares - Repórter Diário do Aço
O céu “esfumaçado” tem feito parte da paisagem da Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA) e, praticamente durante toda a semana, os moradores tiveram que conviver com essa situação provocada pela baixa umidade do ar e os efeitos dos focos de incêndio que assolam não somente a região, como todo o estado mineiro.

Logo nas primeiras horas da manhã desta quinta-feira (5), por exemplo, já era possível ver a fumaça cobrindo o céu dos municípios, deixando-o muito mais cinza que o comum. Em alguns momentos, o efeito criava uma “cortina” que “escondia” parcialmente alguns pontos no horizonte, como por exemplo, o Pico do Ana Moura, em Timóteo, que é completamente visível de alguns bairros de Coronel Fabriciano e de Ipatinga.

Um novo comunicado do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), emitido na manhã de quinta e válido para todos os municípios do Vale do Aço, alerta para o risco potencial de queda da umidade relativa do ar, que pode variar entre 20% e 12%. Para efeitos de comparação, no deserto do Saara, no Norte da África, a umidade registrada é de cerca de 14% a 20%. Conforme o Inmet, há riscos de incêndios florestais e à saúde, além de ressecamento da pele, desconforto nos olhos, boca e nariz.
Matheus Valadares
Clima seco deve incomodar moradores do Vale do Aço durante a semanaClima seco deve incomodar moradores do Vale do Aço durante a semana


Como se não bastasse, uma nova onda de calor, que também afeta a região, tende a fazer com que a temperatura fique 5ºC acima da média.

Diante de todas essas circunstâncias, o Inmet orienta as pessoas a ingerir bastante líquido, evitar exposição ao sol nas horas mais quentes do dia e usar hidratante para pele, além de umidificar o ambiente. Atividades físicas não são recomendadas. Mais informações podem ser adquiridas junto à Defesa Civil (telefone 199) e ao Corpo de Bombeiros (telefone 193).

Qualidade do ar
De acordo com a plataforma IQair, que estipula o índice de Qualidade do Ar (AQI), classifica como 107 o AQI (quanto maior a pontuação, pior a qualidade), o que torna “insalubre para grupos sensíveis”.

A concentração de PM2.5 – principal poluente conforme o IQair – em Ipatinga, durante períodos na parte da tarde desta quinta-feira, por exemplo, chegou a ficar 8,1 vezes maior que o valor anual recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para a qualidade do ar. O PM2.5 (material particulado fino) compõe a fumaça de queimadas junto a outros gases tóxicos, como monóxido de carbono (CO).

Todos esses componentes são altamente prejudiciais à saúde humana, e podem agravar doenças respiratórias, como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).

Marcos de Abreu, pneumologista da Fundação São Francisco Xavier (FSFX)/Hospital Márcio Cunha e professor da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Ipatinga, explicou em material veiculado pelo Diário do Aço durante esta semana os efeitos da inalação de fumaça.

“A fumaça de incêndio é composta por gases tóxicos, monóxido e dióxido de carbono. Nesse contexto, existe uma queda do oxigênio, esses gases se ligam à molécula de hemoglobina, dificultando o transporte da molécula de oxigênio para todos os órgãos e sistemas. Além disso, existe um dano direto a todo o sistema respiratório e danos indiretos decorrentes da baixa oxigenação de todos os órgãos e sistemas, como por exemplo alterações cerebrais como sonolência, desmaios, que são decorrentes desse processo”, esclareceu.

Doenças crônicas
Para pacientes com doenças respiratórias, os riscos de inalar fumaça de incêndio são ainda maiores. “Pessoas que são portadoras de doenças respiratórias crônicas, como asma, fibrose pulmonar, fibrose cística, têm um limiar mais baixo, mediante exposições e agressões das vias aéreas por fumaça ou qualquer agente externo. Esses pacientes têm que tomar um cuidado maior, tem que se proteger, evitar essas exposições de fumaça, tomar mais água, manter-se hidratado e, mediante qualquer sintoma relacionado a exacerbação dessa doença, procurar o seu médico, principalmente o pneumologista que acompanha esses pacientes”, detalhou Marcos de Abreu.

Queimadas
Conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do primeiro dia do ano até ontem, Minas Gerais havia registrado 6.510 focos de queimadas. Somente no mês de agosto, o Inpe aponta 2.488 focos, o que representa um aumento de 141,79%, comparado ao mesmo período do ano passado, quando houve 1.029 registros em agosto.

Matheus Valadares
Céu Céu "esfumaçado" virou parte da paisagem na região
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Comentários

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Jane

05 de setembro, 2024 | 18:38

“Nossa região caminha para uma desertificação gradual, lenta diante da apatia das autoridades políticos eleitos,, candidatos a algum cargo público. Não escuto nenhum candidato se manifestar em relação a esse caos de incêndios criminosos que estão assolando o país. Ou estão coniventes ou estão se acovardando. Existem cálculos que somente na região do Cerrado devem ter morrido mais ou menos 17 milhões de animais importantes para nossa fauna. Nós já estamos enfrentando secas resultantes da queimada massiva que ocorreu nos anos de 2018 e 2019. Me causa espanto que não haja investigação sobre esses incêndios. Alguns acontecem todos os anos nos mesmos lugares então como é uma coisa já repetitiva seria fácil para as autoridades flagrar os culpados se tivesse vontade interesse em resolver a questão.
Talvez se adotasse uma legislação parecida com a da Espanha onde terra que é queimada tem que ficar 50 anos sem ser vendida ou utilizada para mineração construção ou plantio. Conseguiríamos reduzir a quantidade de incêndios como eles conseguiram reduzir.
Por trás de todo esse dano ambiental que mata milhões de animais, causa doenças e dificulta a vida de muita gente tem interesses financeiros. Suspeito de mineradoras, criadores de gado, e empresas de empreendimento de construção. Todo ano temos queimada mas a proporção esse ano está repetindo o que ocorreu também no período da pandemia.
E as pessoas parecem que se acostumaram e até os membros do Judiciário não tem energia ou não querem combater esse problema.

Às vezes eu penso que as pessoas acreditam que elas poderão fugir magicamente para algum lugar paradisíaco fora do Brasil. Talvez por isso tratem esse país tão mal, como se animais rios e plantas tivessem culpa dos nossos problemas.

Talvez devessemos mudar o nome desse país de Brasil para Pindorama. Brasil lembra Brasa, fogo.

Parece que o brasileiro quer repetir todos os erros de outros países, mesmo sabendo das consequências que são desertificação, maior dificuldade para obter água, maior dificuldade para manter a agricultura, maior dificuldade para criar gado, maior dificuldade até mesmo de ter sanidade mental porque um ambiente desequilibrado favorece ao sofrimento mental e espiritual das pessoas.

Muito Me admiro as pessoas reclamarem por exemplo de falta d'água e não ligarem Esta falta de água a destruição de nascentes, poluição dos rios assoreamento dos rios destruição das florestas, bosques e matas que atraem chuvas pela transpiração da vegetação que troca umidade.

Em Ipatinga chega a ser escandalosa a situação do Ribeirão Ipanema em termos de maus tratos.

Quem viaja muito e tem um olhar observador já observou que a maioria dos rios está muito baixa e a cada ano o nível das águas fica menor ainda.

Os Rios de Minas Gerais São particularmente agredidos com despejo de esgoto Sem tratamento, poluição Industrial, a falta de educação da população que acha que pode jogar dejetos, restos de construções e outros lixos em seus cursos de água.

Depois reclamam de calor, tempo seco, doenças variadas, causadas por falta de ar puro, perda de beleza na paisagem. Mas não ligam isso a falta de cuidado que temos com a natureza

Acho que para o tanto que as pessoas maltratam o meio ambiente nós temos até água demais.

Depois desse período seco se a chuva vier muito forte essas terras queimadas que se tornam parcialmente impermeabilizadas ou seja, não absorvem água com a rapidez de vida vão causar deslizamento de terras, enchentes, morte de algumas pessoas. Aquela tragédia anunciada evitável mas que pessoas comuns e autoridades não fazem nada para evitar.

Na nossa região só fiquei sabendo até agora de uma associação de pessoas que fazem plantio ede árvores em áreas degradadas. Se não for informados maiores grupos e novos grupos de heróis nesta missão brevemente estaremos vivendo numa região urbana porém com clima de deserto. Em um lugar não precisa ficar com a cara de deserto do Saara para ser considerado árido.

Brevemente estaremos passando por racionamentos assumidos de água isso quando não estivermos vivendo na mais profunda e cruel escassez absoluta. Quem estuda história sabe que cidades e civilizações deixaram de existir ou por escassez de água ou por doenças e pestes e a consequente degradação socioeconômica que vem junto com essas coisas.”

Viewer

05 de setembro, 2024 | 14:39

“Detalhe que a maior parte das queimadas na região são criminosas !”

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