07 de agosto, de 2024 | 11:00

A mobilidade urbana em Ipatinga precisa de um plano

Antonio Nahas Junior *

A exigência legal para que Ipatinga tenha Plano de Mobilidade Urbana vence no ano que vem, em abril, de acordo com a Lei Federal 14.783. Ainda bem pois ele está fazendo muita falta à cidade. O Plano de Mobilidade analisa vários aspectos: pedestres; ciclistas; motociclistas; transporte coletivo, caminhões e o tráfego de automóveis.

As retenções no trânsito já são uma rotina para quem precisa se deslocar com rapidez. Afinal, a frota de veículos da cidade cresceu muito. Hoje ela alcança mais de 144 mil veículos. Todo o transporte coletivo é feito por ônibus, cuja frota alcança 92 veículos. Como a cidade é cortada por rodovias e não temos Plano de Mobilidade que leve em conta ciclistas; pedestres; motociclistas, os acidentes de trânsito se repetem e o número de mortes no trânsito é assustador.

Segundo o Observatório de Segurança Pública de Minas Gerais, ocorreram até junho deste ano 17 acidentes fatais, quase três por mês. E mais: foram registrados 2.159 acidentes no período considerado. Detalhes podem ser conferidos no gráfico, mais abaixo.

A maioria dos acidentes acontece na BR-381 ou na BR-458, e nas principais avenidas: Selim José de Sales; Minas Gerais; Brasil e Gerasa.

Estes números são absurdos e inadmissíveis. São a parte mais visível da necessidade de Planejamento do Trânsito na cidade.

Estudos realizados pela pesquisadora Marcela Peixoto Santos (mestre pela Universidade de Viçosa em Arquitetura e Urbanismo), demonstram que a malha viária de Ipatinga é pouco articulada. As grandes avenidas não se comunicam, o que leva à fragmentação interpartes. A pesquisadora revela ainda a falta de eixos estruturantes com caráter global, que articulem centro e periferia "Fato que favorece o incentivo ainda maior dos meios de transporte motorizados, como vem ocorrendo com o passar dos anos".
“Sem um Plano de Mobilidade não sabemos onde investir para melhorar nossa cidade”


Está passando a hora disso mudar. Precisamos de um Plano de mobilidade que tenha como prioridade a melhoria e segurança do transporte motorizado ou não: pedestres; ciclistas; usuários do transporte coletivo e motociclistas, os maiores envolvidos em acidentes de trânsito.

Seria importante também a análise dos principais pontos de acidente; suas causas e das medidas cabíveis para evita-los: sinalização; melhoria das vias; passagens de nível; existência de pontos geradores de aglomerações (escolas, pontos de ônibus). Tudo isso complementado com análise para melhoria do conforto e rapidez do transporte coletivo, pois é desta forma que a maioria das pessoas se desloca. E quanto melhor for, menor será a utilização do transporte individual. Pontualidade; segurança; conforto; rapidez; acessibilidade e integração fazem a diferença.

As pesquisas com os usuários vão mostrar para onde as pessoas estão se deslocando, seja para trabalhar ou estudar. A partir da pesquisa chamada de Origem/Destino, deverão ser definidas os principais trajetos do transporte coletivo, bem como alternativas de integração entre as diversas linhas.

A cidade é dinâmica e a instalação de escolas; universidades; hospitais ou condomínios residenciais altera o fluxo de trânsito. Daí a necessidade da constante de revisão do planejamento de trânsito.

Hoje existem mais 50 linhas de transporte coletivo, fora aquelas metropolitanas, dimensão também a ser considerada no planejamento do trânsito.

A organização de rede de ciclovias também deveria ser considerada, pois andar de bicicleta fugindo dos carros ou apenas contando com a boa vontade dos motoristas é muito arriscado.

Enfim, sem Plano de Mobilidade não sabemos onde investir para melhorar nossa cidade: quais obras a fazer; quais recursos a captar. E linhas de financiamento existem. Vide o PAC 3. Bastar haver projetos e decisão para prosseguir.

* Economista, empresário e gestor de políticas públicas.



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Comentários

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Afonso Moreira Gomes

08 de agosto, 2024 | 21:21

“Tá qse impossível pilotar e dirigir em Ipatinga tá osso,to ficando com medo de sair a rua .”

Zezé

08 de agosto, 2024 | 20:27

“Transitar por Ipatinga é coisa de louco, coisa pra enlouquecer a todos.”

Eleitor Indignado

08 de agosto, 2024 | 20:18

“Diante de tantos desafios é fácil perceber a omissão dos políticos. Qualquer um percebe que o entroncamento de acesso ao bairro ferroviários necessita de um viaduto. É no mínimo sensato colocar radares na BR, chega de mortes!”

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