06 de agosto, de 2024 | 11:00

A falsa inclusão e seus efeitos injustos na sociedade

André Naves *

A inclusão é uma das pedras angulares de uma sociedade justa e equitativa. Ela visa a valorização da individualidade de cada pessoa, reconhecendo tanto suas forças quanto suas limitações. Contudo, quando a inclusão é mal interpretada ou utilizada de forma inadequada, ela pode resultar em injustiças e exclusão.

A verdadeira inclusão entende que tratar igualmente os desiguais não é apenas ineficaz, mas também injusto. As diferenças individuais exigem abordagens específicas para garantir que todos tenham as mesmas oportunidades de participação e sucesso. Por exemplo, no contexto esportivo, colocar atletas de pesos diferentes para competir na mesma categoria seria uma distorção do princípio de equidade, criando uma vantagem injusta para uns e uma desvantagem insuperável para outros. Essa falsa inclusão não apenas prejudica os indivíduos diretamente envolvidos, mas também deslegitima os esforços genuínos de inclusão ao associá-los a injustiças evidentes.

Além disso, a falsa inclusão é frequentemente manipulada por interesses obscuros e ideologias que buscam perpetuar as estruturas sociais excludentes. Quando a inclusão é instrumentalizada para atender a agendas políticas ou econômicas, ela perde seu propósito de promover justiça e igualdade. Em vez disso, gera ressentimento e oposição generalizada, prejudicando a causa inclusiva como um todo. A verdadeira inclusão, por outro lado, reconhece as diferenças e ajusta o tratamento dado a cada indivíduo de acordo com suas necessidades e capacidades específicas, promovendo um ambiente de participação equitativa.
“A verdadeira inclusão entende que tratar igualmente os desiguais não é apenas ineficaz, mas também injusto”


Para combater a falsa inclusão, é necessário um olhar crítico e atento às práticas inclusivas. É fundamental discernir entre ações inclusivas genuínas e aquelas que, sob o pretexto de inclusão, apenas perpetuam desigualdades e injustiças. A inclusão autêntica exige um compromisso com a alteridade, ou seja, a empatia e o respeito pelas particularidades de cada indivíduo, ajustando as condições de participação de forma a garantir que todos possam contribuir e beneficiar-se igualmente.

Um exemplo claro de inclusão bem-sucedida pode ser encontrado em sistemas educacionais que adaptam métodos de ensino às necessidades de cada aluno, reconhecendo suas habilidades e dificuldades. Essa abordagem personalizada não apenas melhora os resultados individuais, mas também enriquece o ambiente educacional como um todo, promovendo o desenvolvimento coletivo.

Em suma, a verdadeira inclusão é aquela que, respeitando as desigualdades individuais, ajusta o tratamento de forma a promover a equidade e a justiça. A falsa inclusão, por sua vez, ao desconsiderar as especificidades de cada indivíduo, acaba por reforçar as exclusões e perpetuar as injustiças. É imperativo, portanto, que a sociedade esteja vigilante e comprometida com práticas inclusivas autênticas, que promovam a igualdade de oportunidades e a justiça social para todos.

* Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos, Inclusão Social e Economia Política. Escritor, professor, ganhador do Prêmio Best Seller pelo livro "Caminho - a Beleza é Enxergar", da Editora UICLAP (@andrenaves.def).

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Tião Aranha

06 de agosto, 2024 | 20:08

“Os problemas sociais do Brasil são de origem cultural. O brasileiro é o único no mundo que consegue ser ao mesmo tempo religioso e oprimido. A criança já traz para a fase adulta toda repressão vivida na sua fase infantil. Trazer a tona essa sombra do véu de dúvidas é pura perda de tempo. Pois ninguém consegue mudar ninguém. Rs.”

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