11 de agosto, de 2024 | 08:30

Ausência do pai traz efeitos na formação emocional da criança

Arquivo pessoal
A psicóloga Blenda Pereira da Silva explica o que deve ser feito nestes casosA psicóloga Blenda Pereira da Silva explica o que deve ser feito nestes casos

O Dia dos Pais, comemorado neste segundo domingo de agosto, é mais uma daquelas datas tradicionais com almoço em família, compra de presentes e homenagens na escola. No entanto, para os filhos sem pai, esta é uma época marcada pela lembrança da perda ou do abandono. Segundo dados do Portal da Transparência do Registro Civil, mantido pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen), em 2022, foram registrados 307 casos de crianças sem pai na Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA). Em 2024, esse número subiu para 347.

A inscrição "pai não declarado" fica impressa no documento, representando uma lacuna que pode ser carregada por toda a vida. Essa realidade, cada vez mais comum, vai além das estatísticas, podendo trazer prejuízos para o desenvolvimento emocional das crianças. A psicóloga que atua em Ipatinga, Blenda Pereira da Silva, explica que a figura paterna desempenha o papel de autoridade e disciplina, auxiliando na construção do caráter no ambiente familiar.

"Quando essa função está ausente, enfrentamos grandes desafios, como crianças e adolescentes que não sabem lidar com regras e disciplina. Eles tendem a desenvolver sentimentos de insegurança e também a manifestar graves transtornos de ansiedade, uma vez que a construção psicoafetiva apresenta deficiências. É evidente que a ausência paterna tem potencial para gerar conflitos no desenvolvimento psicológico da criança", ressalta.

Estar presente na vida dos filhos, porém, não é o suficiente; a qualidade da convivência com o pai também pode gerar efeitos positivos ou negativos na formação educacional da criança. "A influência da ausência paterna no desenvolvimento cognitivo e nos distúrbios comportamentais pode gerar sentimentos de abandono, baixo desempenho escolar, transtornos de ansiedade, baixa autoestima, insegurança, comportamentos agressivos e dificuldade em seguir regras. Estudos indicam que esses fatores podem levar ao desenvolvimento de vícios e ao envolvimento com a criminalidade na juventude", detalha a psicóloga.

Segurança
Até mesmo para as mães, a figura paterna tem sua importância, reforçando a segurança e a divisão das atividades e responsabilidades na criação dos filhos. "A importância do pai é indiscutível, até no senso comum. Se pensarmos que uma mãe precisa sentir-se segura o suficiente para cuidar dos filhos de maneira bem-sucedida, a ausência paterna pode gerar na mulher sentimentos de fracasso, culpa, depressão e angústia por não ter conseguido proporcionar ao filho a família idealizada pela sociedade", avalia.

Terapia
Nos casos de perda ou abandono, é recomendado iniciar o tratamento psicológico para trabalhar as questões emocionais causadas pela ausência paterna e proteger a criança das crenças negativas que a sociedade pode projetar nela. Ainda segundo a psicóloga, é importante que a criança tenha consciência da sua situação real e saiba, de forma franca, quais são os problemas causados pela ausência paterna, evitando uma frustração maior no futuro ou a possibilidade de ela assumir uma culpa que não lhe pertence. "Devemos ter certo cuidado ao conversar sobre essa ausência, mas sem esconder a verdade. É claro que existem determinadas situações que devem ser abordadas de acordo com o crescimento da criança, de forma cautelosa, afinal, seu entendimento sobre os fatos não é o mesmo que o de um adulto", aconselha Blenda Pereira.

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Comentários

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Sabonete

12 de agosto, 2024 | 12:13

“Concordo plenamente com Tião Aranha...!...Essa safra de serem humanos já estão vindo com defeito de fábrica.”

Gildázio Garcia Vitor

11 de agosto, 2024 | 10:26

“Como estou Professor na rede pública há mais de 41 anos, vivencio em meus dia a dias nas Escolas este drama, principalmente com os aluninhos do sexto ano e alguns do sétimo.”

Tião Aranha

11 de agosto, 2024 | 08:49

“Como os valores mudaram, qualquer pretexto é motivo da indisciplina. Todavia, a maior carga da educação dos filhos coube a mãe, mas agora com a desculpa que tem de trabalhar fora, sobra pra escola; quando não, sobra finalmente para a polícia. Rs.”

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