09 de agosto, de 2024 | 11:00

Não há cabelo que resista ao estresse

Melina Oliveira *

O estresse é um problema psicológico bastante conhecido em todo o mundo, mas particularmente dos brasileiros. Por aqui, nada menos que 67% dos trabalhadores têm vivências negativas de estresse no ambiente de trabalho, como indica o relatório People at Work 2023, do ADP Research Institute. E por sermos uma nação de “estressados”, sabemos que seus efeitos vão para muito além dos efeitos psicológicos.

Quem sofre de estresse também costuma enfrentar insônia, tontura, pesadelos, batimentos cardíacos acelerados, falta ou excesso de apetite, diarreia, cansaço excessivo, tiques e até perda de cabelo. Este último é um problema extra para quem já enfrenta os dissabores de uma alopecia. E antes de se desesperar ainda mais, tornando a crise maior, é importante entender como o estresse impacta na perda de cabelo para iniciar qualquer tratamento.

Isto porque não existe uma única forma de queda de cabelo decorrente de estresse. O impacto emocional pode agravar o problema por três maneiras distintas: a queda de cabelo temporária, ou seja, enquanto a crise de estresse persiste (neste caso, chamada de eflúvio telógeno); a queda causada por uma fragilização do sistema imunológico (alopecia areata) ou ainda pela vontade de arrancar os cabelos (classificada como tricotilomania).

Mas por que há um impacto do estresse justamente nas madeixas? Isso tende a acontecer devido a uma reação natural do organismo. Quando está sob tensão, há uma forte liberação de hormônios como cortisol e adrenalina, que afetam diretamente no processo de crescimento dos fios. Nessas condições, os folículos capilares podem entrar mais rapidamente na fase de telógena, ou seja, na etapa de queda do fio. Esse “defeito” nas etapas de crescimento também torna os fios mais finos e enfraquecidos, exigindo um tratamento mais incisivo.
“O mais importante a se saber é que a alopecia induzida pelo estresse é tratável, desde que o próprio estado de tensão diminua”


O primeiro passo é tratar a origem do problema – no caso, o estresse. Isso pode ser feito com diversos tipos de terapias, como atividades físicas regulares, meditação e até o uso de medicamentos, desde que sob recomendação médica. Quanto aos cabelos, a orientação é promover nutrição e cuidado adequados, a partir de complexos vitamínicos, alimentação balanceada e suspensão de produtos químicos mais agressivos, que possam piorar o problema.

As clínicas especializadas em tratamentos capilares têm o mérito de oferecer não apenas o diagnóstico preciso dos impactos capilares provocados pelas consequências do estresse como também de recomendar as melhores formas de revigorar os folículos capilares. Para quem já tem problemas de alopecia, é importante evitar o uso de produtos que prometem conter a queda, pois nem todos oferecem a eficácia que prometem, e ainda podem agravar o problema.

O mais importante a se saber é que a alopecia induzida pelo estresse é tratável, desde que o próprio estado de tensão diminua. Busque conhecer a origem deste problema e cuidar paralelamente do emocional. Tenha ciência de que a recuperação não passa somente pela saúde dos fios naquele instante, mas que esse tipo de problema demanda um cuidado holístico, ou seja, trabalhado em diversas frentes. Uma orientação profissional, nessas horas, sempre será o melhor remédio.

* Médica e especialista em cirurgia de transplante capilar

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