29 de agosto, de 2024 | 11:00

Reciclagem de resíduos na Usiminas

Antônio Nahas Junior *

Recentemente, o Governo Federal publicou Decreto instituindo a Estratégia Nacional de Economia Circular. Como o próprio nome já indica, a economia circular significa fazer com que os resíduos e rejeitos do processo produtivo ou de consumo dos bens, sejam reduzidos ao mínimo, por meio de sua reutilização ou da sua reciclagem.

Reutilização, diga-se de passagem, se dá quando os resíduos passam a ter outra destinação, sem que passem por nenhum beneficiamento industrial. Já a reciclagem é quando os rejeitos são transformados em outros bens, sendo reaproveitados.

Assim podemos falar em reutilização de latinhas de cerveja quando estas são cortadas ao meio e transformadas em cinzeiro. Já quando as latinhas voltam para as fábricas para reaproveitamento do alumínio, é reciclagem.

A intensificação da economia circular tem muitas vantagens: diminui os resíduos a serem depositados em aterros sanitários ou à beira de córregos; diminui o consumo e, consequentemente, a extração de matérias primas; reduz o consumo de energia e, em muitos casos, de combustíveis fósseis e acaba contribuindo para a regeneração do meio ambiente.

Sua implementação, no entanto, não será fácil pois envolve uma mudança de cultura tanto das empresas como de todos nós. Segundo o decreto, os objetivos desta Política de Economia Circular serão: "criar ambiente normativo e institucional favorável à economia circular, estabelecimento de metas, padrões e indicadores quantificáveis para monitorar a circularidade; fomentar a inovação, a cultura, a educação e a geração de competências para reduzir, reutilizar e promover o redesenho circular da produção; reduzir a utilização de recursos e a geração de resíduos, de modo a preservar o valor dos materiais."

E mais à frente, dando materialidade à proposta: "propor instrumentos financeiros de auxílio à economia circular, por meio de financiamento; estímulo a compras públicas de bens e serviços circulares e tratamento tributário adequado para reduzir a poluição e os resíduos. " E também por meio do incentivo ao " desenvolvimento econômico regional, por meio de cadeias produtivas de reciclagem e negócios circulares."
“Economia circular significa fazer com que os resíduos e rejeitos do processo produtivo ou de consumo dos bens, sejam reduzidos ao mínimo”


Aqui no Vale temos um bom exemplo da prática desta política, através da Usiminas. A empresa pratica a reciclagem dos seus resíduos industriais quando utiliza a escória de aciaria no Programa Usiminas Mobiliza pelos Caminhos do Vale, lastro ferroviário e produção de artefatos de concreto. A empresa informa que, após um processo de beneficiamento, a escória é transformada em agregado siderúrgico, sendo que já foram pavimentados mais de 5.500 quilômetros.

Outro exemplo desta prática acontece quando a escória de Alto forno é utilizada pela indústria de cimento. Informa a empresa que, desde o início de suas operações, a Usiminas tem destinado a escória de Alto-forno à indústria cimenteira, com uma média anual de 990 mil toneladas comercializadas nos últimos cinco anos.

Desta forma, resíduos industriais que seriam deixados em pilhas ao relento passam a voltar como matéria prima ao processo produtivo, contribuindo para a diminuição da extração de calcário.

Pelos dados que nos foram fornecidos pela empresa, pudemos inferir também que há redução na liberação de CO2 na produção de cimento. A não utilização de calcário, cuja transformação exige grande queima de combustíveis fósseis, explicaria esta redução.

Tais iniciativas colocam a Usiminas em linha com as grandes diretrizes econômicas e ambientais do atual Governo. Podem também abrir novos negócios para a própria empresa, além de impulsionar a economia regional. Há linhas de financiamento a fundo perdido para pesquisa em reciclagem e reaproveitamento de resíduos aguardando projetos, na Finep.

A sua prática - e promoção adequada junto a agentes políticos - podem facilitar o diálogo com o Governo e contribuir para a negociação de normas para a Transição Energética Justa, onde todos saiam ganhando.

* Economista, empresário, diretor-presidente da NMC Integrativa

Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço


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Comentários

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Heleno Maciel

29 de agosto, 2024 | 16:13

“Gostei muita do artigo. Muito pertinente.”

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